O terceiro painel do Summit Sa�de 2021, evento realizado pelo
Estad�o
para discutir o futuro da sa�de no Brasil p�s-pandemia, teve como tema "os impactos das sequelas da covid nos pacientes e no sistema de sa�de". A conversa foi mediada por Cristiane Segatto, que � rep�rter especial de Sa�de do
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, com a participa��o de Andr�a Thomaz Viana, fisiatra da Rede de Hospitais S�o Camilo do Estado de S�o Paulo, Carlos Carvalho, professor titular da disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP, Edson Ara�jo, economista s�nior do Banco Mundial e gerente de projetos na �rea de sa�de na Am�rica Latina, �frica e �sia, e Linamara Rizzo Battistella, professora titular de Fisiatria da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina F�sica e Reabilita��o.
A professora Linarama abriu a discuss�o relatando resultados de uma pesquisa realizada nos Hospitais das Cl�nicas. "Mais de 80% dos pacientes apresentaram sintomas persistentes de grande impacto funcional", disse. Linamara classificou o dado como assustador: "Seis meses depois da alta hospitalar, as queixas ainda eram de dor, tanto nas articula��es quanto na face, e fadiga. N�o um cansa�o comum, � uma fadiga intensa, devastadora", conta.
As sequelas das pessoas afetadas pela covid-19 tamb�m foi o tema do professor Carlos Carvalho. Segundo ele, a doen�a n�o se restringe ao sistema respirat�rio: "o v�rus circula no corpo e acomete qualquer �rg�o."
Carvalho ainda explicou que as sequelas maiores surgem da cicatriza��o anormal das les�es causadas pela covid. "Desenvolvemos toda uma t�cnica de exames sequenciais para avalia��o e estamos apresentando isso para os �rg�os p�blicos. O Hospital das Cl�nicas est� saindo do seu mundo de aten��o terci�ria, dos pacientes mais cr�ticos, e estamos levando nossa experi�ncia para uma aten��o mais prim�ria", contou.
A fisiatra Andr�a Thomaz Viana relatou que a pandemia tamb�m exigiu dos m�dicos um novo olhar para a reabilita��o dos pacientes. "Para alguns m�dicos entenderam que uma reabilita��o precisa ser um pouco mais complexa e ampla existe uma dificuldade", conta. Andr�a relatou que ela pr�pria teve um quadro grave da doen�a, e que a reabilita��o � imprescind�vel. "N�o � em todo lugar que a gente encontra uma estrutura dos sonhos, mas o importante � come�ar. Se tiver somente um fonoaudi�logo, um fisioterapeuta, isso � importante", afirmou.
Para o economista s�nior do Banco Mundial Edson Ara�jo, a defici�ncia nos outros servi�os de sa�de que tiveram de ser paralisados por causa da pandemia vai ter uma grave consequ�ncia. "� uma pandemia dentro da pandemia no sistema de sa�de." O economista apontou uma queda consider�vel nos diagn�sticos de outras doen�as, no n�mero de transplantes e aumento e agravamento de doen�as mentais. "O p�s-pandemia vai exigir muito do sistema de sa�de em termos de tratar aqueles servi�os que n�o foram prestados durante esse per�odo", afirmou.
Para os especialistas, est� claro que a rela��o entre o brasileiro e a sa�de vai mudar depois da pandemia. "A gente j� tem uma desigualdade gritante. A covid escancarou, pois exigiu que registr�ssemos, que coloc�ssemos os dados em tabelas, que avali�ssemos do ponto de vista estat�stico e, finalmente, que a gente publicasse. Ele vai ajudar a melhorar o sistema de sa�de", afirmou Linarama.
Para o professor Carlos Carvalho, o momento � de aprendizado. "Temos de aproveitar esse susto, esse absurdo que a pandemia causou, que � esse n�mero de mortes, e, talvez, estruturarmos uma rede de assist�ncia que possamos deixar como legado", disse.
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