O Instituto Agron�mico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de S�o Paulo, com sede em Campinas (SP), completa 134 anos de atua��o ininterrupta amanh� (27), com contribui��o determinante em por boa parte dos produtos aliment�cios presentes no dia a dia do brasileiro. O Instituto � pioneiro na introdu��o e melhoramento gen�tico da maioria das culturas agr�colas.
Para celebrar a data, o IAC apresentar� diversas novas tecnologias para serem entregues aos setores de produ��o da agricultura nacional. Dentre as novidades est�o duas cultivares de feij�o carioca, duas de crotal�ria - as primeiras desenvolvidas no Brasil - e dois porta-enxertos de citros, al�m da certifica��o do Sistema de Mudas Pr�-Brotadas (MPB) de cana-de-a��car, desenvolvido pelo IAC.
Uma live comemorativa ser� realizada na segunda-feira (28), �s 14h, no https://www.youtube.com/user/agriculturasp e � aberta � participa��o de todos os interessados. Durante a live, ser� assinado um termo entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e a Prefeitura Municipal de Campinas. O documento tem o objetivo de desenvolver um plano de trabalho para a instala��o, no IAC, de um ambiente de inova��o e apoio a startups.
O diretor-geral do IAC, Marcos Guimar�es de Andrade Landell, informa em comunicado que a bagagem cient�fica presente no IAC capacita suas equipes na elabora��o de projetos de modo a criar bases para a sustenta��o da agricultura para as pr�ximas d�cadas. "A tecnologia disponibilizada atualmente aos agricultores e ind�strias foi desenvolvida h� vinte anos; n�o se gera tecnologias agr�colas de um ano para outro porque dependemos, dentre outros fatores, do ciclo de vida das plantas", comenta. Apesar do avan�o trazido pela biotecnologia, por exemplo, que acelera processos antes mais lentos, ainda s�o necess�rios anos e at� d�cadas, como no caso do caf�, da seringueira e mesmo da cana-de-a��car, para se chegar � conclus�o de experimentos.
Confira abaixo mais detalhes sobre as novas cultivares IAC:
Crotal�ria - As novas cultivares de crotal�ria s�o a IAC 201 CS, Crotal�ria spectabilis, e a IAC 201 CO, Crotal�ria ochroleuca, caracterizadas pelo alto teor de massa vegetal. Esses novos materiais poder�o ser cultivados nas regi�es Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. A crotal�ria � usada como adubo verde para enriquecer o solo e combater, de forma natural, a infesta��o por nematoides. Esse resultado � alcan�ado por meio da rota��o de culturas, alternando-as com o plantio da crotal�ria. Essas cultivares s�o in�ditas no mercado brasileiro, porque at� ent�o n�o havia nenhuma cultivar registrada para estas duas esp�cies. Os pesquisadores do IAC, Alisson Fernando Chiorato e S�rgio Augusto Morais Carbonell, trabalharam com materiais presentes no Banco de Germoplasma do Instituto, direcionando o estudo para obten��o da caracter�stica de maior massa vegetal, principalmente para uso da planta na cobertura do solo. "Fizemos sele��es e diversos experimentos visando identificar duas cultivares de crotal�ria: uma da esp�cie C. spectabilis e a outra da esp�cie C. ochroleuca, que s�o esp�cies diferentes", relata Chiorato. A motiva��o do IAC para essa pesquisa veio com uma determina��o do Minist�rio da Agricultura, em 2017, que restringiu a multiplica��o de cultivares comuns de crotal�ria, limitando a multiplica��o a apenas uma gera��o, ou seja, apenas um tombo, como � chamado o processo de multiplica��o de sementes. "Essas cultivares IAC v�m para mudar esse mercado. At� ent�o, n�o tinham cultivares espec�ficas, o que havia eram registros da esp�cie, as chamadas cultivares comuns", afirma Carbonell. A IAC 201 CS e a IAC 201 CO est�o em fase de multiplica��o por empresas j� licenciadas, no Estado de Mato Grosso.
