(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas GERAL

Chapada dos Veadeiros Tem 10� dia de inc�ndios; fogo avan�a 12% no Cerrado


22/09/2021 17:01

O fogo na Chapada dos Veadeiros j� dura dez dias, chegou � �rea do Parque Nacional e consumiu mais de 23 mil hectares de vegeta��o na regi�o, o equivalente a 23 mil campos de futebol. As queimadas ocorrem em meio a um cen�rio de aumento de focos de inc�ndio no Cerrado.

Essas queimadas cresceram 12% no bioma em 2021, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Desde o in�cio do ano, foram 46.693 focos de inc�ndios detectados por sat�lite, superando a marca de 41.674 de 2020. S� em agosto foram 15.043 focos de calor, o que significa um crescimento de 48% em rela��o ao mesmo m�s do ano passado. O registro foi o maior valor desde 2014 (15.525 focos).

De acordo com o coordenador da for�a-tarefa, capit�o do Corpo de Bombeiros de Goi�s, Luiz Ant�nio Dias Ara�jo, 170 pessoas est�o envolvidas no combate ao fogo, entre bombeiros, brigadistas do Instituto Chico Mendes de Preserva��o da Biodiversidade (ICMBio) e volunt�rios. Al�m disso, as equipes continuam fazendo o monitoramento das �reas durante a noite. Nesta quarta, 22, a expectativa � de que o efetivo deve aumentar para 190.

"As condi��es clim�ticas n�o ajudam e a velocidade do vento tem dificultado muito esse controle das chamas. Hoje (ter�a, 21), juntamente com o pessoal que estava em solo, tr�s avi�es fizeram o lan�amento de �gua durante todo o dia. A expectativa � de que a gente possa progredir nessas linhas e que amanh� tenhamos um panorama melhor", enfatiza o capit�o.

Os bombeiros t�m contado com aux�lio de aeronaves para o lan�amento de �gua. "Estamos usando o combate direto com a tropa em terra, utilizando abafadores, soprador, bomba costal e ferramentas para manuseio de terra (enxada, enxad�o e p�). Outra t�cnica � o ataque combinado, que � quando os Air Tractor, os avi�es que lan�am �gua, auxiliam a tropa em terra", explica o coordenador da opera��o.

De acordo com o brigadista Alex Gomes da Silva, as condi��es clim�ticas (tempo seco e a baixa umidade do ar) e as reigni��es t�m dificultado o trabalho de combate �s chamas. "Em rela��o aos locais mais atingidos, no Vale da Lua e no Vale de S�o Miguel, temos reigni��o todos os dias. Mas o maior estrago na verdade est� sendo em toda a �rea de Prote��o Ambiental de Pouso Alto (APA), com um ter�o atingido", informou.

A Pol�cia Civil est� na Chapada dos Veadeiros mapeando a �rea para investigar se os inc�ndios, que come�aram no �ltimo dia 12, s�o criminosos. Luiz Ant�nio, que � coordenador da for�a-tarefa que combate as chamas, acredita que o fogo tenha sido causado por um incendi�rio, mas, com a propor��o de destrui��o, n�o � um trabalho r�pido de investiga��o e essa apura��o demanda tempo. O fogo teve in�cio no Vale da Lua, onde cerca de 100 turistas que estavam no local foram resgatados ap�s cerca de 1h30 de espera.

Na ter�a-feira, 14, o fogo atingiu 8 mil hectares e, por causa do inc�ndio, o Vale da Lua e a Cachoeira do Segredo foram fechados. J� na quarta-feira o inc�ndio provocou o fechamento do Parque Estadual �guas do Para�so, depois que uma linha de fogo com 7 quil�metros de comprimento come�ou a se aproximar da unidade.

Em meio ao inc�ndio que j� dura mais de uma semana, um agricultor relatou perda de cerca de R$ 1,5 milh�o da produ��o de milho depois que a lavoura foi atingida pelo fogo. A fazenda fica em S�o Jo�o D'Alian�a, no nordeste de Goi�s. O vento forte e redemoinhos de cinzas fizeram o fogo se espalhar rapidamente.

