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Estado de Minas GERAL

Em S�o Paulo, procura para tirar CNH por jovens diminui 10,5% em seis anos


12/08/2021 17:00

O isolamento social dificultou a busca neste ano e meio, mas ainda assim o desejo de dirigir n�o parece ser mais o sonho de jovens que completam 18 anos. Um levantamento do Detran de S�o Paulo mostra uma queda de 10,5% no n�mero de pessoas de 18 a 30 anos que tiraram a carteira de habilita��o (CNH) nos �ltimos seis anos. O n�mero de CNHs nessa faixa et�ria caiu de 4,8 milh�es em junho de 2015 para 4,3 milh�es, enquanto o n�mero total de CNHs no Estado cresceu quase 17%.

"Eu n�o preciso de carro e, quando tenho de sair, meu pai me leva ou uso transporte p�blico ou aplicativos", resumiu o estudante universit�rio Milton Moreira, de 21 anos, que vive em Santo Andr�, no ABC paulista. Em entrevista ao Estad�o, ele contou que atualmente, por causa da pandemia, n�o tem sa�do de casa. Mas acrescenta que nunca teve mesmo o entusiasmo por um carro, comportamento que � comum entre pessoas de sua idade. "Muita gente tem esse desejo, mas eu n�o tenho. Agora, ent�o, com a pandemia, nem saio de casa", afirmou o estudante.

O jovem argumenta ainda, que, por n�o dirigir, fica livre de custos de manuten��o ou despesas com eventuais acidentes. O estudante j� adiantou que "em curto prazo" n�o pretende pilotar. "Quem sabe mais para a frente", afirmou.

J� a professora Carolina Cheres Nogueira, de 27 anos, que n�o tem CNH, contou que nunca teve o desejo de ter carro ou dirigir. "Quando eu era mais jovem, meu pai, que era instrutor de autoescola, sempre quis que eu tivesse a 'carta'", relatou. "Mas ele faleceu quando eu tinha 18 anos e nunca fui atr�s disso. Era um desejo mais dele do que meu", explicou Carolina, que � professora-assistente em escola de ensino fundamental no Butant�, zona oeste da capital. "Eu n�o me preocupo com isso", afirmou. "Para voltar das minhas festas � noite, eu j� usava t�xi antes de aparecer Uber, at� porque eu n�o entro em carro de amigos alcoolizados. E tamb�m uso o transporte p�blico, nunca tive problemas com isso", disse a professora.

Para Carolina, que d� aulas para classes de quarto e quinto ano, o comportamento dos jovens est� mudando porque h� muitas op��es de transporte com v�rios aplicativos. "Eu uso at� para viajar, vou para o Guaruj� por R$ 20", justificou. Carolina argumentou ainda que agindo assim "n�o chega nem perto dos custos que teria para comprar um carro, sem falar das despesas com manuten��o". Ela lembra, ainda, que sempre que vai �s compras, no centro da cidade, vai e volta com aplicativo. "Assim evito o tr�nsito, o estacionamento, a Zona Azul. � muito mais pr�tico."

Queda desde 2017

De acordo com o levantamento do Detran, a redu��o nas CNHs foi de 262.377 casos em junho, em rela��o ao mesmo m�s de 2020, quando foram observados os dados na faixa et�ria de 18 a 30 anos. Na compara��o, houve um aumento de habilita��es de 2015 para 2016 (de 4.872.801 em 2015 para 4.882.987 em 2016). Depois disso, segundo os relat�rios do Detran, a queda � constante desde 2017 (veja quadro).

Para M�rcia Menezes, diretora executiva da Federa��o Nacional das Cooperativas de Trabalho dos M�dicos e Psic�logos Peritos de Tr�nsito (Fenactran), v�rios fatores explicam a queda do interesse dos jovens pela carteira de motorista. "Eles j� n�o fazem quest�o de dirigir", disse a psic�loga. "O que mais salta nas observa��es � o valor do carro, o uso e a manuten��o, valor da vaga de estacionamento, que � alto para grande parte dos jovens, al�m do valor da pr�pria CNH", explicou a especialista. Para ela, muitos jovens at� buscam a habilita��o, mas � mais como um trof�u, para motos ou para usar o carro da fam�lia.

O que mais ocorre, segundo M�rcia Menezes, � a op��o pelos aplicativos de locomo��o. "Os universit�rios, por exemplo, t�m os gastos com os estudos, buscam morar mais perto das faculdades e v�o caminhando ou de bicicleta". Um levantamento da organiza��o Monitoring the Future, segundo ela, aponta um desinteresse mundial crescente pelos carros.

Para a perita, h� sim uma mudan�a no comportamento social em rela��o aos ve�culos. "A representa��o social sobre ve�culos � tida como essencial pelos mais velhos, acostumados a ver o carro como s�mbolo da independ�ncia, de conquistas e poder", ressaltou. "Hoje, a carteira de motorista � uma escolha influenciada pela crise econ�mica, pelos inconvenientes do tr�nsito, os custos para manter um ve�culo pr�prio e a populariza��o de aplicativos", completou.

A psic�loga v� tamb�m um aumento da preocupa��o das pessoas por mais qualidade de vida e por controle do pr�prio tempo longe dos congestionamentos. Isso tudo, conclui, se somou ao comportamento dos mais jovens. E a pandemia provocou redu��o tamb�m. As autoescolas e os peritos, por exemplo, ficaram pelo menos seis meses parados, explicou a perita. Outro elemento � o custo m�dio nacional da CNH - de R$ 1,6 mil a R$ 2,3 mil

Cen�rio j� era esperado

De acordo com Juliana Guimar�es, da Comiss�o de Sa�de Mental da Associa��o Brasileira de Medicina do Trabalho (Abramet), o cen�rio de queda na procura pela CNH j� vinha sendo observado. "Essa queda entre os jovens j� era notada n�o somente com os carros, mas tamb�m no caso de im�veis, dentro dessa cultura nova de permanecer em casa, investir o dinheiro, por exemplo", disse Juliana Guimar�es. "No caso do carro, hoje temos alternativas como aluguel tempor�rio de ve�culos, uso de aplicativos. Isso tudo mudou a din�mica da sociedade", explicou a t�cnica da Abramet. "Estamos aqui falando de uma classe m�dia e m�dia alta, que est� empregada", justificou Juliana, lembrando que a representa��o social do carro e da CNH � uma caracter�stica brasileira, diferente de outros pa�ses, onde as pessoas caminham mais e usam bicicletas.

Ela lembrou ainda que os pre�os no processo da primeira habilita��o s�o altos - na m�dia nacional, de R$ 1,6 mil a R$ 2,3 mil, com exames, taxas e autoescola. "� caro, mais do que um sal�rio m�nimo, para os economicamente desprivilegiados."

Mas ela v�, sim, uma mudan�a na queda das CNHs para jovens durante a pandemia, a dos jovens em dificuldades econ�micas "que usam a habilita��o para trabalhar". Esse p�blico jovem "foi em busca da CNH como alternativa de primeiro emprego", disse. "E a hip�tese que a gente levanta � o crescimento nos servi�os de entrega, aplicativos de delivery", afirmou. Uma corrida pela habilita��o, "que se nota pelo uso de motos e carros de quentinhas". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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