Novos feij�es tipo carioca - O feij�o do tipo comercial carioca, que engloba 79% do mercado de feij�o no Brasil, foi desenvolvido pelo Instituto Agron�mico na d�cada de 1960. Atualmente est� na 51� cultivar. Essa continuidade no melhoramento gen�tico do feijoeiro contribui de forma preponderante para o alto n�vel tecnol�gico da cultura. A cultivar de feij�o IAC 1849 Polaco foi desenvolvida para atender �s demandas da cadeia de produ��o do feij�o e oferecer um produto de alta qualidade, com toler�ncia ao escurecimento do gr�o e baixo tempo de cozimento, al�m de ciclo precoce na lavoura. Essas aracter�sticas s�o as mais desejadas nesse segmento e agregam valor ao produto final. "A toler�ncia ao escurecimento est� relacionada �s prefer�ncias de mercado por feij�es cariocas com gr�os mais claros, que s�o relacionados com feij�es de f�cil cozimento, muito embora isso n�o esteja cientificamente comprovado", explica Chiorato. A IAC 1849 Polaco tem gr�os creme com listras de colora��o marrom claro. A precocidade da cultivar IAC 1849 Polaco tem impacto na produ��o e na produtividade da lavoura. A produtividade m�dia � de 2464 quilos, por hectare, e pode atingir at� 4.500 quilos, por hectare. Al�m desses benef�cios, o ciclo mais curto reduz custos no manejo das plantas. "Por exemplo, tem-se a redu��o de defensivos agr�colas porque a planta fica menos tempo exposta aos estresses bi�ticos. O mesmo ganho ocorre para fatores abi�ticos: cultivares precoces de feijoeiro utilizam menos irriga��es e energia at� finalizar seu ciclo de 75 dias, quando comparado a uma cultivar de ciclo normal de 90 dias", detalha Carbonell. Ainda no aspecto agron�mico, a IAC 1849 Polaco � est�vel em produ��o de gr�os e tolerante �s principais doen�as do feijoeiro, o que possibilita um manejo integrado com os diversos sistemas de produ��o de gr�os. Sob condi��es naturais de cultivo, a IAC 1849 Polaco � resistente � antracnose e moderadamente resistente � mancha angular, � murcha de fusarium, ao crestamento bacteriano e � murcha de Curtobacterium. � recomendada para o cultivo na �poca das �guas, da seca e de inverno no estado de S�o Paulo, nas safras das �guas e seca nos estados do Paran�, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Segundo os pesquisadores Chiorato e Carbonell, obter cultivares que re�nam os atributos de alta produtividade e qualidade do gr�o no campo e na p�s-colheita s�o a meta dos programas de melhoramento do feijoeiro. A IAC 2051 foi desenvolvida com o objetivo de atender �s exig�ncias do consumidor, que busca por gr�os claros e de r�pido cozimento, com qualidade de caldo e sabor. A IAC 2051 cozinha em cerca de 30 minutos e seu teor de prote�na � de 20%. Para a cadeia de produ��o, a mais recente cultivar de feij�o carioca do IAC oferece elevado potencial produtivo, toler�ncia ao escurecimento dos gr�os, toler�ncia para o pat�geno da antracnose e para os pat�genos da murcha de fusarium e crestamento bacteriano. Com ciclo m�dio de 90 dias, nos experimentos em Mococa, em cultivo na seca de 2019, a cultivar IAC 2051 apresentou a maior produtividade de gr�os, chegando a 4.250 quilos, por hectare. "Essa produtividade vai depender da �poca de semeadura, regi�o de cultivo e n�vel tecnol�gico do agricultor, referente � aduba��o, controle de doen�as e ervas daninhas e suprimento de �gua", orienta Carbonell. De acordo com os pesquisadores, para os agricultores se interessarem por uma nova cultivar de feij�o, ela deve atender �s exig�ncias do mercado, como produtividade de gr�os, resist�ncia ou toler�ncia aos principais fatores bi�ticos e abi�ticos, que podem interferir no desenvolvimento vegetativo e qualidade de p�s-colheita dos gr�os. No crit�rio p�s-colheita, a caracter�stica apreciada � a toler�ncia ao escurecimento dos gr�os durante o armazenamento, uma vez que os consumidores associam gr�os escuros com a dificuldade de cozimento. "A cultivar IAC 2051 � recomendada para o cultivo na �poca das "�guas", da "seca" e de "inverno" no estado de S�o Paulo, sendo recomendada tamb�m para a �poca das "�guas" e da "seca" nos estados de Paran�, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul", diz Chiorato.
