Mesmo com a pandemia, quando fam�lias disseram perceber que n�o � f�cil ser professor, o sentimento dos docentes ainda � de baixa valoriza��o. Em pesquisa realizada pelo Instituto Pen�nsula, entre setembro e outubro, com profissionais de escolas p�blicas e particulares, 74% acreditam que os professores n�o s�o respeitados no Brasil. Por outro lado, quase todos acham que s�o importantes para a transforma��o social do Pa�s e da vida dos alunos. Mais da metade (52%) diz que � "um orgulho ser professor no Brasil" e ainda dois em cada tr�s deles escolheriam dar aulas novamente, se pudessem voltar no tempo.
"Eu me orgulho de ser professor todos os dias", diz o docente da rede estadual de Minas Romildo Calixto Amaro Junior, de 36 anos, que d� aulas de Filosofia em uma favela de Vespasiano, na regi�o metropolitana de Belo Horizonte. "Mas a gente vive em um pa�s em que a educa��o � vista como mal necess�rio para atingir uma profiss�o. Poucos veem como uma possibilidade de transforma��o", completa.
Na pesquisa, 77% disseram que sua profiss�o n�o � valorizada pela sociedade.
Junior � um dos cinco professores - um de cada regi�o do Pa�s - que participa de uma a��o organizada pelo Instituto Pen�nsula para celebrar o Dia do Professor, comemorado nesta sexta-feira, 15.
Cada um deles foi fotografado com uma palavra que apareceu na pesquisa como s�mbolo da valoriza��o que eles almejam. O professor mineiro teve "tatuado" amor. "Amor � a capacidade de fazer algo que tenha significado, amor � algo que foge da l�gica tecnocr�tica", explica, sobre a profiss�o.
As fotos est�o expostas, a partir desta sexta e at� o dia 15 de novembro, na Esta��o Santa Cec�lia do Metr� de S�o Paulo.
Sal�rio
O Brasil tem mais de 2 milh�es de professores que d�o aulas em escolas p�blicas e particulares. O piso salarial determinado por lei fica em torno de R$ 3 mil. Na pesquisa, s� 18% responderam que a remunera��o � compat�vel com o n�vel de complexidade da sua atua��o e 90% disseram que o professor n�o recebe bons sal�rios.
Mesmo assim, quando indagados sobre como se sentiriam mais valorizados, quest�es como condi��es de trabalho, aprimoramento da carreira e reconhecimento pela sociedade apareceram mais que o sal�rio.
"Uma parte da falta de reconhecimento da sociedade � o n�o entendimento de que sem a educa��o o resto das engrenagens do Pa�s vai rodar capenga", diz a diretora executiva do Instituto Pen�nsula, Heloisa Morel. "E o professor � a pe�a-chave para a transforma��o, para o desenvolvimento do Pa�s."
A pesquisa Valoriza��o da carreira docente: um olhar dos professores foi realizada com 1,1 mil professores de todo o Pa�s. A maioria tem entre 36 e 45 anos, d� aulas no ensino fundamental e � mulher.
Pelas respostas, a m�dia de satisfa��o com a profiss�o foi considerada baixa, especialmente entre aqueles que atuam em redes estaduais. Os que se disseram mais satisfeitos est�o nas escolas municipais, seguidos dos das particulares. Para Heloisa, a real valoriza��o docente passa pelo Brasil olhar esse profissional nas suas m�ltiplas dimens�es.
Pesquisas mostram que pa�ses como Canad�, Cingapura e Chile, que investiram fortemente no professor, tiveram avan�os r�pidos na educa��o. Isso inclui atrair os melhores alunos do ensino m�dio para a carreira docente, com sele��o diferenciada, aprimorar a forma��o para deix�-la mais pr�xima da realidade da sala de aula, fechar cursos ruins, ter avalia��es peri�dicas e melhores sal�rios.
Heloisa acredita que � preciso aproveitar a maior valoriza��o das fam�lias que ocorreu durante a pandemia para transformar a realidade e perpetuar esse efeito positivo. "Houve um entendimento maior de quanto � complexo o of�cio do professor. Os bons professores querem ser tratados como profissionais e n�o s� como a pessoa que tem o dom de ensinar."
Leila Aparecida, de 45 anos, professora de L�ngua Portuguesa em uma comunidade quilombola em Jaraguari, Mato Grosso do Sul, conta que gostou de receber mensagens dos pais sobre a import�ncia do seu trabalho, durante a pandemia. "A proximidade com as fam�lias e conhecer melhor a realidade das crian�as tamb�m foram boas para n�s. Deu trabalho, mas foi gratificante", conta ela, que teve de ir de casa em casa levando atividades porque muitos n�o tinham internet na comunidade.
Na campanha pelo Dia do Professor, Leila est� com a palavra "respeito" escrita no peito. As fotos e as letras foram feitas pelo projeto Feito Tatuagem, do fot�grafo Sergio Santoian e da maquiadora Louise Hel�ne.
"� muito dif�cil ser professor no Brasil, mas quando a gente tem compromisso a gente realiza", diz a professora da rede estadual do Par� Mariana Silva Barros, de 50 anos.
Ela d� aulas de Educa��o F�sica e j� foi premiada nacionalmente por um projeto para ensinar atletismo com materiais alternativos, como varal de bambu e pneus. Nas fotos, ela aparece com a palavra "valoriza��o" pelo corpo. "Meu trabalho � uma forma de ajudar muitas crian�as que s� dependem da escola p�blica."
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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