(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas GERAL

Ex-dom�stica escravizada por 38 anos ganha apartamento de patr�o como indeniza��o


16/07/2021 12:21

A dom�stica Madalena Gordiano diz que nunca esteve t�o feliz. Ela, que se tornou s�mbolo da luta contra o trabalho escravo no Brasil, fechou h� tr�s dias um acordo com a fam�lia que a manteve por 38 anos em condi��es an�logas � escravid�o em sua resid�ncia, em Patos de Minas, regi�o do Alto Parana�ba, em Minas Gerais.

Pelo acerto, Madalena j� recebeu um apartamento, avaliado entre R$ 400 mil e R$ 600 mil, e um carro, no valor de R$ 70 mil, bens que pertenciam � fam�lia que � r� num processo aberto pelo Minist�rio P�blico do Trabalho no ano passado. O acordo prev� mais R$ 20 mil para pagamento de impostos dos bens em quest�o.

Assim como Madalena, seus advogados, volunt�rios da Cl�nica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberl�ndia (UFU), consideraram o acordo satisfat�rio - apesar de terem reivindicado R$ 2,2 milh�es.

Madalena, no entanto, disse ao Estad�o que n�o vai ficar com os bens. Ela pretende vend�-los para construir ou comprar uma casa, ainda n�o sabe bem. A v�tima pretende seguir morando em Uberaba, onde atualmente mora com uma assistente social. "Vou vender o apartamento. N�o vou morar l� n�o, porque tenho muita recorda��o ruim. Mas vou ter de entrar, olhar. Agora � meu, n�?

As lembran�as ela ainda n�o consegue apagar. "Eles me maltratavam muito, n�o me deixavam fazer nada. Eu queria ir na missa e n�o podia, ou tinha de voltar depressa. Me davam muita bronca", lembra.

Esse sofrimento, por�m, ficou para tr�s. Quando atendeu ao telefonema da reportagem, primeiro disse que n�o poderia falar porque estava indo para a academia. Mas logo come�ou a contar como tem sido a nova vida e a rela��o ainda recente com a liberdade. "Fui para a praia, entrei no mar, fizeram uma festinha de anivers�rio para mim, pequena, por causa da pandemia. Estou de cabelo novo", contou ela, rindo. "Estou feliz demais".

Tamb�m est� muito contente por ter voltado a estudar, est� aprendendo Portugu�s e Matem�tica, e falou sobre o futuro. Trabalhar de dom�stica, nunca mais. "Eu quero � estudar, virar enfermeira, ajudar a atender as pessoas", sonha. E passear. Depois de conhecer o mar de Paraty, o pr�ximo destino ser� a cidade maravilhosa. "O Rio � muito lindo, quero ir l�."

Sobre a fam�lia que a mantinha como escrava, ela diz que nunca mais se encontrou com eles. "Nem quero. De vez em quando eles aparecem em audi�ncia, custaram a fazer o acordo, o advogado deles n�o aceitava nada. Ele tamb�m n�o", disse, referindo-se ao professor Dalton Cesar Milagres Rigueira, que est� sendo processado junto com a mulher, Valdirene Rigueira. A reportagem n�o conseguiu contato com a defesa de Rigueira.

Madalena Gordiano foi resgatada pelo MPT e Pol�cia Federal em Patos de Minas em 27 de novembro de 2020. A dom�stica morava na casa dos patr�es, n�o tinha registro em carteira, nem sal�rio m�nimo garantido ou descanso semanal remunerado.

"N�o foi um acordo f�cil. As audi�ncias foram muito longas. Reivindicamos tudo o que ela tinha direito, que somava esses R$ 2 milh�es, mas o acordo foi muito bem-vindo, ela queria resolver isso", conta a advogada M�rcia Leonora Santos R�gis Orlandini, professora de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito da UFU e coordenadora da Cl�nica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da universidade.

"Todos os advogados que atuaram no caso s�o volunt�rios. Foi um esfor�o muito grande. Por mais que se tenha indigna��o, foi muito r�pido o acordo, foram sete meses", afirma M�rcia Orlandini. Segundo ela, o MPT fez uma devassa no patrim�nio da fam�lia e n�o foram encontrados outros bens al�m dos citados no acordo.

A advogada tamb�m disse que um acordo foi fechado com cinco bancos onde os acusados fizeram empr�stimos consignados em nome de Madalena, no valor estimado de R$ 50 mil. Todos os empr�stimos ser�o cancelados.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)