O governador Jo�o Doria (PSDB) participou ontem de manh� do in�cio dos testes cl�nicos da vacina Butanvac, no hemocentro do Hospital das Cl�nicas da Universidade de S�o Paulo (USP) em Ribeir�o Preto. Produzido pelo Instituto Butantan, o imunizante � um dos candidatos a vacina com fabrica��o 100% nacional. No evento, Doria e Dimas Covas, diretor do Butantan, refor�aram a import�ncia do produto para contribuir com a revacina��o dos brasileiros em 2022.
Na cerim�nia de ontem ainda n�o houve aplica��o de doses. Seis volunt�rios come�aram a passar por exames para poder receber a Butanvac, que come�ar� a ser aplicada em participantes dos ensaios cl�nicos nos pr�ximos dias. Na quarta-feira, a Anvisa autorizou o in�cio dessa etapa ap�s o Butantan encaminhar novos documentos que a ag�ncia havia solicitado. At� o fim dos testes para a libera��o da vacina, o n�mero de volunt�rios dever� chegar a ser dez vezes maior que o atual.
Nesta primeira etapa, os volunt�rios est�o divididos em quatro grupos. O grupo 1 ser� vacinado com um micrograma; tr�s microgramas ser�o aplicados no grupo 2. J� o grupo 3 vai receber 10 microgramas. O quarto grupo � vacinado com placebo. Os volunt�rios n�o ficam sabendo em que grupo est�o. A partir da�, passam a ser avaliadas a seguran�a da vacina e qual a dosagem do imunizante que ser� incorporada � vacina definitiva.
Nas etapas seguintes, a Butanvac ser� avaliada em rela��o � resposta imune que produz. A previs�o � de que os estudos levem aproximadamente 17 semanas. Como o Estad�o mostrou, o Butantan quer encurtar a Fase 3 dos ensaios. A Anvisa, no entanto, afirma que ainda n�o h� "consenso cient�fico" sobre esse novo modelo de testagem.
A Butanvac pode ser a primeira vacina com o princ�pio ativo, o IFA, produzido no Brasil. Para a produ��o da Coronavac, por exemplo, esse componente precisa ser importado da China. Al�m de facilitar a produ��o no Pa�s, a novidade deve reduzir bastante o custo de produ��o dessa vacina. O Butantan j� tem 10 milh�es de doses prontas para aplica��o.
Coronavac
No evento, Covas voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro, que tem divulgado mentiras sobre a Coronavac, tamb�m produzida pelo Butantan. O diretor do instituto ressaltou estudos recentes, no Chile e na Turquia, que apontam a efic�cia dessa vacina. E Doria comentou a pesquisa Datafolha divulgada anteontem, que aponta alta rejei��o ao presidente da Rep�blica. Segundo ele, Bolsonaro "est� recebendo o que merece: o desprezo da popula��o".
Como ser�o os testes?
Vacinas brasileiras mais adiantadas, como a Butanvac, ser�o testadas na compara��o com outras que j� est�o no mercado. Dessa forma, todos os volunt�rios que participarem do estudo receber�o vacinas - uma parte ser� vacinada com um imunizante que j� existe (como a Coronavac) e a outra parte com a nova vacina que se quer testar. No caso da Butanvac, a primeira fase do ensaio cl�nico ainda usar� placebo nos volunt�rios, mas nas fases posteriores todos receber�o vacina (ou Coronavac ou Butanvac).
Como ter as doses?
Uma das dificuldades ao se fazer estudos comparativos, neste momento, � conseguir as doses para o grupo controle. Se todos os volunt�rios v�o receber vacinas, ser� preciso ent�o ter doses dispon�veis dos imunizantes que j� existem no mercado para fazer os testes. Ocorre que as doses hoje aplicadas no Brasil s�o exclusivas para o Plano Nacional de Imuniza��o (PNI). N�o � poss�vel, simplesmente, deslocar doses do PNI para os ensaios cl�nicos. Os cientistas j� est�o esbarrando nessa dificuldade antes mesmo do in�cio dos testes em humanos. Uma das vacinas mais adiantadas, a Spintec, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), deve ser testada de modo comparativo a outro imunizante que j� existe. Os ensaios em humanos v�o come�ar s� no ano que vem, mas a Anvisa sugeriu que experimentos com animais j� fossem desenvolvidos de modo comparativo - ou seja, que os cientistas usassem doses de vacinas dispon�veis no mercado nos animais, para comparar com a Spintec. Os pesquisadores acreditam que, no ano que vem, o cen�rio mude com a vacina��o completa da popula��o e que os imunizantes fiquem mais dispon�veis para as pesquisas. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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