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Estado de Minas GERAL

Improvisadas para doentes graves, UPAs t�m 22 mil mortes por covid-19


11/05/2021 08:00

Mais de 22 mil pessoas morreram de covid-19 em unidades de pronto atendimento (UPAs) do Pa�s desde o in�cio da pandemia, ap�s ficarem internadas por mais tempo do que o recomendado por n�o conseguirem leitos em hospitais. Cerca de 10% das v�timas tinham menos de 60 anos e nenhum fator de risco associado. O levantamento, feito pelo Estad�o com base nos dados do sistema de interna��es Sivep-Gripe, do Minist�rio da Sa�de, leva em considera��o pacientes que ficaram internados por dois dias ou mais nessas unidades, pr�tica vedada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Embora tenham estrutura para dar o primeiro atendimento e estabilizar pacientes graves, as UPAs n�o devem manter o doente por mais de 24 horas, conforme a Resolu��o 2.079 do CFM, de 2014. Depois desse per�odo, se necess�rio, a pessoa deve ser encaminhada a um hospital de refer�ncia. A resolu��o tamb�m pro�be "a perman�ncia de pacientes intubados no ventilador artificial em UPAs, sendo necess�ria a imediata transfer�ncia a servi�o hospitalar". N�o foi o que aconteceu durante a pandemia no Brasil. Desde mar�o do ano passado, as UPAs do Pa�s j� acumulam 22.463 mortes de pacientes com covid-19 que ficaram internados por mais de 24h. Quase metade desses �bitos, 10.779, foi registrada nos quatro primeiros meses deste ano. O tempo m�dio de interna��o foi de 11,6 dias, mas em alguns casos a perman�ncia foi de mais de cem.

Segundo Ederlon Rezende, membro do conselho consultivo da Associa��o de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e coordenador da UTI do Hospital do Servidor P�blico Estadual de S�o Paulo, as UPAs n�o t�m condi��es de manter pacientes internados porque estrutura, equipamentos e equipes n�o s�o adequados para o manejo de doentes graves. "A partir da primeira estabiliza��o, o paciente tem de ser transferido, em especial os que necessitam de UTI."

O especialista explica que, como esse tipo de unidade � voltado ao atendimento somente das urg�ncias, a estrutura n�o � t�o completa. "Esses pacientes precisam de m�dicos, enfermeiros, fisioterapeutas especializados. A ventila��o mec�nica, por exemplo, precisa ser ajustada a cada caso porque pode lesionar o pulm�o se for feita por algu�m sem especializa��o."

O 1� vice-presidente do CFM, Donizetti Dimer Giamberardino Filho, explica que a resolu��o do conselho que pro�be interna��es superiores a 24 horas tem como objetivo aumentar a seguran�a do paciente. "As UPAs tamb�m n�o costumam ter estrutura para fazer exames importantes no acompanhamento de um doente com covid, como uma tomografia."

Rezende destaca ainda que a sobrecarga nessas unidades pode levar ao desabastecimento de insumos. "Se ela receber uma demanda maior do que est� acostumada, pode faltar oxig�nio", explica o intensivista. O insumo chegou a faltar de forma pontual em algumas UPAs da capital paulista no per�odo de pico de interna��es, em mar�o - conforme funcion�rios, o sistema n�o estava preparado para um aumento expressivo e repentino de demanda e n�o p�de ser reabastecido a tempo.

Interna��es

Ao todo, o suporte ventilat�rio invasivo foi usado por 7,1 mil pacientes que ficaram internados em UPAs por mais de 24 horas. Outros 10 mil foram submetidos � ventila��o n�o invasiva e 1.638 n�o chegaram a usar nenhum tipo de ventila��o. N�o h� informa��es sobre 2,3 mil pacientes.

A m�dia de idade das v�timas � de 67 anos e 70% delas tinham comorbidades. A maioria das mortes, 5,8 mil, est� concentrada na faixa dos 70 a 79. H� ainda um grupo de 2.278 pessoas, cerca de 10% do total, com menos de 60 anos e sem nenhum fator de risco associado. A maior parte dos �bitos, 51%, foi entre pessoas negras, grupo que inclui pretos e pardos.

Dentre as unidades analisadas, a que registrou mais mortes por covid foi a UPA Campo Limpo, na zona sul paulistana. Segundo a Prefeitura, a unidade � refer�ncia no atendimento de covid. Desde mar�o do ano passado, 484 pessoas morreram no local por causa da doen�a.

Recursos

Questionado sobre a interna��o de pacientes graves, o Minist�rio da Sa�de informou que "n�o autorizou a adapta��o de UPAs para centro de atendimento � covid-19", mas que forneceu apoio financeiro, em car�ter extraordin�rio e tempor�rio, a munic�pios que solicitaram recursos para custear leitos de suporte ventilat�rio pulmonar para atender pacientes leves e moderados. O investimento, diz a pasta, foi de R$ 57,9 milh�es.

O minist�rio disse ainda que, para evitar a satura��o das UPAs, "atua constantemente na amplia��o do n�mero de leitos tanto de UTI quanto de suporte ventilat�rio em estabelecimentos de sa�de." "At� o momento, j� foi autorizado o custeio para mais de 22 mil leitos de UTI exclusivos para o atendimento de pacientes com covid-19, com investimento de R$ 2,2 bilh�es", disse o �rg�o, em nota.

A Secretaria Municipal da Sa�de de S�o Paulo disse que a resolu��o do CFM "foi institu�da em momento livre de pandemia, situa��o que exige a ado��o de medidas emergenciais" e destacou que, com o surgimento da covid-19, as 16 UPAs da cidade foram estruturadas para que as emerg�ncias se transformassem em UTIs capazes de suportar a alta demanda de pacientes com coronav�rus. A pasta disse ainda que ampliou de 507 para 1.453 o n�mero de vagas de terapia intensiva na cidade e ningu�m ficou sem atendimento.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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