
O resgate das pe�as hist�ricas enterradas a poucos palmos do ch�o come�ou meio que por efeito colateral. Em 2019, a prefeitura da cidade decidiu fazer obras de melhorias na Pra�a da Conflu�ncia, onde foi constru�do o Pal�cio de Cristal. As interven��es visavam adequar o local a boas pr�ticas de acessibilidade, construir banheiros e resolver um problema cr�nico da �rea: o sistema el�trico.
Desde sempre - e isso remonta ao s�culo 19 -, a pra�a abriga feiras, exposi��es e outros eventos. E, toda vez que isso acontecia, a prefeitura se via obrigada a puxar cabos de energia pelo alto, atrapalhando a vista do belo pal�cio. A solu��o encontrada foi aterrar os cabos. Mas bastou a construtora respons�vel pelo trabalho abrir as primeiras valas para o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) embargar a obra, em fevereiro do ano passado. O motivo: aus�ncia de Projeto de Monitoramento Arqueol�gico. Desde ent�o, a �rea est� fechada.
O projeto de monitoramento foi aprovado recentemente. E ontem, finalmente, os t�cnicos come�aram a busca por pe�as enterradas na �rea que podem ajudar a contar um pouco mais sobre a rica hist�ria de Petr�polis.
"Este � um espa�o que foi utilizado para festas, feiras, exposi��es e outros eventos isolados. Toda essa forma de ocupa��o deixa um reflexo. Em princ�pio, n�o se encontrar�o vest�gios dom�sticos, de uma casa, mas alguma coisa que foi perdida, alguma coisa de obra, ou associadas a essas exposi��es", explicou � reportagem Giovani Scaramella, cuja empresa, a Grifo Arqueologia, foi contratada para acompanhar as escava��es.

Por ora, o trabalho vai se concentrar nas valas que j� haviam sido abertas antes que o Iphan determinasse a interrup��o dos trabalhos. "Pelo que j� deu para observar nessas trincheiras, temos tijolos, fragmentos de constru��o, de lou�a, vidro e alguma coisa de tubula��o", contou.
Apesar de, em um primeiro momento, tais fragmentos por si s� n�o parecerem um grande atrativo aos olhos do p�blico, para os estudiosos eles t�m valor consider�vel, porque ajudam a entender melhor a pr�pria forma��o do local. "A gente consegue resgatar o passado n�o apenas pelos registros escritos, mas tamb�m com os registros materiais", ponderou a historiadora Roselene Martins, que tamb�m atua no levantamento.
Todas as pe�as que forem recolhidas ser�o levadas para um laborat�rio, higienizadas e passar�o por an�lise. Um peda�o de lou�a ou um simples caco de vidro, por exemplo, podem ser suficientes para pesquisadores descobrirem de onde eles vieram - e isso � capaz de ajudar a entender um pouco mais sobre a pr�pria din�mica de constru��o da cidade.
Al�m disso, h� a inten��o de se criar uma pequena �rea para exposi��o de algumas das melhores pe�as no p�rtico de acesso � Pra�a da Conflu�ncia - isso, claro, quando o Pal�cio de Cristal voltar a receber p�blico. A previs�o inicial � de que os trabalhos durem cinco meses.