
- Conte�do verificado: V�deo postado pelo m�dico Roberto Zeballos no Instagram com informa��es enganosas sobre a pandemia, como a de que as vacinas n�o t�m efic�cia contra a variante delta.
S�o enganosas as afirma��es do m�dico Roberto Zeballos em v�deo postado em seu perfil no Instagram em 10 de agosto sobre a COVID-19. J� na legenda ele minimiza a import�ncia da variante delta ao escrever que ela “� pouco agressiva”. Identificada no Brasil em maio, ela j� matou ao menos 50 pessoas por aqui. Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), ela circula em mais de 111 pa�ses e pesquisas mostram que ela tem n�vel de transmissibilidade cerca de 50% maior do que as variantes anteriores do Sars-CoV-2.
Ainda sobre a delta, Zeballos tamb�m erra ao dizer que as vacinas dispon�veis at� agora n�o funcionam contra ela. � verdade que os imunizantes foram desenvolvidos quando a variante ainda n�o circulava, mas eles s�o, sim, eficazes contra a delta. “� importante ressaltar que todos os agentes imunizantes dispon�veis para aplica��o no Brasil s�o eficazes contra a delta, principalmente nas formas mais graves da doen�a”, informa o Minist�rio da Sa�de.
Outra desinforma��o dita pelo m�dico no v�deo � a de que crian�as n�o desenvolvem a COVID-19 e n�o a transmitem. Embora transmitam menos do que os adultos, elas transmitem – como informa o Centro de Controle de Doen�as (CDC), dos Estados Unidos, elas “podem ser infectadas, podem ficar doentes e podem espalhar o v�rus para outras pessoas”.
Procurado, Zeballos afirmou ter sido “o primeiro brasileiro a entender o mecanismo da doen�a” e declarou que “n�o tem sentido voc� vacinar com uma vacina que n�o � livre de riscos – todo mundo sabe disso – nas pessoas que j� tiveram a doen�a”, mas, completou que “talvez as pessoas tenham o benef�cio de ter uma doen�a mais leve”.
O Comprova considerou a publica��o do m�dico enganosa porque ele usa dados incorretos ou imprecisos sobre a variante delta e sobre a vacina��o.
Como verificamos?
Depois de assistir ao v�deo, o Comprova buscou informa��es a respeito da variante delta do coronav�rus em �rg�os reguladores oficiais, como o CDC, a Organiza��o Pan-Americana da Sa�de (Opas), bra�o da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) para as Am�ricas, o Minist�rio da Sa�de do Brasil, farmac�uticas e institutos produtores de vacina, al�m da imprensa.
Para verificar informa��es sobre a vacina��o nos tr�s pa�ses citados por Zeballos – Isl�ndia, It�lia e Alemanha –, foram consultadas informa��es sobre a aplica��o dos imunizantes na plataforma Our World in Data, mantida por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e ainda nos sites oficiais de governo dos tr�s pa�ses.
Tamb�m foram consultados documentos oficiais sobre a aplica��o de vacinas em pessoas que j� tiveram a COVID-19 tanto na It�lia quanto na Alemanha. Os minist�rios da Sa�de dos dois pa�ses foram consultados por e-mail.
Por fim, o Comprova entrou em contato com o m�dico Roberto Zeballos, autor do v�deo, por WhatsApp. Ele respondeu por �udio.
O Comprova fez esta verifica��o baseado em informa��es cient�ficas e dados oficiais sobre o novo coronav�rus e a COVID-19 dispon�veis no dia 27 de agosto de 2021.
Verifica��o
A variante Delta
No v�deo, Zeballos declara que a delta “� menos agressiva do que a primeira (variante)” e que, por isso, “vai dar para tratar todo mundo em casa”. Ambas as afirma��es s�o enganosas.
Segundo o CDC, “dados sugerem que a variante delta pode causar doen�as mais graves do que as cepas anteriores em pessoas n�o vacinadas” e que “em dois estudos diferentes do Canad� e da Esc�cia, os pacientes infectados com essa variante eram mais propensos a serem hospitalizados do que os pacientes infectados com a alfa ou as cepas originais do v�rus”.
