Corre��o: Neto diz que av� foi amarrado em hospital da Prevent Senior

A mat�ria enviada nesta sexta-feira (24) informava, no 3� par�grafo, que o prontu�rio do paciente j� havia sido solicitado de forma informal, o que est� incorreto. O texto foi corrigido.

Em 3 de abril, v�spera do domingo de P�scoa, o advogado Leandro Vusberg, de 36 anos, sofreu um choque. Ele soube que seu av�, o PM aposentado Carlos Vusberg, de 84 anos, internado dias antes com covid-19, estava com bra�os e pernas amarrados e com m�scara de oxig�nio, em um hospital da rede Sancta Maggiore, da Prevent Senior. O idoso, segundo o neto, estava sem f�lego e agitado, mas n�o foi sedado. O que mais causava estranheza era que o paciente havia tido alta da UTI, sem que tivesse melhorado. Carlos morreu dois dias depois.

Nas �ltimas semanas, a mesma Prevent Senior passou a ser foco das investiga��es da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Covid. Senadores suspeitam que pacientes do plano de sa�de foram submetidos a experi�ncias com o "kit covid" - composto por medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doen�a -, sem conhecimento de familiares. M�dicos disseram � comiss�o que o estudo foi fraudado, para induzir � ideia de que o tratamento, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, funciona. A empresa nega as acusa��es e se diz alvo de difama��o.

As den�ncias da CPI chamaram a aten��o da fam�lia de Carlos, que questiona se o aposentado tamb�m foi medicado com o chamado "kit covid". Ap�s a morte, o que aflige a fam�lia h� cinco meses � a falta de informa��o sobre o caso. Parentes exigem que a Prevent Senior forne�a o prontu�rio m�dico, uma vez que n�o receberam todos os detalhes sobre o quadro no momento do �bito. Est�o dispostos a ir � Justi�a para consegui-lo caso a empresa volte a negar. Com os pap�is em m�os, querem saber o que aconteceu, para entender por que o av� morreu.

Procurada pelo Estad�o , a Prevent Senior alegou quest�es legais e n�o quis se manifestar sobre o caso de Carlos Vusberg. Afirmou apenas que os registros m�dicos do paciente podem ser pedidos pelos familiares assim que solicitarem.

Interna��es

Carlos foi internado pela primeira vez em um hospital da rede em outubro de 2020. "Ele estava sem f�lego e foi ao hospital", disse o neto. Os m�dicos suspeitaram de covid e fizeram o teste para confirmar se ele estava infectado. O problema, segundo Leandro, � que seu av� foi levado para uma UTI exclusiva para pacientes com a doen�a antes que o resultado - que daria negativo para o novo coronav�rus - sa�sse.

"Lembro de ele estar desesperado e falar: 'Me tirem daqui. Se eu n�o estiver com covid, agora vou ficar'. Quando saiu o resultado, dois dias depois, ele foi transferido (para o quarto)", afirmou Leandro, sobre a primeira interna��o. Em novembro, mandaram o paciente para casa. Carlos, por�m, seria novamente internado, em fevereiro de 2021, mas desta vez n�o voltou para casa.

O policial militar reformado faria 85 anos neste m�s. Criou as quatro filhas na Mooca, na zona leste de S�o Paulo. Era cheio de hist�rias, segundo o neto, em especial por ter sido um dos astros do Gigantes do Ringue, programa de lutas coreografadas que fazia sucesso na televis�o, nos anos 1960.

'Kit covid'

Na primeira interna��o, em outubro, a Prevent Senior n�o receitou o "kit covid", formado por medicamentos como cloroquina e ivermectina, que al�m de n�o funcionar contra a doen�a, pode expor pacientes a risco. Mas a fam�lia p�de testemunhar o que, agora, levanta suspeitas sobre supostas press�es do plano de sa�de para a prescri��o desses rem�dios.

"O m�dico receitou alguns medicamentos, e a enfermeira virou e disse: 'Doutor, o senhor n�o vai receitar o kit covid?' Era como se estivesse l� para ver se o kit estava sendo receitado", relatou Leandro.

Em fevereiro, Carlos se sentiu mal. Ao retornar ao Sancta Maggiore, foi feito novo teste. Desta vez, o resultado deu positivo para covid-19. "Ele foi internado e ficou na UTI por dois dias. Depois, foi transferido para um quarto. A gente n�o entendeu por que ele tinha sa�do da UTI se n�o tinha melhorado. Ele estava com dificuldade para respirar, mas n�o foi intubado, n�o foi sedado", afirmou Leandro. Segundo o neto, o hospital n�o explicou o motivo de ele ter sido imobilizado. No dia 5, a fam�lia recebeu o telefonema informando a morte de Carlos. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.