
L�zaro Barbosa � apontado como o principal suspeito de ter matado quatro pessoas de uma mesma fam�lia na �rea rural de Ceil�ndia, no DF. Ap�s o crime, em fuga, ele baleou tr�s pessoas em Cocalzinho e fez ref�ns em diversas ocasi�es.
No entanto, o problema para os Il�s come�ou quando a figura do foragido foi associada, por meio de not�cias falsas, a rituais religiosos. Os representantes destacam, contudo, que a religi�o n�o apoia de forma alguma a��es criminosas e desumanas. "Estamos sendo atacados de maneira vil e racista sob o falso pretexto de estarmos servindo de abrigo ao foragido”, esclarecem.
Confira na �ntegra o manifesto:
As autoridades afro tradicionais e organiza��es representativas dos povos tradicionais de Matriz Africana, abaixo assinadas, v�m a p�blico manifestar seu rep�dio aos violentos ataques racistas praticados contra as casas de matrizes africanas na Regi�o de �guas Lindas, Girassol, Cocalzinho e Edil�ndia em Goi�s, na tentativa de nos vincular ao foragido conhecido como L�zaro e aos crimes a ele atribu�do.
Consideramos intoler�veis as invas�es e abordagens policiais truculentas injustificadas, bem como a campanha difamat�ria propagada por diversos ve�culos de comunica��o.
Afirmamos veementemente que nossas tradi��es n�o t�m rela��o com atos criminosos, e, mesmo que fossem praticados por alguma pessoa que pertencesse a uma tradi��o afro, n�o nos vincularia de maneira coletiva a atos e a��es criminosas e desumanas. Estes atos devem ser sempre atribu�dos pela lei � pessoa civil.
Entretanto, estamos sendo atacados de maneira vil e racista sob o falso pretexto de estarmos servindo de abrigo ao foragido.
S�o graves os relatos de depreda��o dos nossos territ�rios mediante intimida��o e agress�es f�sicas.
As imagens dos alegados “rituais sat�nicos” que est�o sendo divulgados pela m�dia foram produzidas pela pr�pria pol�cia durante uma invas�o e quebra das portas de uma de nossas casas.
O que de fato estas imagens retratam s�o elementos sagrados de nossas divindades, especificamente ligadas ao culto ao Orix� Exu e aos exus guardi�es de Umbanda. Estes apetrechos nunca pertenceram ao procurado e nem tampouco guardam rela��o com o satanismo, refer�ncia que n�o faz parte da cosmogonia e mitologia afro.
Trata-se de um vilip�ndio ao nosso culto e aos nossos valores civilizat�rios, sendo, inclusive registrado o Boletim de Ocorr�ncia nº 19925673, Estado de Goi�s, Secretaria de Seguran�a P�blica, em 18/06/2021.
Quando uma de nossas comunidades � atacada todas se sentem igualmente agredidas. Nossa vis�o de mundo, nossos princ�pios e valores civilizat�rios merecem respeito.
Tamanha viol�ncia s� se torna poss�vel fundamentada no racismo estrutural presente em nossa sociedade. E por raz�o deste todos os nossos s�mbolos e vivencias continuam sendo alvo de diversas viola��es.
Exigimos que o ass�dio e viola��o dos nossos espa�os cessem imediatamente com a apura��o e responsabiliza��o das for�as policiais pelas agress�es a n�s impostas.
Exigimos que o Estado Brasileiro, laico em sua constitui��o, garanta a liberdade e integridade dos nossos territ�rios tradicionais, liturgias e referenciais de mundo afro centradas.
Exigimos tamb�m que os meios de comunica��o de massa param de vincular ideias negativas e criminosas a nossas casas e tradi��es, inclusive com a divulga��o deste manifesto.
Apoiamos o esfor�o policial em conson�ncia com os ditames legais na garantia da seguran�a de toda sociedade, respeitando toda nossa diversidade, no efetivo cumprimento do dever que lhe � imposto.
Por fim, nos solidarizamos com as v�timas e familiares dos acontecimentos brutais t�o amplamente divulgados e nos colocamos � disposi��o para quaisquer esclarecimentos e apoio � toda sociedade.
Que seja feita justi�a! Repara��o j�
�guas Lindas de Goi�s, 19 de junho de 2021.
Assinam este manifesto as lideran�as, organiza��es e unidades tradicionais abaixo:
Tata Ngunzetala – Tumba Nzo Mona Nzambi
Pai Andr� de Yemanj� – Terreiro Estrada da Vida
Bab� Eduardo Fomo de Omolu, Il� As� Esin Fadak�
F�rum Nacional de Seguran�a Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de matriz Africana – FONSANPOTMA
Bab� D�dio de Ogum – Ax� Im�n�
Il� Ax� Od� Erinl� - Pai Ricardo C�sar de Ox�ssi
Baba Obalaj� – Il� As� Egb� Al��fin Oyo
M�e Abadia de Ogum – Ax� Ogum Onil� Dubo
Iya Monna Janaina – Il� Ax� Morada
Iyaloris� Ana Paula Ti Os�n - Centro de Cultura e Arte Ax� da Casa Amarela- Alad� Os�n
M�e Bel do Il� Ax� Olona
Dirigente Ruan Frederic Neves Ribas - Tenda de Umbanda S�o Ger�nimo e Santa B�rbara, M�e F�tima – Aldeia dos Encantados