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Estado de Minas NACIONAL

Vaca louca: por que novos casos no Brasil s�o menos graves que epidemia letal dos anos 1990

Variante at�pica detectada no Brasil costuma ser detectada em grandes rebanhos e n�o � perigosa como a variante cl�ssica - que provocou mortes de pessoas nos anos 1990.


06/09/2021 22:38 - atualizado 06/09/2021 22:38

A doença da vaca louca provocou uma epidemia que matou animais e pessoas nos anos 1990
A doen�a da vaca louca provocou uma epidemia que matou animais e pessoas nos anos 1990 (foto: Getty Images)
A not�cia de que o Brasil suspendeu por tempo indeterminado as exporta��es de carne bovina para a China no fim de semana devido a identifica��o de dois casos de vaca louca provocou preocupa��es em alguns consumidores e gerou incertezas sobre o pre�o do produto.

 

O minist�rio da Agricultura rapidamente emitiu uma nota dizendo que os casos identificados em frigor�ficos de Belo Horizonte e Nova Cana� do Norte (MT) n�o representam risco para sa�de humana ou animal.

 

"A medida, que passa a valer a partir deste s�bado (04/09), se dar� at� que as autoridades chinesas concluam a avalia��o das informa��es j� repassadas sobre os casos."

 

O frigor�fico de Belo Horizonte foi interditado, segundo o Instituto Mineiro de Agropecu�ria (IMA).

 

Segundo a nota, casos at�picos como esse n�o s�o considerados graves e o Brasil continua sendo um pa�s de "risco insignificante para a doen�a, n�o justificando qualquer impacto no com�rcio de animais e seus produtos e subprodutos"

A suspens�o das exporta��es para a China se deu por conta do estrito protocolo sanit�rio em vigor entre os dois pa�ses — e o governo brasileiro espera que nos pr�ximos dias a exporta��o j� possa ser normalizada.

 

Para muitas pessoas, a doen�a da vaca louca traz mem�rias assustadoras dos anos 1980 e 1990, quando um surto no Reino Unido levou ao abatimento de quatro milh�es de cabe�as de gado e a dezenas de mortes de pessoas que haviam ingerido carne contaminada — com boicotes e preju�zos bilion�rios aos produtores brit�nicos.

 

Ent�o como esses casos no Brasil s�o diferentes do que aconteceu no Reino Unido? Isso acontece porque a variante da doen�a identificada no Brasil � considerada menos perigosa do que aquela que se alastrou h� 30 anos. Ainda assim, a variante � monitorada de perto pela ind�stria e por autoridades sanit�rias.

 

Confira algumas perguntas e respostas sobre os novos casos no Brasil.

O que � a doen�a da vaca louca?

A encefalopatia espongiforme bovina (EEB) — nome oficial do mal — � uma doen�a degenerativa que atinge o sistema nervoso do gado. � conhecida popularmente como doen�a da vaca louca porque os sintomas incluem agressividade e falta de coordena��o. A doen�a tamb�m � conhecida como BSE, por causa do seu nome em ingl�s (bovine spongiform encephalopathy). Ela � causada por um tipo de prote�na chamada pr�on e normalmente � fatal para os animais.

 

A vers�o humana da doen�a mais comum hoje em dia � conhecida como Nova Variante da Doen�a de Creutzfeldt-Jakob (vCJD) e tamb�m � letal. Ela est� ligada ao consumo de carne contaminada. A doen�a ataca o c�rebro progressivamente, mas pode ficar dormente por d�cadas.

 

Os sintomas mais comuns s�o perda de mem�ria, dificuldade locomotora e visual, cansa�o e r�pida perda de peso.

 

Desde 1995, quando foi identificada, a vJCD j� matou 178 pessoas.


Doença possui duas variantes conhecidas, mas apenas uma delas provoca surtos como dos anos 1990
Doen�a possui duas variantes conhecidas, mas apenas uma delas provoca surtos como dos anos 1990 (foto: Getty Images)

 

Acredita-se que uma em cada 2 mil pessoas no Reino Unido seja portadora da doen�a. No entanto, relativamente poucas pessoas que se contaminam desenvolvem os sintomas.

Por que o caso no Brasil seria menos grave?

Isso acontece porque a variante da doen�a identificada no Brasil n�o representa um risco � sa�de p�blica, segundo autoridades sanit�rias.

 

A doen�a da vaca louca pode se manifestar de duas formas — a variante cl�ssica e a at�pica.

