
Uma das raz�es de a pandamia continuar a apresentar n�meros elevados se explica, tamb�m, na desorganiza��o do Minist�rio da Sa�de. Sem uma coordena��o desde 7 de julho, quando Francieli Fantinato foi exonerada do cargo a pedido, o Programa Nacional de Imuniza��es (PNI) — respons�vel por coordenar a campanha de vacina��o contra a covid-19 — encontra dificuldades para destravar as discuss�es e assiste estados e munic�pios anunciarem as pr�prias regras de vacina��o. A atitude tem sido alvo de cr�ticas do ministro Marcelo Queiroga, que ontem voltou a reprovar a a��o ao afirmar que decis�es tomadas fora do PNI geram “calor” em vez de gerar “luz”.
Na falta de uma coordena��o geral e de interlocu��o do governo federal, estados e munic�pios adotam medidas fora do pactuado no PNI e contr�rias � comiss�o tripartite — que re�ne o minist�rio e as secretarias estaduais e municipais de Sa�de. Queiroga criticou a decis�o, de algumas unidades da Federa��o, de incluir adolescentes na campanha de imuniza��o contra a covid-19 e tamb�m a intercambialidade de imunizantes em gr�vidas, a��es adotadas por alguns estados, sem o aval do PNI.
Terceira dose
E ontem, sem citar diretamente o Rio de Janeiro, Queiroga criticou o an�ncio da inten��o de vacinar os idosos com uma dose de refor�o. “N�o podemos ter munic�pios criando regras pr�prias, escolhendo subgrupos diferentes para a vacina��o. Agora, um grande munic�pio do Brasil j� est� anunciando a terceira dose. Como anunciar a terceira dose se a gente n�o avan�ou ainda na primeira dose em 100% da popula��o brasileira? Isso gera calor em vez de gerar luz”, disse, durante discurso em um evento em Campo Grande.
A inten��o de fazer o refor�o da vacina no grupo de idosos com 60 anos ou mais foi anunciada na �ltima quinta-feira, em uma live do prefeito Eduardo Paes. A ideia, segundo o secret�rio municipal de Sa�de do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, ainda � estudada, mas j� foi divulgada uma previs�o para que os idosos recebam uma terceira dose do imunizante entre outubro e dezembro. “Essas s�o discuss�es iniciais, que precisam ser aprofundadas. Estamos prevendo aqui, organizando nossa log�stica, mas a gente vai ter de ver alguns fatores”, disse o secret�rio.
Entre os fatores citados, est� justamente a avalia��o de qual ser� a recomenda��o do PNI na �poca (outubro e dezembro). Segundo Soranz, a discuss�o sobre doses de refor�os nos idosos j� ocorre no programa. No entanto, o Minist�rio da Sa�de nunca abordou publicamente a ideia, nem divulgou poss�veis datas para a aplica��o de uma terceira dose neste grupo.
A antecipa��o dessa divulga��o por parte da Prefeitura do Rio, segundo o secret�rio de Sa�de, � para “tentar dar previsibilidade para as pessoas” e “for�ar algumas discuss�es que s�o importantes”. “Essa � uma discuss�o que precisa come�ar a ser debatida. Como a gente est� em uma pandemia, atrasos nessas discuss�es e nesse processo podem gerar danos para a popula��o”, ponderou.
Soranz ainda afirmou que a falta de coordena��o do PNI traz dificuldades para destravar esses debates que surgem ao longo da campanha de imuniza��o. “Infelizmente, a gente, nesse momento, tem um problema no Minist�rio da Sa�de porque a coordenadora do PNI acabou de ser demitida. Ent�o, a gente ainda tem uma dificuldade de avan�ar nessas discuss�es”, disse o secret�rio, ao comentar a ideia de uma dose de refor�o.
Mandetta ironiza Sa�de por parecer da cloroquina
Ap�s o Minist�rio da Sa�de afirmar, por meio da Comiss�o Nacional de Incorpora��o de Tecnologias no Sistema �nico de Sa�de (Conitec), que os medicamentos do chamado “kit covid” s�o ineficazes no tratamento contra a doen�a, o ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta ironizou a nova posi��o da pasta e tamb�m a forma como a informa��o foi divulgada. O parecer foi enviado, esta semana, � CPI da Covid. “Ap�s um ano, sete meses e 536 mil mortes, o Minist�rio da Sa�de fala baixinho que ‘tratamento precoce’ n�o � recomendado. Demorou hein?”, postou no Twitter. Ele tamb�m cobrou do Conselho Federal de Medicina uma posi��o. “Al� @Medicina_CFM agora s� falta voc�! Ci�ncia!!!”, exigiu. Em abril do ano passado, a entidade divulgou um parecer no qual estabelece crit�rios e condi��es para a prescri��o de cloroquina e de hidroxicloroquina em pacientes com diagn�stico confirmado de covid-19, mesmo ap�s afirmar que n�o h� evid�ncias s�lidas na preven��o e tratamento da doen�a com os medicamentos.