Mour�o sobre mortos por policiais no Rio: "Tudo bandido"

O vice-presidente da Rep�blica, general Hamilton Mour�o, classificou nesta sexta-feira, 7, como "bandidos" os mortos na favela do Jacarezinho na opera��o policial mais letal da hist�ria do Rio de Janeiro.

"Tudo bandido! Entra um policial numa opera��o normal e leva um tiro na cabe�a de cima de uma laje. Lamentavelmente, essas quadrilhas do narcotr�fico s�o verdadeiras narcoguerrilhas, t�m controle sobre determinadas �reas e � um problema da cidade do Rio de Janeiro", declarou o militar ao chegar para despachar no Pal�cio do Planalto. "� um problema s�rio da cidade do Rio de Janeiro, que vamos ter que resolver um dia ou outro", completou o vice-presidente.

Um dia depois da opera��o policial que matou 25 pessoas na favela do Jacarezinho, um grupo com cerca de 50 pessoas realizou uma manifesta��o em frente � Cidade da Pol�cia, que re�ne delegacias especializadas da Pol�cia Civil, nesta sexta. A opera��o de quinta-feira foi realizada por 250 agentes da corpora��o.

A Opera��o Exceptis ocorreu a partir das 6 horas de quinta-feira, 6, pela Delegacia da Crian�a e do Adolescente V�tima (DCAV), em conjunto com outras delegacias da Pol�cia Civil do Rio, com o objetivo de prender 21 acusados de aliciar crian�as e adolescentes para o tr�fico de drogas na comunidade.

Depois da a��o que resultou em 25 mortes, o Minist�rio P�blico informou que adotou medidas para verificar os fatos, "de modo a permitir a abertura de investiga��o independente para apura��o dos fatos, com a ado��o das medidas de responsabiliza��o aplic�veis". Por decis�o do Supremo Tribunal Federal, opera��es policiais no Rio est�o restritas durante a pandemia.

O caso teve repercuss�o internacional. O escrit�rio de Direitos Humanos da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) pediu uma investiga��o independente. A opera��o realizada na quinta-feira, na qual helic�pteros foram usados, ocorreu em uma longa hist�ria de "desproporcional e desnecess�rio" uso da for�a pela pol�cia, disse o porta-voz da ONU para Direitos Humanos Rupert Colville em uma entrevista da organiza��o em Genebra.

Um dos mais importantes institutos de estudos da viol�ncia, o Igarap�, tamb�m criticou a opera��o. Afirmou em nota que � inaceit�vel o Estado continuar apostando na letalidade como principal estrat�gia de seguran�a, sobretudo em lugares mais pobres.

"Privilegiar o confronto indiscriminado coloca nossa sociedade e nossos agentes p�blicos em perigo. De acordo com dados do Instituto de Seguran�a P�blica (ISP), a pol�cia do Rio foi respons�vel pela morte de 453 pessoas entre janeiro e mar�o deste ano. O n�mero j� representava 36% do total registrado em 2020, quando foram registradas 1.245 v�timas", diz o texto.

J� a Comiss�o Arns manifestou "seu mais veemente rep�dio" � opera��o realizada pela Pol�cia Civil do Rio na favela do Jacarezinho. "� inaceit�vel que esta chacina aconte�a em meio � pandemia", diz o texto.