Turismo

Segundo o coordenador de preven��o e combate a inc�ndios do Instituto Chico Mendes de Preserva��o da Biodiversidade, Jo�o Morita, as chamas chegaram � �rea do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros por dois pontos espec�ficos, mas n�o apresentam risco para os locais de visita��o e aos turistas.

Ontem, as a��es se concentraram na regi�o conhecida como Cascata e Ponte de Pedra. "Esses dois focos adentraram o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e est�o cerca de 60 quil�metros distante das �reas de atrativos tur�sticos. Portanto, n�o oferecem risco at� o momento aos turistas", afirma Luiz Ant�nio Dias Ara�jo. O Parque Nacional continua com a visita��o sem comprometimento. O guia de turismo e condutor credenciado da Chapada dos Veadeiros Jo�o Paulo por exemplo, destaca que ainda n�o houve impactos at� agora. "A cidade continua cheia, mesmo em dias de semana. Ao meu ver, n�o abalou o turismo que retomou o fluxo original pr�-pandemia, e est� numa crescente agora. Alguns locais fecharam, mas, logo ap�s o inc�ndio ser controlado, j� foram reabertos", contou.

'Queimada, seca e desmate est�o conectados', diz Mariana Napolitano, gerente de ci�ncias do WWF-Brasil

Dados do Inpe apontam crescimento de 12% das queimadas no Cerrado, com mais de 41,6 mil focos de inc�ndio em 2021. O que est� acontecendo?

Estamos no segundo ano de eventos extremos e tem sido um per�odo de bastante seca no Pa�s. Em 2020, houve as queimadas no Pantanal. Hoje, � o Cerrado que est� queimando mais. S� em agosto foram mais de 15 mil focos de inc�ndio detectados, o maior �ndice da s�rie hist�rica desde 2014. Existe uma forte conex�o entre desmatamento, seca, desequil�brio e queimadas. No caso do Cerrado, existe sim o fogo natural que come�a, por exemplo, ap�s um raio. Mas isso acontece no per�odo de chuva, em outubro. Em per�odo de seca, esses focos de inc�ndio s�o antr�picos, produzidos pelo homem. � o que estamos vendo na Chapada dos Veadeiros.

Como � essa conex�o entre desmate, seca e queimada?

Todos est�o conectados. N�o h� uma fronteira clara: Amaz�nia, Cerrado e Pantanal dependem um do outro. A Amaz�nia tem os rios voadores, massas �midas que se deslocam por grandes dist�ncias, e contribui com a umidade de outras regi�es. Uma vez que o bioma j� perdeu 17% da sua cobertura, tem outra parcela grande degradada e o desmatamento se mant�m alto por tr�s anos seguidos, isso vai afetar o volume de chuva no Cerrado e no Pantanal.

Quais os poss�veis impactos do cen�rio atual?

O Cerrado tem 30% da biodiversidade brasileira e 5% dos animais e plantas de todo o planeta. Os animais n�o conseguem escapar de inc�ndios de alta intensidade, principalmente anf�bios, r�pteis e pequenos mam�feros, sem falar nos invertebrados. Com desmatamento e queimadas, a gente pode estar perdendo esp�cies que n�o existem em outros lugares. Vale dizer que o Cerrado � conhecido como "a caixa d'�gua do Brasil", porque abriga a nascente de oito das 12 bacias hidrogr�ficas. Todo esse sistema est� fr�gil.

� poss�vel projetar o comportamento dos pr�ximos meses? Como evitar estragos maiores?

Geralmente, agosto e setembro s�o os meses com mais focos de inc�ndio. Em outubro, a chuva come�a a dar uma pausa. Mas com as mudan�as clim�ticas e os atuais n�veis de desmatamento, a gente corre o risco de passar a conviver mais com eventos extremos, como as queimad[ ]as. E n�o � s� aqui. Na Calif�rnia, em Portugal, isso est� virando algo comum. Cada vez mais, o Brasil vai precisar olhar essa quest�o de forma mais s�ria. N�o adianta esperar queimar e ir l� combater. Tem de planejar e prevenir.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)