O �rg�o ressalta que, diferentemente das cepas anteriores, que produziam menos v�rus em pessoas totalmente vacinadas em rela��o �s n�o imunizadas, a delta “parece produzir a mesma alta quantidade de v�rus” nos dois casos – e, como as outras variantes, a quantidade de v�rus da delta diminui mais rapidamente nos pacientes que se vacinaram.
Em 27 de junho, o Brasil registrou a primeira morte em decorr�ncia dela e, em 20 de julho, o pa�s j� registrava cinco �bitos, segundo o Minist�rio da Sa�de – ressaltando que a cepa foi identificada pela primeira vez por aqui em maio. Em 25 de agosto, j� eram 50 �bitos, mas o n�mero pode estar subestimado, j� que a identifica��o desta variante depende de sequenciamento gen�tico.
Sobre a afirma��o de que “vai dar para tratar todo mundo em casa”, n�o � o que mostra documento de 8 de agosto divulgado pela Opas, da OMS. Nele, o �rg�o informa que “em n�vel global, se observam v�rios pa�ses com aumento de casos e de hospitaliza��es, com a emerg�ncia da variante de preocupa��o delta” e que “estudo recente no Reino Unido estimou que o risco de interna��o hospitalar foi aproximadamente dobrado naqueles com a delta quando comparado � alfa”. E, como escreveu o m�dico Drauzio Varella na Folha em 30 de junho, “a necessidade de hospitaliza��o est� diretamente ligada ao aumento da mortalidade”.
A variante e a vacina
Outra desinforma��o dita por Zeballos � quando ele questiona por que vacinar com um produto que � “para o primeiro v�rus” e relaciona a imuniza��o a enxugar gelo no caso da delta.
Os imunizantes realmente foram desenvolvidos quando a delta ainda n�o circulava, mas, diferentemente do que ele diz, a variante n�o � um segundo v�rus, mas, sim, uma muta��o do v�rus original, como informa reportagem da Folha. Em resposta ao Comprova, o m�dico disse n�o ter dito que eram v�rus diferentes.
J� est� provado que as vacinas em uso em diversos locais, inclusive no Brasil, s�o eficazes contra essa variante. De acordo com o Instituto Butantan, que produz a Coronavac em parceria com a farmac�utica chinesa Sinovac, por exemplo, a vacina “� eficaz contra casos graves de COVID-19 causados pela delta”.
Na semana passada, um estudo da Universidade de Oxford, na Inglaterra, concluiu que as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca – que no Brasil tem parceria com a Fiocruz – s�o eficazes contra a variante delta, embora a prote��o tenda a cair com o tempo, como mostrou essa mat�ria do Estad�o.
J� um estudo feito na �frica do Sul, com resultados divulgados no in�cio do m�s, apontou que a vacina da Janssen, de dose �nica, reduziu em 71% as interna��es de pessoas infectadas com a variante delta e diminuiu as mortes em 95%.
As crian�as
Como crian�as “n�o evoluem com a doen�a” e “n�o s�o transmissoras”, “n�o tem sentido vacinar”, desinforma, novamente, Zeballos, no trecho final do v�deo.
� verdade que os estudos, at� agora, indicam que elas transmitem menos, mas transmitem. A pesquisa “A din�mica da infec��o por Sars-CoV-2 em crian�as e contatos domiciliares em uma favela no Rio de Janeiro”, da Fiocruz, da Universidade da Calif�rnia e da London School of Hygiene and Tropical Medicine, por exemplo, indica que elas mais frequentemente s�o infectadas por adultos do que atuam como transmissoras.
J� um outro estudo, publicado no dia 16 na revista cient�fica Journal of the American Medical Association (Jama), revela que beb�s de 0 a 3 anos apresentam mais chance de transmitir o Sars-CoV-2 em casa do que adolescentes de 14 a 17 anos.
