Vi�va do m�sico Evaldo dos Santos Rosa, um dos dois mortos pelos militares condenados pela Justi�a Militar na madrugada desta quinta-feira, 14, a t�cnica de enfermagem Luciana dos Santos Nogueira, de 43 anos, disse ap�s o julgamento que a condena��o tirou um peso que estava sobre a sua cabe�a.
"Hoje vou chegar em casa, tomar um banho e acho que vou conseguir dormir", afirmou. "Eles (os magistrados da Justi�a Militar que condenaram os r�us) n�o t�m no��o de como est�o trazendo paz para a minha alma. Eu sei que n�o vai trazer o meu esposo de volta, mas n�o seria justo eu sair daqui sem uma resposta positiva."
O advogado Paulo Henrique Pinto de Melo, que defende os militares, afirmou que a decis�o n�o foi justa. Anunciou que vai recorrer.
"Esta condena��o n�o � definitiva. Ela n�o traz Justi�a aos autos, e a defesa, dentro do prazo legal, far� e apresentar� o recurso para inst�ncia superior, aguardando que ali se fa�a Justi�a isenta, justi�a longe dos apelos e da interfer�ncia externa."
Para o advogado criminalista e constitucionalista Pedro Abramovay, diretor para a Am�rica Latina e o Caribe da Open Society Foundations, a condena��o foi importante. Segundo ele, pela primeira vez membros das For�as Armadas foram responsabilizados por um crime cometido durante trabalho de seguran�a p�blica.
"As For�as Armadas n�o foram feitas para serem usadas na seguran�a p�blica", disse. "Elas usam equipamentos adequados para a guerra."
O advogado acredita que essa condena��o pode come�ar a mudar a l�gica das For�as Armadas em casos semelhantes.
"Essa condena��o � importante tanto para a seguran�a p�blica, para que os agentes de seguran�a n�o matem pessoas inocentes que est�o andando pelas ruas, como para, quem sabe, inaugurar um processo de encontro das For�as Armadas com seus erros", afirmou.
Para o advogado Rodrigo Mondego, vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos do Rio, entidade ligada ao governo estadual, a condena��o dos militares pode ser "um marco".
"A meu ver, as mortes de civis por militares n�o deveriam ser julgadas pela Justi�a Militar, mas pela Justi�a comum. Mas, neste caso, mesmo sendo julgados por seus pares, os militares foram condenados", avalia. "� simb�lico que essas mortes tenham ocorrido em 2019, ano que registrou o recorde hist�rico de mortes por agentes de seguran�a no Rio de Janeiro: 1.822 casos. Tamb�m h� o padr�o de tentar criminalizar a v�tima, o que � muito frequente".
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