
Os caciques s�o escolhidos por vota��o, mas Majur assumiu sem elei��o ap�s o afastamento do pai e todos os ind�genas concordaram com a decis�o. � reportagem, ela conta que ser cacique nunca foi uma ambi��o dela, mas que naturalmente ela teve que assumir muitas fun��es na aldeia e isso a preparou para assumir o cargo.
Em 2017, passou no curso de fisioterapia e de antropologia e tamb�m no processo seletivo para ser agende de sa�de ind�gena. Ela resolveu ficar na comunidade e assumir a vaga. "Sempre deixei claro para as pessoas e para a minha fam�lia que nunca quis liderar uma comunidade, s� que devido a minha fam�lia abrir a Aldeia Apido Paru e tamb�m de ter muito contato com a organiza��o e de ser bem ativa dentro da aldeia e tamb�m por estar no cargo de Agente Ind�gena de Sa�de, eu tive que me aprofundar mais como lideran�a e assim me tornar a cacique. S� que deixando claro que nunca quis ter uma responsabilidade maior como agora", explicou.
Apesar da grande responsabilidade, ela n�o se intimida. "Ent�o, eu fui bem preparada desde pequena at� chegar nesse cargo onde estou. Para mim n�o est� sendo dif�cil, amo desafio", afirma.
A transexualidade
Majur se descobriu transexual aos 12 anos e ela lembra que h� relatos de outros ind�genas que n�o se identificam com o sexo que nasceram. "Pra mim � uma coisa que j� existiu, segundo a informa��o que a minha m�e me contou", relata. "Desde pequena j� me via que eu era totalmente diferente das outras pessoas. E os anos foram se passando e eu me preparando at� hoje", completa.
Em 2018, a ind�gena protagonizou o document�rio Majur, do diretor Rafael Irineu. No curta-metragem, ela relata o processo de se descobrir transexual e suas fun��es na aldeia. De acordo com ela, o filme foi fundamental para que as pessoas na aldeia pudessem a compreender de forma melhor e que isso serve de inspira��o para outras pessoas. "Eu vi que depois do document�rio Majur mudou muito. Os jovens ind�genas sabe que me refiro a posi��o sexual", explica.
Na Aldeia, que tem cerca de 70 ind�genas, ela diz que foi totalmente aceita. "Nunca sofri preconceito, se j� sofri n�o me lembro, sempre fui bem respeitada", afirma.