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Estado de Minas GERAL

Onze dias ap�s naufr�gio, 19 brasileiros est�o desaparecidos na costa da Guiana


08/09/2021 21:37

Desde o dia 28 de agosto, pelo menos 19 brasileiros est�o desaparecidos no mar, depois que um barco clandestino naufragou na costa da Guiana Francesa, ao norte do estado do Amap�. A canoa levava 17 homens e sete mulheres que pretendiam conseguir trabalho em um garimpo ilegal no territ�rio vizinho. Quatro sobreviventes e um corpo foram resgatados, at� as buscas serem interrompidas. Passados 11 dias do naufr�gio, ainda n�o h� uma lista oficial de mortos ou desaparecidos. Parentes dos desaparecidos criticam o descaso das autoridades.

Conforme a Pol�cia Federal do Amap�, a embarca��o partiu de Oiapoque, no extremo norte do Estado, com destino a Caiena e Kourou, no departamento ultramarino da Fran�a. Os brasileiros seguiam em busca de trabalho em um garimpo. Pelo que j� se apurou, a canoa tinha capacidade para dez pessoas e saiu superlotada. Al�m dos passageiros, o barco levava tr�s tripulantes. Antes de chegar ao Oceano Atl�ntico, um dos pilotos teria feito uma parada em Vila Vit�ria, distrito de Oiapoque, onde mais cinco pessoas embarcaram. Havia ainda 700 quilos de carga no barco.

A presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores da Assembleia Legislativa do Amap�, deputada Cristina Almeida (PSB) informou ter sido criado um comit� com a Secretaria de Inclus�o e Mobiliza��o Social do Estado para ajudar os familiares de brasileiros desaparecidos no naufr�gio. "At� o momento foram encontradas quatro pessoas vivas, sendo tr�s homens e uma mulher. Dois homens, ao serem resgatados, conseguiram fugir antes de serem identificados. Na lista de sobreviventes, temos os nomes de Maria Elinete Corr�a Costa, natural do Maranh�o, e Ronaldo Rodrigues Mota, do Par�", contou.

Segundo ela, apesar de ter acontecido no dia 28, somente no dia 31 de agosto as autoridades brasileiras e francesas tiveram conhecimento do naufr�gio, que aconteceu na foz do rio Aprouague, no cabo Pointe B�hague, ap�s encontrar uma sobrevivente. Al�m dos quatro sobreviventes, as autoridades francesas encontraram tr�s corpos no oceano. "Um corpo j� estava em decomposi��o e foi para an�lise, porque est�o supondo que n�o seja de v�tima do naufr�gio. Dos outros dois, ainda esperamos informa��es que ser�o repassadas pela pol�cia nacional francesa � Pol�cia Federal do Brasil", disse.

� deriva

Moradora de Macap�, a dona de casa Lana Santos se desespera com a falta de not�cias da filha, Ellen Pantoja dos Santos, que estava no barco. "J� fui na Pol�cia Federal, no quiosque da fronteira, na pol�cia da Guiana Francesa e n�o h� informa��o nenhuma. O governo n�o est� fazendo nada por n�s, estamos com as m�os atadas", disse. Segundo ela, as autoridades francesas interromperam as buscas ap�s tr�s dias. Volunt�rios de Oiapoque e de Saint-George (Guiana) fizeram as buscas por mais seis dias e pararam por falta de combust�vel e alimenta��o.

Foram eles que encontraram um dos corpos. Lana conta que conversou com a �nica mulher sobrevivente, Maria Elinete, conhecida como Neta. "Ela contou que minha filha estava com ela e outra mulher, � deriva no mar, agarradas a um corote (pequeno barril de madeira). Ficaram tr�s dias e duas noites assim, segundo jogadas pelas ondas. A mulher estava sem colete e se desgarrou, mas a minha filha continou com ela, as duas com sede, com fome. N�o tinha �gua pot�vel. Ela dizia para minha filha n�o engolir �gua do mar."

Lana teve a conversa com a sobrevivente em um hospital de Caiena. "Eu j� a conhecia, minha filha embarcou com ela. Iriam arriscar l� no garimpo ou pegar um servi�o em Caiena. Minha filha estava debilitada, com o rosto machucado, tinha tirado quase toda a roupa porque estava pesando muito. No fim, veio uma onda grande e separou as duas. Ela n�o conseguiu ver mais minha filha. Eu preciso saber o que aconteceu. Ela estava de colete, quem sabe? S� que o governo do Amap� n�o est� fazendo nada, a Pol�cia Federal est� calada. N�o temos mais informa��es."

Entre os desaparecidos est�o Carlos Adriano Almeida, de 22 anos, e sua mulher Karine Oliveira Soares, de 18. A irm� de Karine, G�ssica Oliveira Soares, de 22, e a m�e delas, Geane Oliveira, de 43, tamb�m embarcaram na canoa. A m�e de Carlos, Jonilde Almeida, disse que o filho fazia a viagem contra sua vontade. Ele tentaria emprego em um garimpo do lado franc�s do Rio Oiapoque. Tamb�m havia embarcado Maria da Concei��o Silva Santos, de 58 anos, nascida no Maranh�o e que vivia em Roraima. Nos �ltimos 20 anos, ela trabalhou em garimpos na regi�o.

Outras pessoas que estavam no barco, segundo informaram as fam�lias, s�o Raimundo de Souza Melo, de 44 anos, e Ingridh de Souza Pereira, de 39. Nesta quinta-feira, 9, a Pol�cia Federal come�a a receber familiares dos desaparecidos para coleta de material gen�tico na superintend�ncia de Macap� e na delegacia federal de Oiapoque. As amostras ser�o enviadas ao governo da Guiana Francesa para compara��o com o material colhido dos corpos. A PF abriu inqu�rito para apurar o naufr�gio. O Minist�rio P�blico de Caiena tamb�m apura o caso.

De acordo com a deputada Cristina, a maioria dos brasileiros era residente no Amap�, embora procedessem de outros estados. Ela destacou a preocupa��o com a entrada ilegal de brasileiros na Guiana Francesa. "Na semana passada, dialogamos bastante sobre essa situa��o e decidimos lan�ar em novembro a campanha Brasileiro Legal, com o objetivo de conscientizar as pessoas a n�o atravessarem a fronteira de forma ilegal. O passaporte se tira muito r�pido, mas o visto �, sim, um problema, mas � preciso compreender que essa rela��o com o pa�s vizinho precisa ser obedecida", disse.

A reportagem entrou em contato com a Marinha do Brasil, pedindo informa��es sobre o naufr�gio e as buscas. Tamb�m pediu ao governo do Amap� e ao Consulado do Brasil em Caiena mais informa��es sobre os desaparecidos e sobre o apoio �s fam�lias, mas ainda n�o recebeu os retornos.


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