Pessoas com comorbidades relatam d�vidas, falta de informa��o e dificuldades para receber a vacina contra a covid-19 em diferentes Estados. Um dos motivos � a diverg�ncia de requisitos adotados pelas prefeituras, que criaram exig�ncias adicionais �s indica��es do Plano Nacional de Imuniza��o (PNI).
Nas redes sociais de prefeituras, governos estaduais e �rg�os p�blicos, milhares de coment�rios com d�vidas sobre o tema se multiplicam. A popula��o questiona sobre os documentos necess�rios, doen�as inclu�das, tipos de hipertens�o e asma considerados e uma infinidade de outros pontos. "Est� uma falta de informa��o total, ningu�m sabe de nada", critica o mec�nico aeron�utico Luciano Corr�a de Souza, de 46 anos.
De S�o Carlos, no interior de S�o Paulo, ele teve a primeira tentativa de tomar a vacina negada porque o documento enviado pelo m�dico n�o trazia a palavra "imunossuprimido" e o nome dos rem�dios que toma.
Antes de ir ao posto de imuniza��o, ele j� havia anexado c�pias de documentos, como identidade e comprovante de resid�ncia, no site municipal. Ao chegar, teve novamente os pap�is conferidos, recebendo a negativa ap�s duas horas de espera. "Deveriam saber que transplantado � imunossuprimido."
O comprovante trazia a confirma��o de que Souza tem um rim transplantado e toma medicamentos diversos diariamente, o que o configura como uma pessoa com imunodepress�o e, portanto, parte do grupo priorit�rio da vacina��o. "A carta do m�dico tinha dados, data, tudo, recomendando tomar a vacina da covid e da gripe", comenta. "Um amigo que tamb�m � transplantado (e mora na mesma cidade) s� levou uma carta e foi vacinado. Cada lugar faz o que quer, n�o tem orienta��o."
Para as comorbidades, segundo o PNI, bastaria a apresenta��o de "qualquer comprovante que demonstre pertencer a um grupo de risco (exames, receitas, relat�rio m�dico, prescri��o m�dica etc.), al�m de "cadastros j� existentes dentro das unidades de sa�de". A maquiadora Luana Calvelli, de 32 anos, enfrentou dificuldades j� na comprova��o, pois n�o havia agenda dispon�vel para atendimento m�dico nas unidades de refer�ncia da regi�o em que vive, no Rio. Por estar desempregada, ela n�o tinha como procurar um atendimento particular.
"Para obesidade, basta um profissional da �rea da sa�de para medir sua altura, ver quanto voc� pesa e calcular o IMC. N�o tem como forjar um laudo de obesidade, basta olhar para a pessoa. Isso poderia ser feito no ato da vacina��o", defende ela. A obesidade � diagnosticada exclusivamente com um c�lculo simples do �ndice de Massa Corporal (IMC), feito com base nas medidas de peso e altura.
A maquiadora conta que a m�e, que � diarista, comentou sobre a situa��o com uma cliente, para quem faz faxina regularmente. A mulher pediu � nora, que � m�dica, para atender Luana de forma gratuita, a fim de constatar o IMC e emitir o laudo. "Se n�o fosse por isso, n�o tomaria a vacina agora."
E a comprova��o � distinta em outros locais. Em Manaus, por exemplo, basta apresentar um comprovante de IMC com valor igual ou maior que 40 assinado por um profissional de sa�de com n�vel superior, como nutricionista, farmac�utico, m�dico, enfermeiro e educador f�sico. No Rio Grande do Sul, por sua vez, a orienta��o � apresentar uma declara��o de pr�prio punho, mas parte dos munic�pios ga�chos tamb�m faz exig�ncias adicionais.
Em Fortaleza, por exemplo, a pensionista Maria do Carmo Freitas, de 59 anos, teve a imuniza��o negada porque a equipe n�o aceitou exames datados de agosto passado, embora a paciente tenha cardiopatia, estente (pr�tese interna que evita o entupimento de art�rias) e ponte de safena. Em nota, a prefeitura afirmou que cobra a apresenta��o de "atestado, relat�rio ou prescri��o m�dica indicando o motivo para a aplica��o da vacina, com validade de at� um ano".
Negacionismo. Outra dificuldade relatada por pacientes � a recusa de parte dos profissionais de sa�de por negacionismo e ideologias. A dona de casa Marina Coffani, de 38 anos, teve o pedido de comprovante negado pelo m�dico que a acompanha h� anos, o qual costuma afirmar que as pessoas que tomam as vacinas contra a covid-19 s�o "cobaias". "Aqui, no Rio Grande do Sul, � complicado�"
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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