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Estado de Minas CI�NCIA

'Bingo', arma do Brasil para sondar o Universo

Objetivo � estudar a energia escura, que come�ou a se desenvolver h� alguns bilh�es de anos; radia��o do c�u ser� captada por 'panelas gigantes'


16/06/2021 08:02 - atualizado 16/06/2021 08:46

(foto: Governo da Paraíba/Divulgação)
(foto: Governo da Para�ba/Divulga��o)


O Universo est� se expandindo continuamente desde sua origem. Esse movimento � impulsionado por uma for�a conhecida como energia escura, que leva esse nome porque suas propriedades ainda s�o uma pergunta em aberto para a Cosmologia.

Agora, a ci�ncia ganha um aliado que pode oferecer respostas: o radiotelesc�pio Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations (Bingo), coordenado pela Universidade de S�o Paulo (USP) em colabora��o com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e cientistas de Europa e China.

Quando conclu�da, a estrutura do Bingo ser� composta por dois pratos gigantes, cada um com cerca de 40 metros de di�metro, que receber�o radia��o do c�u e projetar�o seu espectro em uma s�rie de detectores met�licos, chamados cornetas. A previs�o � de que a primeira comece a operar este m�s na cidade de Aguiar, no sert�o da Para�ba, onde o radiotelesc�pio ser� montado. A vers�o completa do experimento, no entanto, teve sua constru��o afetada pela pandemia e deve ser finalizada s� em 2022.

Cerca de 80% das pe�as que comp�em o Bingo s�o da ind�stria brasileira, diz o professor do Inpe Carlos Alexandre Wuensche. O instituto concentra praticamente toda a instrumenta��o astron�mica do Pa�s em sua Divis�o de Astrof�sica, e � respons�vel por coordenar a constru��o do radiotelesc�pio. "As �nicas pe�as que importamos s�o componentes eletr�nicos que o Pa�s n�o produz."

Com financiamento de R$ 13 milh�es, repassados pela Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp), o Bingo se distingue de outros radiotelesc�pios por se concentrar na �poca em que a energia escura se tornou predominante no espa�o, explica o professor Elcio Abdalla, do Instituto de F�sica da USP e coordenador-geral do projeto. "A expans�o do Universo depende fundamentalmente da energia escura, que come�ou a se desenvolver h� alguns bilh�es de anos, e � exatamente esse per�odo que estamos observando", diz.

'Miolo'

Para compreender esse fen�meno, os cientistas v�o buscar pistas em um tipo espec�fico de radia��o que permite enxergar as oscila��es ac�sticas de b�rions, mencionadas no acr�nimo em ingl�s do projeto. "Se o cosmo fosse um p�o, n�s estar�amos estudando o miolo para saber quais ingredientes foram utilizados na prepara��o", compara Jo�o Alberto de Moraes Barretos, doutorando que integra a equipe.

O "miolo", seguindo a analogia, s�o as oscila��es bari�nicas. S�o elas que devem ser detectadas pelas antenas gigantes na Para�ba. Ao investig�-las, os pesquisadores querem descobrir a natureza do setor escuro do Universo. A grosso modo, sabe-se que elas foram influenciadas pela energia escura, mas n�o se conhece, de fato, o que � essa energia. "Ela � prevista teoricamente, e queremos entend�-la por meio das marcas que deixou nas oscila��es bari�nicas", afirma Wuensche. O Bingo pretende ser o primeiro radiotelesc�pio do mundo a empregar essa t�cnica.

Uma das etapas fundamentais do processo � o mapeamento da distribui��o de gal�xias no Universo. Isso porque os locais onde h� mais concentra��o de mat�ria s�o os que apresentam a maior quantidade de �tomos de hidrog�nio neutro, o principal componente de tudo o que � vis�vel no espa�o. As oscila��es ac�sticas de b�rions, por sua vez, v�m "impressas" no espectro de emiss�o desses �tomos.

"O diferencial do Bingo em rela��o a outros experimentos internacionais � que ele se prop�e a calcular o espectro desta emiss�o no comprimento de onda de 21 cent�metros, onde as oscila��es bari�nicas s�o observ�veis", explica Larissa Santos, professora do Centro de Gravita��o e Cosmologia da Universidade de Yangzhou, na China. "Desse modo, temos uma ideia da hist�ria da evolu��o do Universo, e de como ele est� se expandindo".

Citada na apresenta��o do projeto � Fapesp, uma das motiva��es � a forma��o de engenheiros e t�cnicos com as habilidades necess�rias para que, no futuro, o Pa�s tenha profissionais capazes de construir sistemas de radioastronomia no chamado "estado da arte". Segundo Abdalla, essa � uma das raz�es que tornam o interc�mbio de informa��es t�o importante.

Em outra frente, a Universidade Federal de Campina Grande, parceira no experimento, faz a divulga��o cient�fica do Bingo em escolas da regi�o de Aguiar. Coordenadas pelo professor Jo�o Rafael dos Santos, as atividades de extens�o incluem palestras e aulas de Ci�ncias, Astronomia, Astrof�sica e Cosmologia aos alunos da rede p�blica.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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