1822. 1922. 2022. "3 vezes 22". Esse � o nome do projeto da Biblioteca Brasiliana Guita e Jos� Mindlin da Universidade de S�o Paulo (BBM-USP), que busca oferecer conte�do sobre o bicenten�rio da Independ�ncia do Brasil e o centen�rio da Semana de Arte Moderna, a serem comemorados no ano que vem. Agora, a iniciativa tem um portal com todo o conte�do produzido desde 2017.
Os materiais did�ticos podem ser usados em aula por professores interessados em pensar a constru��o do Pa�s com os estudantes. Na plataforma, h� entrevistas; kits did�ticos com material para debater temas ausentes nos curr�culos de ensino m�dio e fundamental; posts tem�ticos; e v�deos de eventos do projeto.
Al�m disso, est�o presentes as publica��es resultantes do concurso de teses e disserta��es que abordam as duas datas a serem comemoradas em 2022. Dos 18 livros que se pretende publicar, conforme o coordenador Alexandre Macchione Saes, cinco j� est�o dispon�veis. Os conte�dos buscam, sobretudo, mostrar que a Independ�ncia e a Semana de Arte Moderna foram eventos muito mais amplos e diversos do que se imagina. "Nas �ltimas d�cadas, tivemos um esfor�o muito grande de problematizar essas datas", diz Saes.
Ao pensar o passado, por�m, os desafios futuros s�o trazidos � tona. "Devemos olhar para tr�s, entender o que foram esses eventos, avaliando quais projetos foram concretizados e quais n�o foram, seguindo em disputa", fala o professor da USP, ao explicar o objetivo da iniciativa. "Devemos enfrentar esse passado para projetar um futuro mais democr�tico."
Para isso, refor�a, os professores, alunos e pesquisadores envolvidos foram al�m dos autores e livros can�nicos, buscaram visitar tamb�m aqueles, por vezes, esquecidos pela hist�ria. "Tentamos encontrar essas vozes que n�o foram reconhecidas, para tornar mais completo nosso mosaico sobre o que � o Brasil", comenta Saes.
As vozes pouco reconhecidas, em sua maioria, s�o de autores negros, conforme o professor. Saes cita, entre eles, Ruth Guimar�es, autora de �guas Profundas, publicado em 1946. "� uma autora negra que tem um livro sensacional, mas que certamente n�o faz parte do t�pico imagin�rio de quem lembra os autores do modernismo", declara. Com uma leitura mais plural do Brasil, ele acredita na gera��o de processos de reconhecimento que v�o al�m do individual. "Abre a possibilidade de se reconhecer ou reconhecer o outro. Um outro olhar para a nossa sociedade � feito."
Outro cuidado dos produtores dos conte�dos, conforme o coordenador, foi o de estimular o leitor a ser independente. Por exemplo, por meio de hiperlinks, que direcionam a leitura para obras do acervo digital da BBM. Nesse sentido, buscam tamb�m refor�ar o papel das bibliotecas como espa�o de consulta.
SALAS DE AULA
Um bra�o importante do projeto, segundo o coordenador, � o 3�22 na escola, que, a partir de apostilas presentes no portal, pretende chegar �s salas de aula. Ser�o quatro m�dulos diferentes: tr�s deles j� est�o dispon�veis, abordando cidadania, desigualdades e meio ambiente; o quarto, sobre educa��o, deve ficar pronto ainda neste m�s.
Os materiais foram pensados de maneira interdisciplinar, com o objetivo de atender as demandas do novo curr�culo do ensino m�dio. A ideia � a de que os professores consigam construir disciplina eletiva, por exemplo, para pensar o Brasil com os estudantes, por meio do roteiro fornecido pelo 3x22.
O projeto, por isso, busca tamb�m contatar escolas e secretarias de Educa��o. "Esses m�dulos produzem um itiner�rio, um roteiro de discuss�o, percorrendo esses 200 anos de Brasil", fala Saes.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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