Uma bab� de 25 anos pulou do terceiro andar de um pr�dio, em Salvador (BA), para fugir da patroa que a agredia e a mantinha em c�rcere privado, segundo declarou � pol�cia. Com fratura no p�, a jovem foi socorrida pelos bombeiros e levada ao Hospital Geral do Estado. O caso aconteceu na quarta-feira, 25, e est� sendo investigado pela 9� Delegacia Territorial da capital baiana.
Segundo o hospital, a jovem Raiana Ribeiro da Silva recebeu cuidados m�dicos e teve alta, mas est� sendo acompanhada em casa. A patroa, Melina Esteves Fran�a, foi ouvida pela pol�cia e negou o crime, mas outras quatro ex-empregadas tamb�m a acusam de maus tratos. O Minist�rio P�blico do Trabalho da Bahia (MPT-BA) abriu apura��o.
De acordo com advogado Bruno Oliveira, que acompanha o caso a pedido da fam�lia de Raiana, a jovem morava na cidade de Itanagra, a 150 km de Salvador, e conseguiu o emprego de bab� atrav�s de um site, na internet. Depois de conversar por telefone com a patroa, ela se mudou para a capital baiana. No apartamento de um condom�nio de alto padr�o do bairro Imbu�, Raiana cuidava de tr�s crian�as e, segundo contou ao advogado e � pol�cia, era privada de alimenta��o. Na �ltima ter�a-feira, 24, ap�s conseguir um emprego melhor, ela avisou a patroa que deixaria o trabalho. Segundo o relato da v�tima, a mulher a chamou de "vagabunda" e come�ou a agredi-la com tapas, mordidas e pux�es de cabelo.
Raiana chegou a pedir socorro usando o celular. Na mensagem, anexada ao inqu�rito, ela fala com a irm�: "Oh, Meu Deus, chama a pol�cia. Eu estou sendo agredida aqui. Estou sendo agredida aqui, nega, no trabalho, no Imbu�. Chama a pol�cia, chama a pol�cia, por favor", pede. Em seguida, segundo seu relato, a mulher tomou seu celular e a trancou no banheiro. A bab� conseguiu sair pelo vitr� basculante do banheiro, mas acabou caindo. Ela recebeu os primeiros socorros do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) e foi levada ao hospital.
C�RCERE
O advogado disse que vai pedir o indiciamento da patroa por crime de c�rcere privado, com o agravante de que, al�m da priva��o da liberdade, a bab� tamb�m foi v�tima de sofrimento f�sico e moral. Se condenada, ela pode pegar de dois a oito anos de pris�o. Ele disse que o im�vel onde Raiana trabalhava possui c�meras em todos os c�modos e as imagens devem ser requisitadas durante a investiga��o.
A patroa Melina Esteves Fran�a foi ouvida durante seis horas pela pol�cia civil e pelo MPT, na noite de quinta-feira. A mulher negou o c�rcere privado e alegou que Raiana se trancou no banheiro ap�s ter entrado em luta corporal com ela. Ao chegar ao pr�dio onde mora, ap�s o depoimento, Melina foi vaiada e hostilizada verbalmente por vizinhos. Conforme o advogado, outras seis ex-empregadas de Melina relataram casos de agress�o ou de falta de pagamento. Quatro delas devem ser ouvidas pela pol�cia nesta sexta. A reportagem n�o conseguiu contato com o defensor de Melina.
INVESTIGA��O
O MPT informou que abriu investiga��o e est� acompanhando os depoimentos � pol�cia no caso da bab�. A procuradora Manuella Gedeon ouviu o relato de Raiana e tamb�m tomou o depoimento da empregadora. "A bab� disse que teria se jogado para fugir das agress�es que teria sofrido no im�vel. Contou que sofreu agress�es verbais e f�sicas no trabalho e que caiu ao tentar sair por uma janela do apartamento no terceiro andar. A empregadora, identificada como Melina Esteves Fran�a, declarou que Raiane se jogou do basculante do banheiro, onde se trancou depois de se descontrolar e entrar em luta corporal com a patroa. Ela alega que teria ligado para a central de pol�cia minutos antes da queda para comunicar a situa��o", disse.
Segundo a procuradora, o MPT vai analisar as imagens das c�meras de seguran�a do apartamento, que j� est�o em posse da pol�cia, e o laudo a ser elaborado pela auditoria fiscal do trabalho. Ela ouvir� tamb�m outras testemunhas, entre elas outra empregada que estava no im�vel no momento da queda. Tamb�m ser�o ouvidas pessoas que alegam terem trabalhado na mesma resid�ncia e sofrido maus-tratos semelhantes. "Os fatos narrados nos depoimentos s�o extremamente graves, mas n�o vamos nos precipitar em formar ju�zo antes de ouvir todos os envolvidos e analisar as provas. No curso do inqu�rito vamos decidir que provid�ncias ser�o tomadas na esfera trabalhista", disse.
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