(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas TRAJET�RIA

Ex-dom�stica brasileira assume cargo s�nior no governo dos EUA

Natalicia Tracy, que passou por jornadas abusivas enquanto fazia trabalhava nos EUA, virou l�der trabalhista e agora vai atuar na administra��o p�blica federal


22/09/2021 15:42 - atualizado 22/09/2021 16:41

Natalicia Tracy, em foto de 2016; ela contou ter sido submetida a jornadas abusivas quando trabalhou como doméstica nos EUA
Natalicia Tracy, em foto de 2016; ela contou ter sido submetida a jornadas abusivas quando trabalhou como dom�stica nos EUA (foto: BBC)

Uma ex-dom�stica brasileira que se tornou l�der trabalhista e acad�mica com PhD nos Estados Unidos acaba de assumir um cargo no governo americano de Joe Biden.




Natalicia Tracy, que se mudou para os Estados Unidos em 1989, para trabalhar na resid�ncia de uma fam�lia brasileira em Boston - e conta ter sido submetida a jornadas abusivas de trabalho -, foi nomeada conselheira s�nior para a Ag�ncia de Sa�de e Seguran�a Ocupacional (Osha, na sigla em ingl�s) do Departamento de Trabalho do governo americano.

Tracy conta que foi convidada por um representante da Casa Branca ao cargo, por sua experi�ncia pessoal, profissional (como l�der de movimentos trabalhistas e de imigrantes e promotora de legisla��es voltadas para esse p�blico) e acad�mica - ela � PhD em Sociologia e professora da Universidade de Massachusetts em Boston, com especialidade nas �reas de pol�tica migrat�ria, social e estudos do trabalho.

Embora ainda n�o possa dar detalhes da sua nova fun��o, diz que sua atua��o dever� ser voltada a esses temas.

A BBC News Brasil contou a hist�ria de Tracy em uma reportagem de 2016 , quando a brasileira era diretora-executiva do Centro do Trabalhador Brasileiro em Boston - posi��o que deixou para assumir o novo cargo em Washington.

Do Brasil para os EUA

O envolvimento de Natalicia Tracy com quest�es trabalhistas come�ou h� mais de tr�s d�cadas, quando ela foi recrutada, aos 19 anos, em S�o Paulo, para acompanhar uma fam�lia brasileira numa temporada de dois anos em Boston.

Al�m de cuidar de um beb� de dois anos, ela desempenhava todas as tarefas dom�sticas da casa. A jornada, diz, ia das seis da manh� �s onze da noite.

"De acordo com as leis trabalhistas dos Estados Unidos, eu estava num trabalho considerado escravo", ela afirmou em 2016 � BBC News Brasil.

Tracy disse que dormia numa "varanda fechada com cimento grosso no ch�o" e que n�o podia usar o telefone nem receber cartas.


Natalicia em evento de 2016 em Boston para discussões trabalhistas; brasileira emigrou aos EUA em 1989 e virou líder trabalhista no país
Natalicia em evento de 2016 em Boston para discuss�es trabalhistas; brasileira emigrou aos EUA em 1989 e virou l�der trabalhista no pa�s (foto: BBC)

Segundo ela, muitas vezes n�o sobrava comida ap�s cozinhar para os patr�es. "Fiquei doente e n�o me levaram ao m�dico. Era um ser humano que estava sob a responsabilidade deles: n�o falava ingl�s, n�o tinha fam�lia aqui."

A pior parte, diz ela, era o pagamento: US$ 25 por uma jornada de 90 horas semanais, valor muito abaixo do sal�rio m�nimo local.

Passado esse per�odo, seus empregadores voltaram ao Brasil, mas Tracy resolveu permanecer nos EUA. Acabou se casando com um americano e come�ou a se dedicar aos estudos: concluiu o ensino m�dio, cursou Psicologia e Sociologia, at� obter mestrado e PhD, com um estudo que relaciona imigra��o, ra�a, fam�lia e classe.

A regi�o onde ela mora concentra a maior popula��o brasileira nos Estados Unidos, a maioria em situa��o irregular.

Em 2006, Tracy come�ou como volunt�ria no Centro do Trabalhador Brasileiro, grupo de defesa de direitos trabalhistas do qual se tornou diretora-executiva em 2010.

Com o apoio da maior central sindical do pa�s (a American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations), Tracy passou a articular com outras organiza��es a aprova��o, em Massachusetts, de uma das mais avan�adas legisla��es estaduais sobre trabalho dom�stico dos Estados Unidos.

Sancionada em julho de 2014, a legisla��o exige, entre outros pontos, que os dom�sticos - mesmo os indocumentados - tenham um contrato de trabalho escrito, sejam pagos pelo total de horas trabalhadas, garante dias m�nimos de descanso e cria canais para denunciar abusos.

Foi ent�o que come�ou a ter interlocu��o com pol�ticos democratas - chegou a reunir-se com o ex-presidente Barack Obama e a senadora Elizabeth Warren.

"Tive acesso a espa�os que antes n�o eram abertos nem a americanos de cor. Foi poderoso", afirmou � BBC News Brasil � �poca.

"Essa consci�ncia de ser mulher, imigrante e negra, eu uso isso como uma arma, de forma que sei quem sou e sei da minha capacidade. E se voc� disse que eu n�o posso fazer alguma coisa, eu vou te provar o contr�rio."

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube ? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)