Mas, como informa o CDC, elas “podem ser infectadas, podem ficar doentes e podem espalhar o v�rus para outras pessoas”.
Dizer que elas n�o evoluem com a doen�a tamb�m � uma desinforma��o perigosa, pois n�o se pode generalizar. De acordo com documento da Unicef, “crian�as de qualquer idade podem ficar doentes com COVID-19” e, “embora crian�as e adultos apresentem sintomas semelhantes, as crian�as geralmente apresentam doen�as menos graves do que os adultos”.
Elas podem, inclusive, e infelizmente, morrer da doen�a. Segundo o CDC, 271 �bitos entre pessoas de 5 a 17 anos e 120 entre aquelas de 0 a 4 anos foram relatados ao Centro Nacional de Estat�sticas de Sa�de dos Estados Unidos at� 7 de julho de 2021.
Outro dado: levantamento do Observat�rio Obst�trico Brasileiro COVID-19 indica que houve mais de 10 mil casos graves da doen�a e 846 �bitos de crian�as de at� dois anos no Brasil entre mar�o de 2020 e 11 de julho de 2021 – um ter�o dos beb�s que morreram n�o tiveram acesso a tratamento adequado.
Sobre as vacinas, por ora, elas est�o sendo aplicadas em adolescentes de 12 a 17 anos em v�rios pa�ses, inclusive no Brasil – o estado de S�o Paulo, por exemplo, come�ou a imunizar esta faixa et�ria neste m�s com a Pfizer (cujo uso para menores de idade foi autorizado pela Anvisa).
Em crian�as menores, apenas a China est� aplicando. Por l�, est�o sendo imunizadas com a Coronavac pessoas a partir de 3 anos, mas n�o h� dados de quantas crian�as j� receberam as doses.
No Brasil, a Anvisa negou no dia 18 o aval para o uso da Coronavac em crian�as e adolescentes de 3 a 17 anos – t�cnicos disseram que faltam dados para confirmar a seguran�a e efic�cia nesta faixa et�ria, e a decis�o pode ser revista.
Vacina��o e novos casos na Isl�ndia
No v�deo, Zeballos afirma que a Isl�ndia “vacinou todo mundo” e que 77% dos novos casos no pa�s s�o em pessoas vacinadas. Embora a Isl�ndia j� tenha vacinado um percentual elevado de sua popula��o, n�o � poss�vel dizer que o pa�s tenha vacinado “todo mundo”.
Segundo dados da plataforma Our World in Data, a Isl�ndia aplicou pelo menos uma das doses de vacina em 81,24% da popula��o. Os dados foram atualizados no dia 26 de agosto. Tamb�m segundo a plataforma, 76,7% dos habitantes do pa�s receberam as duas doses e 4,54% receberam apenas a primeira dose do imunizante.
J� os dados divulgados diretamente na p�gina do governo da Isl�ndia informam que, at� o dia 27 de agosto, 72% de toda a popula��o do pa�s estava completamente vacinada. Quando considerados os habitantes maiores de 12 anos, esse percentual subiu para 84%.
Sobre a afirma��o de que 77% dos novos casos de COVID-19 na Isl�ndia s�o de pessoas vacinadas, ele n�o informa uma data de refer�ncia para esse percentual. No dia 10 de agosto, quando o v�deo foi publicado, 84 novos casos foram registrados no pa�s – 60,7% (51) eram de pessoas totalmente vacinadas, informa um painel estat�stico alimentado pelo governo island�s.
Neste dia, n�o foram registrados casos em pessoas que tinham recebido apenas a primeira dose da vacina. Pessoas n�o vacinadas eram 39,2% (33) do total de novos casos neste mesmo dia.
Considerando todos os novos casos do m�s de agosto at� o dia 10, o percentual de diagn�sticos em pessoas completamente vacinadas foi de 61,8%. Nesse per�odo, o �nico dia em que a Isl�ndia teve um percentual de 77% de novos casos em pessoas vacinadas foi no dia 1º de agosto (51 dos 66 novos casos).
