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Estado de Minas CLIMA

Nuvens de poeira s�o alerta para extremos clim�ticos

Estudos j� haviam demonstrado que epis�dios como esses se tornaram cada vez mais frequentes e evidentes, e que o momento de mudar � agora


05/10/2021 17:10 - atualizado 05/10/2021 17:44

Tempestade de terra e poeira
Tempestade de terra e poeira como as registradas em Minas Gerais (foto: Reprodu��o/ Redes sociais)

Com propor��es distintas, tempestade de terra e poeira como as registradas em S�o Paulo e em Estados como Minas Gerais , Mato Grosso do Sul e Maranh�o nos �ltimos dias demonstram a necessidade de a��es para conter os extremos clim�ticos. A mudan�a exige tanto a��es locais, como a mudan�a nas formas de cultivo na agricultura, quanto de maior abrang�ncia, como o fim do desmatamento da Amaz�nia.

Estudos como o relat�rio do IPCC deste ano j� haviam demonstrado que epis�dios como esses se tornaram cada vez mais frequentes e evidentes, e que o momento de mudar � agora. Embora essas tempestades (chamadas tamb�m de haboob) sejam registradas em per�odos de seca de forma pontual todos os anos, alguns casos recentes, como os da regi�o de Franca e de Ribeir�o Preto, chamaram a aten��o pela for�a e pela frequ�ncia.

Professor do Departamento de Biologia da USP de Ribeir�o Preto, Marcelo Pereira explica que os registros do fen�meno est�o relacionados tanto a fatores locais quanto de �mbito mais amplo. Um dos principais � a devasta��o recorde da Amaz�nia, cuja evapotranspira��o (umidade liberada no ambiente pelas �rvores) regula o regime de chuvas de outras partes do Pa�s, como a Regi�o Sudeste. "A umidade � transportada pelos ventos em dire��o ao Oceano Pac�fico , mas, como tem a Cordilheira dos Andes no meio do caminho, acaba sendo rebatida para o Sul e o Sudeste. E s�o essas massas de ar que regulam as nossas chuvas", comenta.

"N�o podemos esquecer que s�o fen�menos que ocorrem distantes, mas que est�o muito ligados. Se a Floresta Amaz�nica continuar sofrendo, vai ficar cada vez mais irregular (o cen�rio de chuvas), e a tend�ncia � ficar cada vez mais seco", diz ele. "Deixar a Amaz�nia ter problemas de desmatamento � assinar atestado de �bito para a gente."

Por outro lado, h� tamb�m as quest�es locais. Um exemplo que o professor cita s�o as queimadas registradas em regi�es atingidas pelo fen�meno, que deixaram fuligem e vegeta��o destru�da, cujas part�culas entraram em suspens�o com a for�a dos ventos, espalhando um material prejudicial � sa�de. "Precisa haver uma prepara��o para combater de forma mais eficiente. Sen�o, as �reas v�o ficar cada vez mais desprotegidas."

As tempestades de areia registradas s�o, portanto, resultado dessa situa��o aliada ao calor extremo, � secura e aos fortes ventos. "A massa de ar frio e �mido se encontra com a de ar quente e seco. O ar �mido � mais denso e tende a ir para baixo, enquanto o ar seco tende a ir para cima. Quando isso acontece, h� a movimenta��o das massas, as frentes de rajada. Quanto maior a diferen�a de temperatura entre as duas massas, mais fortes v�o essas rajadas (de vento)", explica.

Ele destaca que esse tipo de situa��o acontece em determinadas situa��es nesta �poca do ano, mas que n�o com tanta frequ�ncia e intensidade como foi a do pen�ltimo domingo, por exemplo. "� um mau sinal. Existem ciclos de secas mais intensas, mas os per�odos est�o cada vez mais secos e maiores, e o per�odo de chuvas cada vez menos frequente. � indicativo de uma coisa maior." Por isso, s�o importantes iniciativas de recupera��o. Mas os resultados nem sempre ser�o um retorno exatamente ao que era antes. "Danos muito grandes �s vezes n�o d� para compensar."

Professora do Departamento de Ecologia da UnB, Mercedes Bustamante explica que o impacto das rajadas de vento tamb�m afeta ainda mais o solo j� castigado pela seca, pois remove as camadas mais superficiais, onde est� a maior riqueza de nutrientes (inclusive os agr�colas) e microorganismos. "Aquela nuvem (em Franca, por exemplo) � o latossolo de colora��o avermelhada da regi�o."

Para evitar que os nutrientes sejam perdidos, � necess�rio haver cobertura vegetal. Por�m, a que � feita nas propriedades, quando ocorre, acabou sendo em parte destru�da pelas queimadas, restando o solo exposto - tamb�m revirado em outros locais por processos anteriores � semeadura. A docente destaca, portanto, que � preciso investir no desenvolvimento de novas formas de cobertura vegetal, que estejam prontas para ocorr�ncias de rajadas fortes.


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