Com a maior parte do dia dedicada a cuidar de duas crian�as, a bab� Janice Pereira, de 51 anos, esqueceu de tomar a segunda dose contra a covid-19 e s� se deu conta depois que uma agente comunit�ria ligou para avisar do atraso. Uma equipe de sa�de foi at� a resid�ncia onde ela trabalha, em uma vila do Bom Retiro. "Eles foram nota 10. J� pensou se eu fico sem tomar a minha vacina?"
Diab�tica e hipertensa, Janice havia recebido a primeira dose em maio e deveria ter retornado ao posto de vacina��o em meados deste m�s. Perdeu o prazo por poucos dias. "Eu estava com uma data na cabe�a e era outra", justifica. "A segunda dose d� um al�vio: olha o quanto de gente que j� morreu."
A busca ativa realizada pelas prefeituras � a principal ferramenta para reduzir o �ndice de faltas em campanhas de vacina��o. Na maioria dos casos, tentar contato por telefone ou bater na casa das pessoas s�o as estrat�gias mais comuns. Com a pandemia, munic�pios paulistas tamb�m t�m recorrido a mutir�es de repescagem, carros de som e disparos de mensagem por e-mail, WhatsApp, campanhas em redes sociais ou at� mesmo telegrama de acordo com consulta feita pelo Estad�o a 34 munic�pios paulistas.
Dados da Secretaria Estadual da Sa�de apontam que mais de 4 milh�es j� completaram o ciclo de imuniza��o em S�o Paulo. Em contrapartida, o Estado registrava um total de 1,2 milh�o de faltosos nas 645 cidades at� a �ltima sexta-feira.
Encontrar, convencer e conseguir vacinar os faltosos se torna prioridade conforme a imuniza��o geral avan�a. O risco do espalhamento da variante Delta, mais transmiss�vel, tamb�m preocupa. O Estad�o acompanhou o trabalho de uma das equipes de sa�de na capital na tarde de quinta-feira, dia 19.
Medo de rea��o vacinal, desinforma��o sobre a necessidade do refor�o e fatores sociais, como falta de hor�rio por causa do trabalho, s�o outros motivos citados para que as pessoas deixem de comparecer. E h� situa��es em que as pessoas acabaram infectadas - e, portanto, t�m de adiar o refor�o - ou est�o acamadas.
H� 13 anos no Sistema �nico de Sa�de (SUS), a agente comunit�ria Fernanda Oliveira, de 36, foi a respons�vel por localizar Janice e alert�-la do atraso. Por conhecer o territ�rio, as fam�lias e a realidade local, a fun��o do agente � considerada indispens�vel nesse trabalho.
Segundo afirma, Fernanda tem se deparado cada vez menos com pessoas resistentes � vacina��o. "Acontecia mais no come�o, hoje � um ou outro. A gente busca orientar. Sempre dou exemplo de pessoas famosas que pegaram covid."
Para ela e outros profissionais da �rea, a maior aceita��o da vacina nas �ltimas semanas pode estar relacionada ao avan�o de diagn�sticos e mortes por coronav�rus. No Estado, s�o mais de 144 mil �bitos desde o in�cio da crise sanit�ria. "Tive o caso de uma idosa de 100 anos que tivemos de ir vacinar na casa dela, porque havia fraturado a bacia", relata a agente. "O filho n�o acreditava na doen�a, evitava m�scara e acabou pegando covid. Ele foi intubado e veio a falecer depois."
J� o t�cnico de enfermagem Jonas Mendes, de 48 anos, se vale do pr�prio exemplo no contato com as pessoas. "Tive covid, perdi 9 quilos e fiquei internado por 22 dias. O que digo �: �Amigo, fui l� em cima e felizmente consegui voltar. Sou a prova viva de que a doen�a � muito s�ria�", conta. "Usar um caso que aconteceu comigo mesmo facilita que o outro tenha empatia."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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