Contudo, como o Comprova j� mostrou em outra verifica��o, quando a maioria das pessoas em um determinado lugar j� est� vacinada, � esperado que a maior parte das infec��es ocorra entre este p�blico. Quem explica isso � Muge Cevik, professor cl�nico de doen�as infecciosas e virologia m�dica na Universidade de St. Andrews.
Vacina��o para quem j� teve COVID-19 na It�lia e Alemanha
Segundo dados da plataforma Our World in Data, a Isl�ndia aplicou pelo menos uma das doses de vacina em 81,24% da popula��o. Os dados foram atualizados no dia 26 de agosto. Tamb�m segundo a plataforma, 76,7% dos habitantes do pa�s receberam as duas doses e 4,54% receberam apenas a primeira dose do imunizante.
J� os dados divulgados diretamente na p�gina do governo da Isl�ndia informam que, at� o dia 27 de agosto, 72% de toda a popula��o do pa�s estava completamente vacinada. Quando considerados os habitantes maiores de 12 anos, esse percentual subiu para 84%.
Sobre a afirma��o de que 77% dos novos casos de COVID-19 na Isl�ndia s�o de pessoas vacinadas, ele n�o informa uma data de refer�ncia para esse percentual. No dia 10 de agosto, quando o v�deo foi publicado, 84 novos casos foram registrados no pa�s – 60,7% (51) eram de pessoas totalmente vacinadas, informa um painel estat�stico alimentado pelo governo island�s.
Neste dia, n�o foram registrados casos em pessoas que tinham recebido apenas a primeira dose da vacina. Pessoas n�o vacinadas eram 39,2% (33) do total de novos casos neste mesmo dia.
Considerando todos os novos casos do m�s de agosto at� o dia 10, o percentual de diagn�sticos em pessoas completamente vacinadas foi de 61,8%. Nesse per�odo, o �nico dia em que a Isl�ndia teve um percentual de 77% de novos casos em pessoas vacinadas foi no dia 1º de agosto (51 dos 66 novos casos).
Contudo, como o Comprova j� mostrou em outra verifica��o, quando a maioria das pessoas em um determinado lugar j� est� vacinada, � esperado que a maior parte das infec��es ocorra entre este p�blico. Quem explica isso � Muge Cevik, professor cl�nico de doen�as infecciosas e virologia m�dica na Universidade de St. Andrews.
Vacina��o para quem j� teve COVID-19 na It�lia e Alemanha
Ao falar sobre a vacina��o de pessoas que j� tiveram a doen�a, Zeballos recomenda que essas pessoas n�o busquem se vacinar imediatamente e cita os casos da It�lia e da Alemanha, afirmando que, nestes dois pa�ses, s� � recomendada a aplica��o de uma dose da vacina para quem j� foi infectado pelo coronav�rus, entre seis e doze meses ap�s a infec��o. Antes disso, o m�dico afirma que h� uma suspeita de que a resposta imunol�gica “pode estar fazendo mais mal do que bem”.
De fato, It�lia e Alemanha recomendam a aplica��o de uma s� dose da vacina em pessoas que j� tiveram COVID-19, mas h� uma diferen�a no prazo recomendado pelos alem�es. Al�m disso, os dois pa�ses fazem uma ressalva nessa recomenda��o para casos de pessoas com imunodefici�ncia e nenhum deles afirma que a vacina pode ser prejudicial para quem j� contraiu a doen�a.
A recomenda��o da It�lia por uma �nica dose para pessoas que j� tiveram COVID-19 foi atualizada no dia 21 de julho. A informa��o consta em uma circular assinada pelo diretor-geral de preven��o do Minist�rio da Sa�de italiano, o m�dico Giovanni Rezza. De acordo com o documento, a dose �nica deve ser tomada no m�nimo seis meses ap�s a infec��o e no m�ximo 12 meses ap�s a cura. O documento segue a mesma linha de outra recomenda��o feita pelo mesmo Minist�rio da Sa�de no dia 3 de mar�o de 2021, mas com uma altera��o nos prazos. O documento anterior dizia que esta dose �nica deveria ser tomada entre tr�s meses ap�s a infec��o e seis meses ap�s a cura.
