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Estado de Minas GERAL

Inclus�o eleva ganhos de alunos, mas MEC quer separar turmas


21/08/2021 17:10

Em contraste com o que o Minist�rio da Educa��o (MEC) tem defendido, a presen�a de alunos com defici�ncia, transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades e superdota��o em turmas inclusivas tem aumentado nas escolas brasileiras e se tornou maioria at� na rede privada. O total de alunos nesses perfis cresceu 86% em uma d�cada, chegando a 1,3 milh�o, segundo dados do governo. A ado��o de turmas mistas, apontam estudos, beneficia crian�as com defici�ncia e tamb�m os outros colegas.

"A escola tra�a objetivos pr�prios para ele. As outras crian�as participam, at� brigam para decidir quem vai fazer com ele", conta a advogada Mariana Campos de Souza, de 45 anos, sobre a experi�ncia do filho Marco Ant�nio, de 13, em uma turma inclusiva. Entre os ganhos que observou est�o maior autonomia e sociabilidade. "A vontade de estar com outras crian�as aumentou. Ele (que tem defici�ncia intelectual) se sentiu acolhido."

Nesta semana, o titular do MEC, Milton Ribeiro, disse que h� crian�as com grau de defici�ncia em que "� imposs�vel a conviv�ncia" em classe e, al�m disso, defendeu separar esses alunos em classes especiais. A fala foi alvo de cr�ticas e ele se desculpou.

A oferta de turmas inclusivas (ou mistas) no lugar da segrega��o em escolas especiais se tornou amplamente defendida nos anos 1990, mas passou a ser mais incentivada no Brasil ap�s 2008, com a Pol�tica Nacional de Educa��o Especial na Perspectiva Inclusiva. A Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) diz que o acesso � educa��o inclusiva � direito de todos.

Trabalho do Instituto Alana com a ABT Associates de 2016, coordenado pela Universidade de Harvard, compilou 89 estudos de 25 pa�ses que revelam ganhos do ensino inclusivo para todos - um deles � alunos sem defici�ncia terem opini�es menos preconceituosas e serem mais receptivos a diferen�as.

Cerca de um ter�o dos alunos de educa��o especial estava em escolas ou turmas especiais h� dez anos. Hoje, 93,3% est�o em classes inclusivas. At� mesmo na rede privada, onde a ades�o ainda � menor, as classes mistas passaram a ser maioria (58,5%).

No Instituto J� Clemente, antiga Apae de S�o Paulo, a escola especial foi encerrada em 2010, ap�s a transi��o da maioria dos alunos para escolas regulares. Supervisora do Atendimento Educacional Especializado na institui��o, Roseli Olher acompanhou: "As pessoas com defici�ncia que passaram a frequentar escolas comuns e a conviver com outras pessoas que n�o tinham defici�ncia se desenvolveram muito mais que o outro grupo, em termos de autonomia, independ�ncia, postura de estudante", diz. "Passaram a ter voz, optar pelo que queriam."

Para ela, a maior difus�o da educa��o inclusiva explica o avan�o maior no ensino m�dio - a alta de alunos com defici�ncia na etapa foi de cinco vezes. "Por conta das dificuldades, as fam�lias desistiam", afirma.

A ideia na educa��o � perceber o aluno como indiv�duo e parte de um grupo. Independentemente de ter defici�ncia, cada um vive a aprendizagem de um jeito e, por vezes, isso requer adapta��es. "Trabalha-se o mesmo conte�do, mas de formas distintas", afirma Roseli.

Pesquisa Datafolha em 2019 mostrou que 86% dos entrevistados concordaram com a frase "escolas se tornam melhores ao incluir crian�as com defici�ncia" e 76% acreditam que alunos com defici�ncia aprendem mais junto de crian�as sem defici�ncia. Por outro lado, 42% acham que o aluno com defici�ncia atrasa o aprendizado de colegas sem defici�ncia. E constatou 26% das crian�as e adolescentes de 0 a 14 anos com defici�ncia fora da escola.

Exemplos

Na Escola Municipal �gua Azul, zona leste de S�o Paulo, a diretora Eliane Torres conta que 48 dos cerca de 1,3 mil alunos t�m defici�ncia. No local, h� professoras especializadas em identificar necessidades e a orientar educadores da turma. "A inclus�o n�o � s� colocar dentro da escola, mas ter acesso ao curr�culo, como todos." Nas salas, se preciso, estagi�rias s�o enviadas para dar aux�lio, mas sem excluir o aluno das din�micas da turma. Funcion�rios s�o designados para auxiliar no caso dos que precisam de apoio em outros momentos dentro da escola.

Diretora da Educa��o B�sica do Col�gio Mackenzie, privado, M�rcia R�gis comenta que todas as turmas com alunos com defici�ncia passam por atividades para os demais conhecerem qual � aquela defici�ncia. "Para saberem o que � isso, conhecerem no dia a dia as necessidades de uma crian�a com S�ndrome de Down (por exemplo), como o ambiente pode ser mais favor�vel a ela. Nossos alunos cresceram muito em rela��o a isso", diz.

Fam�lias de alunos com defici�ncia relatam ainda dificuldade para a matr�cula na rede privada, assim como atendimento adequado. A criadora de conte�do Veronica Oliveira, de 40 anos, pela primeira vez vive experi�ncia satisfat�ria com o ensino do filho Ian, de 13, que tem autismo e est� na 7.� s�rie. "Ele tem acompanhamento mais dedicado. Tinha dificuldades com algumas mat�rias que agora est� entendendo bem. Ficou �timo em Matem�tica, uma coisa que nunca tinha acontecido."

Em todas as outras, por mais que tenha percebido boa vontade, os profissionais n�o eram capacitados. "A cada ano, troc�vamos de escola. Teve col�gio que ele estudou que os pr�prios pais (de outros alunos) eram contra a inclus�o", lembra.

Nas duas primeiras escolas que buscou este ano, viu resist�ncia ao citar a defici�ncia. Fez, ent�o, a pr�-matr�cula sem citar o autismo. Pagou mensalidades adiantadas e entregou a ficha de sa�de - quando foi informada pela escola que havia ocorrido erro e que as vagas esgotaram. No atual col�gio, h� di�logo aberto com a equipe de sa�de que acompanha Ian.

A falta de estrutura ou materiais � outro gargalo. "Nas escolas comuns, o que falta ainda s�o recursos humanos, acessibilidade arquitet�nica, etc. Por ainda n�o estarem todas preparadas, complica um pouco a inser��o", diz Roseli Olher. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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