
Em 8 e 9 de abril, a reportagem esteve l� para ouvir moradores. Entre as expectativas estavam o desafogo do sistema de sa�de, a retomada da economia, a volta da vida social e dos estudos - al�m da esperan�a em dormir mais tranquilo.
Ao todo, s�o 27.160 mil moradores imunizados - o equivalente a 95,7% da popula��o-alvo na cidade, de 45.644 mil habitantes. "Essa ades�o mostra a vontade de viver da nossa popula��o", diz Leila Gusm�o, vice-prefeita e secret�ria de Sa�de.
O Projeto S, uma refer�ncia ao v�rus Sars-CoV-2 e � cidade, come�ou em meio a uma crise. "Em 2020 (ap�s um surto de covid que atingiu idosos e funcion�rios de um asilo), fizemos um inqu�rito epidemiol�gico para avaliar a transmiss�o do coronav�rus, al�m do Censo da Sa�de para mape�-la", diz ela. Foi quando come�ou a parceria com o Instituto Butantan.
Com as informa��es, concluiu-se que 8,75% da popula��o tinha tido contato com o v�rus e 5% estava com o v�rus ativo, infectando outras pessoas. "Essa foi uma das taxas mais altas entre todas as cidades do Estado que fizeram o inqu�rito", diz Marcos de Carvalho Borges, investigador principal do Projeto S.
Ao se pensar o projeto, outros atrativos locais foram o fato de a cidade ser pequena, ter hospital estadual e funcionar como dormit�rio para aproximadamente 20 mil pessoas que trabalham em Ribeir�o Preto. O grande fluxo intermunicipal foi visto como fator para medir a efetividade da vacina��o.
Entre os j� vacinados, h� uma mescla de gratid�o e al�vio. "A sensa��o � muito boa, at� porque nossa cidade foi privilegiada. A pandemia afetou um pouco os meus estudos e trabalho. N�o s� os meus, mas os de outras pessoas da minha fam�lia tamb�m", afirma o estudante Gabriel Talavera, de 21 anos.
Sem falar nos que se sentem satisfeitos s� pelo fato de colaborarem com um poss�vel avan�o cient�fico. Nos meses de outubro e novembro, carros contratados pela prefeitura anunciaram o Projeto S de casa em casa e identificaram os moradores que topariam aderir ao estudo como volunt�rios, caso houvesse a fabrica��o de vacina.
"Decidi participar voluntariamente desse projeto do Butantan porque os pesquisadores ainda est�o estudando o coronav�rus", ressalta o advogado Diego Braga, de 28 anos. "Fui vacinado contra a covid-19 na escola onde estudei. Tem coisas que ainda n�o sabemos muito bem, como os efeitos e as sequelas. Foi por livre e espont�nea vontade, porque eu acredito na ci�ncia, nos fatos e no SUS (Sistema �nico de Sa�de )."
Dia a dia
A rotina, por�m, ainda est� longe do normal. "Antes do coronav�rus, est�vamos sempre aqui na pra�a central, todo dia. Por causa da pandemia, estamos ficando um pouco mais em casa. �s vezes, passo dois ou tr�s dias sem vir. Temos medo do v�rus, porque vimos o que ele andou aprontando por a�", afirma Aparecido Donizzete Pedro, de 62 anos, um daqueles definidos no Estado para o grupo priorit�rio de vacina��o.
H� ainda uma rotina igual a de outras cidades sem imuniza��o: o respeito aos protocolos e �s m�scaras. "Quando todos estiverem imunizados, quero tirar essa m�scara. Mas acho que ainda vai demorar um tempo, porque n�o adianta eu estar imunizado e acabar transmitindo para outra pessoa que ainda n�o se vacinou contra a covid-19", diz o mec�nico pneum�tico Guilherme Costa, de 33 anos, cujo servi�o caiu bastante na pandemia. "O que custa participarmos? Conseguimos tomar a vacina de gra�a. Acho que n�o vai fazer mal, s� nos ajudar."
Com a paralisa��o da economia, muitos precisaram de ajuda para se manter. "Eu trabalho em um carrinho de pipoca no Novo Shopping, em Ribeir�o Preto. Est� fechado, sem ningu�m trabalhando. Estou parada, mas os patr�es est�o pagando uma parte para n�s", relatou a atendente Arlete Neres Nogueira, de 36 anos.
E os patr�es tamb�m sentiram a situa��o. "Com exce��o de supermercados, farm�cias e postos de gasolina, o com�rcio todo sofreu muito. Fizemos de tudo para segurar funcion�rios", diz o comerciante Jos� Ant�nio Issa, de 59 anos. "Para ajudar nos custos, participamos do programa do governo de suspens�o de contratos. Compr�vamos o que era necess�rio, mas foi dif�cil."
Resultados
Conclu�da a vacina��o, os pesquisadores avaliam agora seu impacto na redu��o de casos graves, na mortalidade, nas interna��es e na transmiss�o do v�rus em Serrana. Segundo Marcos de Carvalho Borges, investigador principal do estudo, da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da Universidade de S�o Paulo (USP), resultados preliminares come�ar�o a ser divulgados no meio deste m�s pelo Instituto Butantan.
Mas eles j� come�am a ser notados pelos moradores. "Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), atendemos todos os casos de s�ndrome gripal com diagn�stico ou suspeita de covid-19. A �nica mudan�a � na procura: j� podemos observar queda na quantidade de pessoas que procuram a UPA. Os casos graves tamb�m ca�ram consideravelmente. N�o tivemos nenhum paciente intubado nas �ltimas semanas", diz o m�dico Angel Dario Ariza.