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Estado de Minas GERAL

Terceira dose tem impulso com Delta; Pfizer far� estudo no Pa�s


10/07/2021 07:50

A Pfizer j� recebeu autoriza��o da Anvisa para conduzir um estudo cl�nico no Brasil sobre a efetividade da aplica��o de uma dose de refor�o da vacina contra a covid-19 para maior prote��o contra a infec��o, sobretudo contra novas variantes. A decis�o vem logo ap�s os EUA liberarem a farmac�utica para aplicar refor�o na popula��o e das discuss�es advindas do avan�o da variante Delta.

Dados de estudo conduzido pela Pfizer nos EUA mostram que a dose extra cria n�veis de anticorpos cinco a dez vezes maiores do que os adquiridos com apenas duas. L�, a variante Delta, que � mais transmiss�vel e pode se espalhar rapidamente, provoca 25% dos casos. No Brasil, a preval�ncia �, em larga escala, da variante Gama, detectada originalmente em Manaus. De 70% a 100% dos casos nos Estados s�o desse tipo. J� se sabe que a Delta circula em S�o Paulo e, possivelmente, no Rio.

"A gente sabe que a resposta imunol�gica contra qualquer ant�geno tende a cair depois de um tempo", explica o virologista Fl�vio Guimar�es, pesquisador do Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas (UFMG). "No caso da covid-19, ainda estamos entendendo como essa queda acontece, depois de quantos meses, para quais variantes."

A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) confirmou a autoriza��o dada � Pfizer e informou que, at� o momento, a farmac�utica foi a �nica a pedir essa autoriza��o. A pesquisa pretende avaliar a seguran�a, a imunogenicidade (capacidade de estimular a produ��o de anticorpos contra o agente causador de uma doen�a) e a efic�cia de v�rias estrat�gias de refor�o da vacina em diferentes popula��es que j� receberam duas doses do imunizante.

Segundo a Anvisa, o estudo prev� o recrutamento de 443 volunt�rios no centro cl�nico do Hospital Santo Ant�nio das Obras Sociais Irm� Dulce, em Salvador, e 442 participantes no Centro Paulista de Investiga��o Cl�nica e Servi�os M�dicos, em S�o Paulo, onde a vacina foi testada originalmente. Ser�o recrutadas pessoas maiores de 16 anos, de ambos os sexos, que j� tenham tomado as duas doses regulamentares. A Pfizer informou que aguarda apenas a autoriza��o da Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa (Conep) para come�ar o estudo no Pa�s.

O Instituto Butantan informou que estuda "a possibilidade de um refor�o anual da vacina (que n�o deve ser confundido com uma terceira dose)" para ampliar sua efici�ncia. No caso da AstraZeneca, estudos da Universidade de Oxford, que desenvolveu o imunizante, apontaram uma resposta imune mais robusta com a terceira dose.

Cientistas brasileiros ouvidos pelo Estad�o dizem que a prioridade hoje no Pa�s, por�m, � acelerar a vacina��o contra a covid-19 e refor�ar a import�ncia de que as pessoas compare�am para tomar a segunda dose. Al�m disso, lembram, a variante Gama segue predominante no Brasil. Por enquanto, n�o h� ind�cios concretos de que a Delta v� tomar o seu lugar. "A Delta j� foi registrada no Pa�s, mas n�o se tornou epid�mica", constata Guimar�es. "Nem sabemos se vai se tornar."

A diretora da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (Sbim) Fl�via Bravo concorda com o colega. "Agora n�o � a hora de a gente pensar em terceira dose", afirma a especialista. "� natural que pa�ses que est�o muito avan�ados na imuniza��o comecem a se preocupar com isso. Mas n�o � o nosso caso. O que temos de fazer � vacinar todo mundo rapidamente para reduzir a circula��o do v�rus."

Na Fran�a, a dose extra j� � aplicada em pessoas com problemas imunol�gicos. O Reino Unido quer aplicar o refor�o a partir de setembro, especialmente em idosos. A Indon�sia, pa�s onde a maior parte da popula��o recebeu vacinas chinesas, j� estuda a aplica��o de uma dose a mais em profissionais de sa�de. O refor�o seria com o imunizante da Moderna, doado pelos EUA.

Por que a variante Delta preocupa tanto?