Em ambas as recomenda��es h� um adendo: pessoas com imunodefici�ncia devem seguir normalmente o esquema vacinal e n�o se aplicam � recomenda��o de uma dose �nica do imunizante. A circular tamb�m informa que, assim como recomenda a OMS, a realiza��o de testes sorol�gicos para contagem de anticorpos n�o devem ser usados como referencial para tomada de decis�o sobre se vacinar.
No dia seguinte ao an�ncio da It�lia, a CNN ouviu o infectologista Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento Cient�fico de Infectologia da Sociedade de Pediatria de S�o Paulo (SPSP), que atribuiu a decis�o a uma escassez de vacinas, como uma tentativa de melhorar a cobertura vacinal.
O Comprova procurou o Minist�rio da Sa�de da It�lia para saber por que a aplica��o de uma �nica dose foi adotada no pa�s para pessoas que j� tiveram COVID e se h� alguma rela��o com um eventual malef�cio provocado pela resposta imune, mas n�o obteve resposta at� a publica��o desta reportagem.
Por e-mail, o Minist�rio da Sa�de da Alemanha tamb�m confirmou que o pa�s recomenda a aplica��o de uma s� dose do imunizante em pessoas que j� tiveram a COVID-19. Na Alemanha, as decis�es a respeito da pandemia s�o tomadas pelo Instituto Robert Koch (RKI). J� as recomenda��es sobre vacina��o ficam a cargo de um painel independente de especialistas chamado Comit� Permanente de Vacina��o (STIKO).
Diferente dos prazos apontados pela It�lia, os alem�es com infec��es sintom�ticas podem tomar uma dose da vacina a partir de quatro semanas ap�s o fim dos sintomas. J� aqueles com infec��o assintom�tica podem se vacinar a partir de quatro semanas ap�s o diagn�stico por laborat�rio. Quem j� se vacinou e contraiu a COVID-19 ap�s a imuniza��o deve, geralmente, tomar uma segunda dose da vacina seis meses ap�s o fim dos sintomas ou do diagn�stico.
O Minist�rio da Sa�de alem�o explica por que considera que uma s� dose � suficiente em quem j� teve a doen�a: “Devido � imunidade existente ap�s infec��o anterior, uma dose � suficiente, pois j� pode atingir altas concentra��es de anticorpos, que n�o s�o ainda mais aumentadas por uma segunda dose de vacina”. Em nota, o minist�rio afirma que n�o � poss�vel dizer, ainda, se duas doses n�o ser�o necess�rias posteriormente. Sobre pessoas imunodeprimidas, afirma que � necess�rio analisar “caso a caso”.
O minist�rio negou que a decis�o tenha a ver com um eventual malef�cio provocado pela resposta imunol�gica. “No geral, os resultados do estudo dispon�veis at� agora n�o indicam que a vacina��o ap�s uma infec��o pelo Sars-CoV-2 seria problem�tica ou associada a perigos. Isso se aplica � seguran�a, efic�cia e tolerabilidade da vacina��o. Os estudos de aprova��o das duas vacinas de mRNA [RNA mensageiro, como a Pfizer e a Moderna] tamb�m inclu�ram participantes que j� haviam sido submetidos � infec��o pelo Sars-CoV-2 com anteced�ncia”, diz a nota.
O m�dico
Conte�dos divulgados por Zeballos j� foram alvo de checagens do Comprova na pandemia. A mais recente � de 5 de agosto, sobre material enganoso que usava supostos dados do Minist�rio da Sa�de de Israel para afirmar que pessoas infectadas pela COVID-19 est�o sete vezes mais protegidas do que aquelas que n�o tiveram a doen�a e foram imunizadas com a vacina da Pfizer.