 

A cl�ssica ocorre em bovinos ap�s a ingest�o de ra��o contaminada com pr�ons, enquanto a at�pica pode aparecer espontaneamente em todas as popula��es de gado. Acredita-se que isso poderia ter acontecido agora em Belo Horizonte e Nova Cana� do Norte (MT) — como tamb�m aconteceu em junho de 2019 em outra cidade no Mato Grosso.

 

A forma cl�ssica da doen�a � a mais preocupante e foi detectada pela primeira vez em 1986. No Brasil, ela nunca foi detectada. Foi essa variante que causou o p�nico e as mortes dos anos 1990. Ela se espalha rapidamente entre os animais atrav�s da ingest�o de ra��o contaminada com pr�ons.

 

N�o existe cura para a doen�a de Creutzfeldt-Jakob — que � fatal — e o �nico tratamento � ajudar o paciente a conviver com os dist�rbios provocados. Por isso, a principal medida de preven��o da doen�a � usar protocolos sanit�rios r�gidos que impe�am o consumo de qualquer carne contaminada.

 

Nas �ltimas d�cadas, segundo a Organiza��o Internacional para Sa�de dos Animais, a implementa��o de medidas de controle resultou no decl�nio da variante cl�ssica em todo o mundo.

O que se sabe sobre essa vers�o at�pica da doen�a?

A vers�o at�pica — identificada no Brasil agora — � considerada de ocorr�ncia "natural e espor�dica", ou seja, ela provavelmente sempre est� presente em grandes popula��es de gado, mas em uma propor��o muito baixa e s� costuma ser identificada quando s�o adotados procedimentos de vigil�ncia intensiva. A variante s� foi identificada nos anos 2000 quando foram aprimorados os procedimentos de investiga��o de pr�ons.

 

No Brasil, os dois casos anunciados neste final de semana s�o o quarto e quinto casos j� registrados no pa�s.

 

Al�m disso, a vers�o at�pica costuma afetar apenas bovinos mais velhos — exatamente o que aconteceu em Belo Horizonte e Nova Cana� do Norte, segundo o minist�rio da Agricultura do Brasil.

 

O n�mero de casos de EEB at�pica � insignificante no mundo, informa a Organiza��o Internacional para Sa�de dos Animais. Todo ano, h� relato de variantes at�picas registradas em rebanhos de pa�ses produtores de gado. A medida mais comum depois da detec��o � que o gado � morto e incinerado e testes s�o realizados para se verificar que n�o houve nenhuma contamina��o na cadeia alimentar.

 

Embora n�o haja provas de que a vaca louca at�pica seja transmiss�vel, essa hip�tese tamb�m n�o foi descartada. Por isso, como medida de precau��o, autoridades de sa�de fazem de tudo para impedir que essa variante seja introduzida na cadeia alimentar animal.

Por que o Brasil suspendeu a exporta��o?

O Brasil suspendeu no s�bado (04/09) a exporta��o de carne para a China, atendendo a um protocolo sanit�rio entre os dois pa�ses.

 

"Os dois casos de EEB at�pica — um em cada estabelecimento — foram detectados durante a inspe��o ante-mortem. Trata-se de vacas de descarte que apresentavam idade avan�ada e estavam em dec�bito nos currais", afirma nota do minist�rio.

 

O Brasil hoje possui "n�vel de risco insignificante" para casos de vaca louca. Mas existe a preocupa��o de que o pa�s possa ser rebaixado para o status de "n�vel de risco controlado" — o que poderia acarretar em uma suspens�o prolongada das exporta��es do Brasil para a China.

 

A Irlanda, um fornecedor de menor peso de carne bovina para a China, registrou um caso da doen�a 'at�pica' da vaca louca em maio do ano passado e teve seu status rebaixado pela Organiza��o Internacional para Sa�de dos Animais. O pa�s ainda n�o conseguiu retomar as exporta��es, segundo a ag�ncia de not�cias Reuters.

 

A suspens�o das exporta��es para a China se d� por conta do estrito protocolo sanit�rio em vigor entre os dois pa�ses.

 

Uma suspens�o de longo prazo prejudicaria economicamente o Brasil e causaria um desequil�brio nos pre�os do mercado — dado o tamanho do com�rcio bilateral Brasil-China.

 

O Brasil � l�der de exporta��es de carne bovina para a China. O pa�s embarcou mais de 500 mil toneladas de carne bovina para os chineses de janeiro a julho deste ano, ou 38% das importa��es totais da China. O Brasil est� bem � frente do segundo colocado, a Argentina, que forneceu pouco menos de 300 mil toneladas.

 

Analistas acreditam que se o problema for resolvido em breve, a suspens�o desta semana deve provocar poucas oscila��es no pre�o da carne.

O que aconteceu na epidemia de vaca louca dos anos 1980 e 1990?