Dois novos porta-enxertos para citricultura - O Instituto Agron�mico atua para oferecer aos citricultores novas op��es de combina��es de variedades copa e porta-enxertos que atendam � demanda do mercado por frutos de mesa, para Suco de Laranja Concentrado Congelado (FCOJ) e Suco de Laranja N�o Concentrado (NFC), al�m de apresentarem toler�ncia �s principais doen�as que afetam a cultura. Com esse objetivo, o IAC disponibiliza dois novos porta-enxertos de citros: a parte da planta que fica sob o solo e que sustenta a copa. Os novos porta-enxertos, o IAC 3128 e o IAC 3026, induzem a planta � produ��o de boa qualidade de fruta. "Os dois porta-enxertos s�o importantes porque s�o diferentes um do outro, um � mais vigoroso, que � o IAC 3128, apesar de ser semi-ananicante, o outro � menos vigoroso e induz a variedade-copa ao tamanho menor que dois metros", explica a pesquisadora do IAC, Mari�ngela Cristofani Yaly. O benef�cio proporcionado pelo porte ananicante � a viabiliza��o de um espa�amento menor entre as plantas e, consequentemente, a instala��o de um maior n�mero �rvores, por hectare, e maior produ��o por unidade de �rea. � o chamado plantio adensado, estrat�gia adotada pelo setor a partir do surgimento e expans�o do Huanglongbing (HLB ou Greening), uma das doen�as mais severas dos citros que causa perdas econ�micas substanciais. "Para o cultivo adensado, � necess�rio que sejam utilizados porta-enxertos que induzam um porte menor � cultivar copa", explica a pesquisadora. Al�m da maior efici�ncia produtiva, a planta de menor porte facilita a colheita, a inspe��o, a pulveriza��o e a erradica��o de plantas no controle do HLB, atendendo aos anseios da maioria dos citricultores no controle de pragas, doen�as e seus vetores. O porta-enxertos IAC 3128 induz a variedade de copa a ter o porte semi-ananicante e boa qualidade de fruta. Suas principais caracter�sticas agron�micas s�o a toler�ncia � seca, compatibilidade com laranja Pera e indu��o � elevada produtividade da variedade copa. O IAC 3128 se destacou em Barretos com a produ��o de 4.000 caixas, por hectare", diz Mari�ngela. O porta-enxertos IAC 3026 se destaca por induzir o porte ananicante � variedade de copa e gerar boa qualidade de fruta. Ele pode ser recomendado para plantios mais adensados, entretanto n�o apresenta toler�ncia � seca. A pesquisadora explica que os porta-enxertos que induziram porte da variedade copa menor que 2 metros foram considerados ananicantes. Os que induziram porte da variedade copa at� 3 ou 3,5 m de altura foram considerados semiananicantes. "Vale destacar que na regi�o norte do estado de S�o Paulo, devido �s altas temperaturas, radia��o solar e, por ser um experimento irrigado, as plantas ananicantes tiveram um desenvolvimento vegetativo superior �s plantas do experimento realizado na regi�o Central do estado de S�o Paulo, entretanto a produtividade acumulada foi 13% menor que na regi�o Central", comenta. Os dois porta-enxertos novos j� t�m registro junto ao MAPA. Durante as pesquisas, foram feitos testes em duas regi�es muito importantes para a citricultura paulista: Gavi�o Peixoto, na regi�o central paulista, e Barretos, no norte do estado. "Notamos que diferentes condi��es de solo e clima, principalmente as maiores m�dias de temperatura m�xima apresentada na regi�o de Barretos, influenciaram o comportamento dos porta-enxertos quanto � fixa��o de frutos", completa a cientista. Na pesquisa, a equipe concluiu tamb�m que os porta-enxertos influenciam no tempo de armazenamento dos frutos, que podem perder massa ao longo do per�odo em que ficam na g�ndola do mercado e na casa do consumidor. "Atualmente, a maior parte das plantas c�tricas do Brasil est� enxertada sobre os porta-enxertos lim�o Cravo e citrumelo Swingle, o que pode colocar em risco a citricultura brasileira em fun��o da baixa diversidade gen�tica. Por isso � t�o importante a ci�ncia gerar essas op��es ao setor citr�cola e o IAC est� disponibilizando essas duas novas alternativas, possibilitando a forma��o de plantas longevas e conferindo � copa produ��o e qualidade de fruto e suco", complementa Mari�ngela.