Ele respondeu a reportagem com um �udio no WhatsApp reafirmando as falas do v�deo no Instagram. Citou a crise de Manaus, dizendo que, na �poca, “vacinados, n�o vacinados… eram casos graves”, mas o caos no estado amazonense come�ou em dezembro e se agravou em janeiro – os imunizantes s� come�aram a ser aplicados no Brasil em 19 de janeiro.
Em sua quarta fase, o Comprova verifica conte�dos suspeitos sobre pandemia, pol�ticas p�blicas do governo federal e elei��es que viralizam nas redes. O v�deo verificado aqui teve mais de 189 mil curtidas no Instagram desde que foi postado, no dia 10 de agosto.
Conte�dos que tentam desacreditar as vacinas ou minimizar os riscos da pandemia s�o perigosos porque podem levar a popula��o a colocar a sa�de em risco.
O Comprova j� publicou diversos conte�dos sobre imuniza��o e variante delta, como, por exemplo, que � enganoso post que afirma que o CDC e Anthony Fauci n�o acreditam na vacina, que m�dica engana ao afirmar que vacinas s�o experimentais, que site antivacina inventa dado sobre efeito colateral em crian�as imunizadas com Pfizer e que m�dica usa dados fora de contexto de hospital de Israel para acusar CDC de mentir sobre COVID em pessoas n�o vacinadas.
Enganoso, para o Comprova, � o conte�do retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra altera��es ou que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpreta��o diferente da inten��o de seu autor.
De fato, It�lia e Alemanha recomendam a aplica��o de uma s� dose da vacina em pessoas que j� tiveram COVID-19, mas h� uma diferen�a no prazo recomendado pelos alem�es. Al�m disso, os dois pa�ses fazem uma ressalva nessa recomenda��o para casos de pessoas com imunodefici�ncia e nenhum deles afirma que a vacina pode ser prejudicial para quem j� contraiu a doen�a.
A recomenda��o da It�lia por uma �nica dose para pessoas que j� tiveram COVID-19 foi atualizada no dia 21 de julho. A informa��o consta em uma circular assinada pelo diretor-geral de preven��o do Minist�rio da Sa�de italiano, o m�dico Giovanni Rezza. De acordo com o documento, a dose �nica deve ser tomada no m�nimo seis meses ap�s a infec��o e no m�ximo 12 meses ap�s a cura. O documento segue a mesma linha de outra recomenda��o feita pelo mesmo Minist�rio da Sa�de no dia 3 de mar�o de 2021, mas com uma altera��o nos prazos. O documento anterior dizia que esta dose �nica deveria ser tomada entre tr�s meses ap�s a infec��o e seis meses ap�s a cura.
Em ambas as recomenda��es h� um adendo: pessoas com imunodefici�ncia devem seguir normalmente o esquema vacinal e n�o se aplicam � recomenda��o de uma dose �nica do imunizante. A circular tamb�m informa que, assim como recomenda a OMS, a realiza��o de testes sorol�gicos para contagem de anticorpos n�o devem ser usados como referencial para tomada de decis�o sobre se vacinar.
No dia seguinte ao an�ncio da It�lia, a CNN ouviu o infectologista Marcelo Otsuka, vice-presidente do Departamento Cient�fico de Infectologia da Sociedade de Pediatria de S�o Paulo (SPSP), que atribuiu a decis�o a uma escassez de vacinas, como uma tentativa de melhorar a cobertura vacinal.
O Comprova procurou o Minist�rio da Sa�de da It�lia para saber por que a aplica��o de uma �nica dose foi adotada no pa�s para pessoas que j� tiveram COVID e se h� alguma rela��o com um eventual malef�cio provocado pela resposta imune, mas n�o obteve resposta at� a publica��o desta reportagem.
