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Estado de Minas GERAL

Escola p�blica fechada far� gera��o de alunos perder R$ 700 bilh�es em renda


02/06/2021 13:02

As escolas fechadas devem levar a uma perda de renda de R$ 700 bilh�es - um d�cimo do PIB do Pa�s - para a gera��o de estudantes brasileiros que passou 2020 em ensino remoto. E, se n�o houver um retorno ao menos para o ensino h�brido no segundo semestre, essa previs�o pode chegar a R$ 1,5 trilh�o no fim de 2021. A queda na renda por toda a vida dessas crian�as e jovens � decorr�ncia do enorme d�ficit de aprendizagem no per�odo, segundo estudo do Instituto Unibanco e do Insper, divulgado nesta segunda-feira, dia 1�.

De acordo com a pesquisa, liderada pelo economista Ricardo Paes de Barros, a covid-19 impediu uma trajet�ria esperada de desenvolvimento dos estudantes no ensino m�dio p�blico. Eles aprenderam menos em 2020 e j� entraram neste ano com perda de 9 pontos em Portugu�s e 10 pontos em Matem�tica na escala do Sistema de Avalia��o da Educa��o B�sica (Saeb). Isso quer dizer que s� tinham absorvido cerca de 25% do esperado para o 2.� ano do m�dio, ao ingressar no 3.� ano.

O preju�zo pode ser ainda maior no fim de 2021, com perda de 20 pontos, o que significaria retroceder praticamente ao que sabiam no fim do ensino fundamental. "Se a gente n�o fizer nada no curto, m�dio e longo prazo, esses jovens ser�o menos produtivos e o Brasil vai produzir menos durante d�cadas. Afeta o estoque humano, a capacidade criativa do Pa�s", disse Paes de Barros. Ele calculou a perda de renda usando outra pesquisa que mostrou que o impacto de 1 ponto no Saeb � de 0,5% na remunera��o de trabalho de toda a vida de um jovem, estimada em R$ 430 mil. Foram considerados 35 milh�es de alunos de fundamental e m�dio.

O Saeb � uma prova feita a cada dois anos pelo Minist�rio da Educa��o para avaliar a qualidade do ensino. A sua escala indica o n�vel de profici�ncia desenvolvido em determinadas compet�ncias e habilidades. Um aluno aprende, em geral, ao longo de todo o ensino m�dio, o equivalente a 20 pontos em L�ngua Portuguesa e 15 em Matem�tica na escala do Saeb.

Paes de Barros considerou ainda estudos que mediram o engajamento dos alunos em ensino remoto e a perda educacional em per�odos sem aulas. Ele explica que "a aprendizagem � algo sequencial" e muitos conhecimentos s�o esquecidos quando n�o s�o exercitados. A pesquisa n�o analisou dados espec�ficos das escolas particulares, mas segundo o especialista, os resultados n�o devem ser muito diferentes.

Para o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, a constata��o da pesquisa Perda de Aprendizagem na Pandemia � "catastr�fica e tr�gica". Mas ainda � resultado de um esfor�o para se tentar oferecer algum ensino nesse per�odo. Sem nenhum apoio do MEC, Estados e munic�pios do Pa�s deram chips aos alunos, criaram plataformas online, distribu�ram materiais impressos para tentar suprir a falta de escola. "Se nada tivesse sido feito, seria ainda pior."

No entanto, Henriques afirma que � preciso tomar todas as medidas para que as aulas presenciais voltem no segundo semestre. "Temos de pensar no que pode ser feito para esses alunos, alguns v�o ter um semestre de aula apenas, precisamos de acelera��o da aprendizagem, bolsas para que permane�am na escola." Al�m da defasagem, a pandemia trouxe maior abandono escolar dos adolescentes, por causa da crise econ�mica ou pela perda de v�nculo e interesse pelo ensino.

O Brasil � um dos pa�ses com maior tempo de escolas fechadas. A maioria dos Estados ainda n�o voltou com as redes presencialmente e est� h� 14 meses sem aulas presenciais. Organismos internacionais, como a Unesco e o Banco Mundial, j� vem alertando para a perda de aprendizagem no Brasil e em outros pa�ses latinos durante a pandemia. Fala-se em "cat�strofe geracional" e de 20 anos para se recuperar o preju�zo.

O estudo estima tamb�m como a situa��o ficaria se o Pa�s tomasse a partir de agora medidas como a volta r�pida ao ensino presencial, maior engajamento dos alunos no ensino online e programas de recupera��o da aprendizagem. Dessa forma, as perdas poderiam ser reduzidas em at� 40%.

Segundo Henriques, no entanto, o Brasil ainda n�o tem expertise para programas de acelera��o de aprendizagem no ensino m�dio e ser� necess�rio muita colabora��o para aprender com projetos bem-sucedidos. "Vamos ter de fazer bem feito algo que nunca fizemos", diz o especialista. "Na sa�de, a vacina pode dar conta, mas para educa��o a pandemia traz uma cauda longa e mais desafiadora."

Desafio

Alessandra Uchoas, de 17 anos, acredita que o desgaste emocional e f�sico foi uma das principais marcas do per�odo em ensino remoto. "O que a gente est� perdendo na escola, teremos de correr atr�s sozinhos. Quem n�o conseguir vai perder a oportunidade de entrar na universidade, por exemplo. O aluno que quer passar na federal est� angustiado. � o meu caso." A adolescente do 3.� ano do ensino m�dio acredita que captou apenas metade do conte�do repassado pelos professores em 2020. Alessandra e os colegas de turma ainda n�o tiveram aulas de laborat�rio do curso t�cnico em Qu�mica, que faz em um col�gio p�blico de Lorena, no interior de S�o Paulo. Por isso, apesar da formatura do ensino m�dio prevista para este ano, o grau t�cnico s� ser� conclu�do em 2022.

Ela conta que queria ir estudar em Belo Horizonte, mas s� pode se mudar depois de concluir o curso. Muitos de seus colegas, diz, tiveram tamb�m de trabalhar e cuidar dos irm�os durante a pandemia.

Victor Viana, de 16 anos, compartilha do mesmo sentimento. Aluno da 3.� s�rie do curso t�cnico em Log�stica na Escola Estadual de Educa��o Profissional (EEEP) Professor Francisco Arist�teles de Sousa, na regi�o metropolitana de Fortaleza, o adolescente diz que a rela��o com a fam�lia, trabalhos dom�sticos e com os vizinhos dificultaram a concentra��o nos estudos. Ele n�o tem computador e estuda pelo celular. "O maior impacto � atrasar a entrada na universidade. Se n�o conseguir focar voc� fica para tr�s. Aconteceu ano passado, quando muitos dos meus colegas n�o conseguiram passar no vestibular. Quem n�o teve tanto preju�zo, principalmente nas particulares, conseguiu ter um melhor desempenho", diz.

A rotina da escola online, conta, tamb�m foi atrapalhada no in�cio. "A aula poderia acontecer �s 9 horas, �s 15 horas, e isso complicou a nossa organiza��o. Agora, na minha escola, eles ajustaram." Mesmo com tantas lacunas expostas, Victor, acha que muitos dos problemas enfrentados pelos estudantes sequer foram notados pelo governo. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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