A epidemia de doen�a da vaca louca come�ou no Reino Unido nos anos 1980. Isso levou � proibi��o do uso de mi�dos bovinos para consumo humano em 1989. Muitas pessoas temiam ser contaminadas ao consumir, principalmente, produtos com carne processada.

 

No ano seguinte, o ministro da agricultura, John Gummer, disse que a carne de vaca era "completamente" segura. Para "provar", ele convocou a imprensa para uma entrevista coletiva na qual comeu um hamb�rguer. No mesmo evento, ele tentou convencer sua filha de 4 anos de idade a comer tamb�m — ela n�o quis. Isso foi antes de a ci�ncia confirmar o risco da doen�a para humanos.

 

A epidemia atingiu um pico entre 1992 e 1993, quando foram confirmados quase 100 mil casos. No total, estima-se que 180 mil cabe�as de gado tenham sido afetadas.


John Gummer tentou fazer sua filha Cordelia comer um hamburguer em 1990 para mostrar que a carne era segura
John Gummer tentou fazer sua filha Cordelia comer um hamburguer em 1990 para mostrar que a carne era segura (foto: PA)

 

O surto aconteceu porque os animais costumavam ser alimentados com ra��o feita com restos de carne, mi�dos e medula �ssea, que muitas vezes estavam contaminados com os pr�ons.

 

Para tentar conter a doen�a, mais de 4,4 milh�es de animais foram sacrificados. Hoje, c�rebro e medula espinhal s�o descartados e n�o voltam para a cadeia de alimenta��o.

 

Tamb�m h� um processo de monitoramento mais rigoroso. Depois que a liga��o entre a EEB e a vCJD foi descoberta, o Reino Unido introduziu controles mais r�gidos para proteger a popula��o. Passou a ser ilegal vender determinados cortes de carne, incluindo a venda de carne com osso - isso foi introduzido em 1997 e removido um ano depois.

 

Outra medida foi importar plasma para tratar pessoas nascidas ap�s janeiro de 1996 em caso de exposi��o � doen�a. Muitos pa�ses pararam de importar carne do Reino Unido - a China s� acabou com sua restri��o em 2018.

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O que � o mal da vaca louca?

A encefalopatia espongiforme bovina (EEB) � uma variante da doen�a de Creutzfeldt-Jakob e foi detectada inicialmente nos anos 1980, no Reino Unido, quando ganhou o apelido de vaca louca, dado pela imprensa brit�nica

A origem do mal da vaca louca ocorreu uma d�cada antes. Nos anos 1970, era comum que f�bricas brit�nicas de ra��o animal inclu�ssem na composi��o do produto gordura de ovelha.

Na d�cada seguinte, cientistas identificaram que o gado alimentado com esse tipo de ra��o com prote�na animal apresentava uma doen�a degenerativa grave, semelhante � dem�ncia em humanos, devido aos surgimento de pr�ons (prote�nas anormais) no c�rebro.

Sintomas da vaca louca em bovinos

  • Espasmos musculares
  • Agressividade
  • Isolamento do rebanho
  • Perda de equil�brio

Transmiss�o da vaca louca para humanos

A EEB ou vaca louca foi transmitida para humanos por meio do consumo de carne bovina infectada e teve seu auge de casos e mortes nos primeiros anos da d�cada de 1990. No Brasil, a vaca louca teve surtos no fim dos anos 90. O ï¿½ltimo caso de vaca louca no pa�s foi confirmado pelo Minist�rio da Agricultura em maio de 2019, em rebanho no Mato Grosso.

Sintomas da vaca louca em humanos

  • Dificuldade de falar e racioc�nio
  • Perda de mem�ria
  • Espasmos musculares
  • Dificuldade de andar
  • Falta de coordena��o
  • Vis�o emba�ada

Doa��o de sangue x vaca louca

Em 2016, uma portaria do Minist�rio da Sa�de detalhou 59 crit�rios para a inaptid�o definitiva � doa��o de sangue para a encefalopatia espongiforme humana (EEB) e suas variantes. Segundo o documento o candidato a doar sangue que tenha tido diagn�stico da popularmente conhecida doen�a da vaca louca ou qualquer outra forma da doen�a, al�m de hist�ria familiar da doen�a, est� proibido de doar sangue.

O protocolo � rigoroso tamb�m para quem morou no continente europeu. Ningu�m que tenha permanecido no Reino Unido ou na Irlanda por mais de tr�s meses entre 1980 e dezembro de 1996 ou tenha morado cinco anos ou mais, consecutivos ou intermitentes, na Europa depois de 1980 at� os dias atuais n�o pode doar sangue.
 


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