Por e-mail, o Minist�rio da Sa�de da Alemanha tamb�m confirmou que o pa�s recomenda a aplica��o de uma s� dose do imunizante em pessoas que j� tiveram a COVID-19. Na Alemanha, as decis�es a respeito da pandemia s�o tomadas pelo Instituto Robert Koch (RKI). J� as recomenda��es sobre vacina��o ficam a cargo de um painel independente de especialistas chamado Comit� Permanente de Vacina��o (STIKO).
Diferente dos prazos apontados pela It�lia, os alem�es com infec��es sintom�ticas podem tomar uma dose da vacina a partir de quatro semanas ap�s o fim dos sintomas. J� aqueles com infec��o assintom�tica podem se vacinar a partir de quatro semanas ap�s o diagn�stico por laborat�rio. Quem j� se vacinou e contraiu a COVID-19 ap�s a imuniza��o deve, geralmente, tomar uma segunda dose da vacina seis meses ap�s o fim dos sintomas ou do diagn�stico.
O Minist�rio da Sa�de alem�o explica por que considera que uma s� dose � suficiente em quem j� teve a doen�a: “Devido � imunidade existente ap�s infec��o anterior, uma dose � suficiente, pois j� pode atingir altas concentra��es de anticorpos, que n�o s�o ainda mais aumentadas por uma segunda dose de vacina”. Em nota, o minist�rio afirma que n�o � poss�vel dizer, ainda, se duas doses n�o ser�o necess�rias posteriormente. Sobre pessoas imunodeprimidas, afirma que � necess�rio analisar “caso a caso”.
O minist�rio negou que a decis�o tenha a ver com um eventual malef�cio provocado pela resposta imunol�gica. “No geral, os resultados do estudo dispon�veis at� agora n�o indicam que a vacina��o ap�s uma infec��o pelo Sars-CoV-2 seria problem�tica ou associada a perigos. Isso se aplica � seguran�a, efic�cia e tolerabilidade da vacina��o. Os estudos de aprova��o das duas vacinas de mRNA [RNA mensageiro, como a Pfizer e a Moderna] tamb�m inclu�ram participantes que j� haviam sido submetidos � infec��o pelo Sars-CoV-2 com anteced�ncia”, diz a nota.
O m�dico
Conte�dos divulgados por Zeballos j� foram alvo de checagens do Comprova na pandemia. A mais recente � de 5 de agosto, sobre material enganoso que usava supostos dados do Minist�rio da Sa�de de Israel para afirmar que pessoas infectadas pela COVID-19 est�o sete vezes mais protegidas do que aquelas que n�o tiveram a doen�a e foram imunizadas com a vacina da Pfizer.
Ele respondeu a reportagem com um �udio no WhatsApp reafirmando as falas do v�deo no Instagram. Citou a crise de Manaus, dizendo que, na �poca, “vacinados, n�o vacinados… eram casos graves”, mas o caos no estado amazonense come�ou em dezembro e se agravou em janeiro – os imunizantes s� come�aram a ser aplicados no Brasil em 19 de janeiro.
Por que investigamos?
Em sua quarta fase, o Comprova verifica conte�dos suspeitos sobre pandemia, pol�ticas p�blicas do governo federal e elei��es que viralizam nas redes. O v�deo verificado aqui teve mais de 189 mil curtidas no Instagram desde que foi postado, no dia 10 de agosto.
Conte�dos que tentam desacreditar as vacinas ou minimizar os riscos da pandemia s�o perigosos porque podem levar a popula��o a colocar a sa�de em risco.
O Comprova j� publicou diversos conte�dos sobre imuniza��o e variante delta, como, por exemplo, que � enganoso post que afirma que o CDC e Anthony Fauci n�o acreditam na vacina, que m�dica engana ao afirmar que vacinas s�o experimentais, que site antivacina inventa dado sobre efeito colateral em crian�as imunizadas com Pfizer e que m�dica usa dados fora de contexto de hospital de Israel para acusar CDC de mentir sobre COVID em pessoas n�o vacinadas.
Enganoso, para o Comprova, � o conte�do retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra altera��es ou que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpreta��o diferente da inten��o de seu autor.