Um dos desafios do tratamento para ansiedade e depress�o � fazer com que pacientes sigam tomando os rem�dios prescritos pelos m�dicos mesmo ap�s epis�dios de efeitos adversos ou quando o paciente n�o percebe melhora do quadro. Com oferta crescente no Brasil, os testes farmacogen�ticos se apresentam como uma op��o para dar precis�o e evitar que medicamentos sejam recomendados por meio da tentativa e erro. Diante da pandemia, do isolamento social e da alta do desemprego, profissionais de sa�de t�m sido cada vez mais procurados para tratar de sintomas, diagn�sticos e tratamentos contra essas doen�as.
Realizados com saliva ou sangue, os testes analisam o DNA dos pacientes e permitem identificar altera��es que podem impactar na resposta dos medicamentos e nos efeitos colaterais - alguns fazem at� o cruzamento para verificar se intera��es medicamentosas e h�bitos de vida, por exemplo, podem interferir no sucesso do tratamento.
"Esse exame envolve uma estrat�gia chamada Medicina de precis�o, que avalia caracter�sticas das pessoas, das doen�as e do DNA, e adapta o tratamento de acordo com a necessidade. Al�m de melhorar as respostas, os testes objetivam economizar dinheiro, porque, toda vez que ajusta o medicamento, o pre�o do tratamento aumenta", explica Leandro Brust, l�der de Farmacologia da GeneOne, empresa de gen�mica da Dasa. O exame da GeneOne chegou ao mercado no come�o do ano passado, o que coincidiu com o in�cio da crise da covid-19.
Ele diz que o conceito de Medicina de precis�o j� � uma tend�ncia em pa�ses como os Estados Unidos, Espanha, Holanda, Taiwan e Turquia e que os testes farmacogen�ticos est�o em crescimento, principalmente com o aumento de casos de depress�o e ansiedade.
"A maioria dos medicamentos psiqui�tricos acaba passando por determinadas enzimas, em 70% dos pacientes elas passam. Sabemos que, de cada dez pessoas, nove t�m alguma altera��o nos genes que, se fosse conhecida, poderia ter melhorado a resposta terap�utica e evitado o efeito colateral", diz. O exame analisa ainda outros fatores que podem impactar o tratamento.
"A gen�tica determina uma parte disso, a outra parte � a intera��o entre os medicamentos. A gente consegue avaliar as intera��es, porque um paciente com depress�o pode ter press�o alta ou diabete. O exame vai observar h�bitos tamb�m. Se a pessoa toma caf�, bebe �lcool. A gente pode simular situa��es novas, como infec��o por covid", afirma. "O m�dico pega o exame, faz um login com uma chave personalizada, entra em uma plataforma com base cient�fica mundial e vai fazer a simula��o antes de receitar."
Entre junho e agosto desde ano, houve crescimento de 456% nos testes realizados pela GeneOne em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado, quando o exame estava nos primeiros meses no mercado. Por enquanto, os testes com foco na �rea de psiquiatria ainda s�o particulares e os valores variam entre R$ 1.485 e R$ 1.990.
Wagner Baratela, chefe da gen�mica do Grupo Fleury, diz que o teste � uma ferramenta para ajudar os m�dicos e que a an�lise individual de variantes do DNA associadas ao metabolismo de medica��es permite que o psiquiatra defina qual ser� o melhor tratamento. "O metabolismo lento faz com que leve mais tempo para a medica��o ser retirada do organismo. Assim, tem o efeito de exacerba��o dos sintomas em sistemas lentos. Se o metabolismo for acelerado, o efeito do tratamento acaba n�o sendo t�o bom." Mas ele diz que o exame n�o exclui a necessidade de diagn�stico e acompanhamento por parte do psiquiatra.
Fundador da Gntech, o m�dico psiquiatra Guido May conta que a empresa oferece os testes farmacogen�ticos desde 2017 e que eles j� est�o na quinta gera��o. Em junho deste ano, foi lan�ada uma vers�o mais compacta, que faz a an�lise de seis genes - a vers�o completa mapeia 32 - por R$ 1.485.
"O m�todo de tentativa e erro d� 50% de falha. Depress�o e ansiedade j� s�o a maior causa de faltas ao trabalho no Brasil e no mundo. Cada tentativa de tratamento que falha, a depress�o vai se tornando mais grave e cr�nica. Um grande porcentual, que pode chegar a 70%, abandona o tratamento por efeitos colaterais ou inefic�cia da medica��o. J� temos estudos que demonstram que, comparado com pacientes com tentativa e erro, as pessoas que fazem o teste t�m resultados mais eficazes, menos gastos e menor n�mero de interna��es", afirma May, que atua no Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo a psiquiatra L�via Beraldo, a ades�o ao tratamento j� � impactada pelo estigma e o preconceito com as medica��es, algo agravado pelo intervalo entre o in�cio do tratamento e a sensa��o de que ele est� fazendo efeito. "Essas medica��es, como os antidepressivos e rem�dios para ansiedade, demoram cerca de 20 dias para come�ar a fazer efeito. Essa demora pode ser mais um fator para distanciar o paciente do tratamento. Isso (exame) d� mais esperan�a ao paciente", afirma.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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