Sistema de Mudas Pr�-Brotadas de cana (MPB-IAC) - O sistema de Mudas Pr�-Brotadas (MPB) de cana-de-a��car est� em fase de certifica��o. O processo est� sendo feito pela Certificadora SGS, l�der mundial em inspe��o, verifica��o, testes e certifica��o. De acordo com a SGS, "a certifica��o socioambiental no setor agr�cola visa adequar processos, cadeias de valor e produtos �s normas reconhecidas internacionalmente." A empresa Terragrata Consultoria em Responsabilidade Socioambiental est� intermediando os tr�mites, que devem ser conclu�dos em dezembro pr�ximo. "Com essa certifica��o, o IAC demonstra �s partes interessadas que o Instituto est� disposto a mostrar para um avaliador independente suas a��es de sustentabilidade e o atendimento a determinados padr�es. Isso traz seguran�a para todos os interessados", comenta Iza Barbosa, fundadora da Terragrata. Para o pesquisador do IAC respons�vel pela tecnologia, Mauro Alexandre Xavier, a certifica��o insere o sistema MPB em novo n�vel de qualifica��o, que se estende �s atividades dos viveiristas que adotam a produ��o integrada do m�todo desenvolvido pelo IAC. "Estaremos qualificados dentro dos processos das boas pr�ticas em rela��o � sustentabilidade ambiental e social, al�m da pr�pria govern�ncia da tecnologia; � um passo que agrega valor a esse pacote tecnol�gico j� adotado em diversas regi�es do Brasil", diz Xavier. As certifica��es tornam as institui��es e empresas preparadas para os novos padr�es de consumo. Elas s�o meios para garantir a qualidade de produtos, servi�os e processos, inseridos em uma cadeia de valor comprovadamente comprometida com regras relacionadas ao ambiente e � sociedade. "A certifica��o refor�a a qualidade do sistema desenvolvido pelo IAC e do produto MPB perante o setor sucroenerg�tico", diz Xavier.
Inova��o e apoio a startups - A a��o entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento e a Prefeitura de Campinas, prevista no termo a ser assinado na segunda-feira (28), visa ao desenvolvimento conjunto de projetos de melhoramento e fortalecimento do ecossistema de inova��o em Campinas e Regi�o, tendo por base a sede do Instituto Agron�mico. Espera-se promover a competitividade das empresas em alto n�vel estrat�gico, envolvendo o est�mulo � pesquisa, ao desenvolvimento tecnol�gico e ao surgimento de novos neg�cios para o agroneg�cio. As atividades devem tamb�m impulsionar a inova��o e o empreendedorismo sustent�veis em Campinas, aproximando os ecossistemas do conhecimento compostos por institui��es de ci�ncia e tecnologia, universidades e empresas da regi�o. O protocolo a ser assinado n�o envolve a transfer�ncia de recursos financeiros ou materiais entre as partes. O documento ser� publicado no Di�rio Oficial do Estado de S�o Paulo e a partir da publica��o ter� in�cio sua vig�ncia, que se estende pelo prazo de 24 meses, podendo ser prorrogado at� o limite de 60 meses.
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