A Delta gera preocupa��es sobretudo pela escalada de casos na �ndia e pelo r�pido avan�o em pa�ses europeus. A variante passou a ser respons�vel por mais de 90% dos novos casos no Reino Unido e em Portugal, al�m de avan�ar em Alemanha, Fran�a e Espanha, aponta an�lise do Financial Times do fim de junho. Estimativas indicam, al�m disso, que a variante � cerca de 50% mais transmiss�vel do que a Alfa, descoberta pela primeira vez no Reino Unido. N�o � toa, a Delta j� representa mais de 25% dos casos novos nos Estados Unidos, pa�s onde h� uma cobertura vacinal avan�ada. "Ainda n�o associaram a Delta a uma maior taxa de mortalidade, mas � uma variante de maior transmissibilidade", explica o pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da USP e coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Dasa, Jos� Eduardo Levi. Segundo ele, o que chamou a aten��o no avan�o da variante no Reino Unido � que ela se sobrep�s mesmo � variante inglesa (Alfa), que tamb�m � classificada como uma "variante de preocupa��o". Um estudo liderado pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, com a participa��o da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou ainda que a variante Delta pode aumentar os riscos de reinfec��o pelo novo coronav�rus. J� um outro estudo publicado na revista cient�fica The Lancet indica que o risco de interna��o � maior em pessoas que foram infectadas pela Delta, em compara��o �queles que se infectaram pela Alfa.

E no Brasil?

Atualmente no Brasil a preocupa��o em rela��o � Delta se d� mais por precau��o, j� que a variante assusta em outros pa�ses, explica Jos� Eduardo Levi. "Eu acho que � correto a gente ficar preocupado com a Delta aqui no Brasil, mas a gente tem muito mais motivos para se preocupar al�m dela", diz. "A P.1 (Gama) dominou o ambiente totalmente. E ela pode ser t�o ou mais transmiss�vel do que a cepa indiana." O pesquisador explica que, para al�m da Alfa, n�o se tem muitos comparativos da Delta em rela��o a outras variantes, como a de Manaus (Gama) e a sul-africana (Beta). "Para fazer esse comparativo, basicamente � necess�rio ver como a Delta se expande em um ambiente dominado por outra variante. N�o se faz teste de laborat�rio de competi��o, por exemplo." Para conter o avan�o da cepa no Pa�s, o virologista Anderson Brito refor�a a import�ncia de seguir vigilante em rela��o ao v�rus e de adotar medidas protetivas, como uso de m�scaras PFF2 e distanciamento, al�m de evitar locais fechados. "Temos uma pequena parcela da popula��o vacinada com duas doses no Brasil, e o n�mero de infec��es ainda � alto no Pa�s", diz.

Sintomas causados pela Delta s�o diferentes?

De acordo com Anderson Brito, dados preliminares do Zoe Covid Symptom, estudo realizado no Reino Unido, mostram que os infectados no pa�s europeu pela variante Delta t�m apresentado menor perda de olfato, enquanto coriza e dor de cabe�a agora s�o mais comuns. Outros estudos realizados at� ent�o, como o do King's College, de Londres, v�o no mesmo sentido. "Demora um tempo para a ci�ncia provar isso, mas o que est�o relatando � que, sim, est� havendo mudan�a de sintomas", diz Jos� Eduardo Levi. "Mas isso � dif�cil de se controlar, porque quem est� se infectando agora s�o, em maioria, os n�o vacinados, que s�o mais jovens. Ser� que os sintomas t�m a ver com a variante em si ou com o fato de que s�o jovens, que talvez acabam n�o desenvolvendo outros sintomas?", questiona.

A descoberta do primeiro caso da variante Delta em S�o Paulo preocupa em rela��o a uma terceira onda no Brasil?

Levi explica que, quando o assunto � pandemia, os pr�ximos meses ainda s�o incertos. "Pode haver uma terceira onda, mas acredito que � mais prov�vel que seja causada por uma variante derivada da Gama, uma Gama Plus, do que por uma variante Delta, ou uma Delta Plus", avisa. Origin�ria da Delta, a Delta Plus come�ou a crescer na �ndia, mas ainda n�o foi vista em outros lugares. J� a Gama tem varia��es espalhadas pelo Brasil, como no interior do Estado de S�o Paulo. "De todo modo, a gente n�o est� aqui para fazer aposta, est� aqui para preven��o. O que tem de ser feito � identificar a pessoa infectada, ver com quem ela teve contato e fazer o bloqueio dessas pessoas", diz o pesquisador.

O que se sabe sobre o grau de prote��o que as atuais vacinas oferecem contra a variante Delta?

"Com a vacina da Pfizer, tem uma pequena diferen�a de prote��o. Existe uma perda de prote��o, mas ela � pequena", responde Levi. A situa��o � similar � que ocorre com o imunizante de Oxford/AstraZeneca. Em rela��o � vacina da Janssen, a Johnson & Johnson, que � dona da farmac�utica, anunciou que o imunizante de dose �nica � eficaz.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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