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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

Tubar�es 'invadem' praia de Balne�rio Cambori� ap�s faixa alargada de areia

A prefeitura da cidade disse que a obra respeita todas as normas ambientais


22/10/2021 19:35 - atualizado 22/10/2021 20:43
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Obras de alargamento da faixa de areia da Praia Central
Obras de alargamento da faixa de areia da Praia Central (foto: Twitter/Reprodu��o)
Uma quantidade maior de tubar�es passou a frequentar, nos �ltimos meses, as praias do Balne�rio Cambori�, um dos principais destinos tur�sticos do ver�o brasileiro, no litoral norte de Santa Catarina. Desde agosto, pelo menos 16 esp�cimes de porte m�dio foram avistados na regi�o. Um deles chegou a esbarrar em uma surfista.

 

 

 

Especialistas acreditam que o aumento nas apari��es desses animais pode estar relacionado com as obras de alargamento da faixa de areia da Praia Central do balne�rio. A prefeitura disse que a obra respeita todas as normas ambientais.

No �ltimo dia 13, um grupo de surfistas avistou um tubar�o de quase um metro quando praticava o esporte na Praia Central, no balne�rio. O surfista Pita Tavares, de 41 anos, contou que o animal bateu a cauda em sua perna e resvalou a cabe�a em suas costas.

 

Conforme o relato, h� 30 anos surfando no local ele jamais tinha visto um tubar�o por ali. Dois dias depois, um morador socorreu e arrastou para o mar um tubar�o com cerca de 30 quilos que havia encalhado na Praia Central. Um m�s antes, um tubar�o maior, com cerca de dois metros, foi visto nadando no trecho em que acontecem as obras de alargamento da faixa de areia.


Com base nas imagens, a equipe do Museu Oceanogr�fico da Universidade do Vale do Itaja� (Univali) identificou o animal como um tubar�o-martelo jovem. O curador do museu, professor Jules Soto, acredita que a presen�a maior dos tubar�es se deva ao trabalho das dragas que movimentam a areia na praia, fazendo com que haja maior dispers�o de pequenos moluscos e outros alimentos para os peixes que, por sua vez, atraem os tubar�es. "Quando a dragagem cessar, os tubar�es n�o devem mais chegar t�o perto da praia", disse.

Segundo ele, os tubar�es s�o sens�veis aos ambientes em que vivem e qualquer altera��o nesses ambientes gera um dist�rbio na din�mica local. Soto, que participou do primeiro estudo sobre ataques de tubar�es em Recife, na d�cada de 1980, disse que as esp�cies potencialmente agressivas n�o ocorrem em Santa Catarina. "As pessoas associam tubar�es a ataques, mas n�o � bem assim. Eles t�m aparecido em maior n�mero, mas sem representar risco."

Para o ocean�grafo Rodrigo Cordeiro Mazzeloni, professor da Univali, a rela��o do aparecimento maior de tubar�es com as obras na praia pode, sim, existir. "Quando temos uma obra de grande porte, pode ser em uma praia ou em uma rodovia, a gente acaba mexendo no equil�brio da natureza. Algumas esp�cies animais fogem do local, enquanto outras acabam se aproximando, atra�das pelo movimento", disse. Segundo ele, � preciso estudar mais o que est� acontecendo. "Se for essa a raz�o, ao final da obra, o equil�brio ambiental tende a se restabelecer", pontuou.

Conforme Mazzeloni, a presen�a de tubar�es no litoral � registrada desde as d�cadas de 1930 e 1940. "� fato que est�o acontecendo avistamentos mais frequentes, mas hoje temos muito mais gente nas praias e muitos com celulares, o que facilita o registro", disse.

 

Ele afirma que a possibilidade de ataques a pessoas � muito remota. "As esp�cies s�o de menor porte do que aquelas encontradas, por exemplo, em Recife, onde os ataques costumam acontecer. L� s�o esp�cies de tubar�es maiores que habitam �guas mais quentes e que n�o ocorrem em nossa regi�o. Um ataque aqui seria um fen�meno rar�ssimo."

 

PRAIA MAIS LARGA


As obras come�aram em mar�o deste ano, mas a interfer�ncia maior na mar� teve in�cio no dia 22 de agosto, quando as dragas come�aram a remexer a areia. O projeto prev� alargar a faixa de areia dos atuais 25 metros para at� 70 metros. A previs�o � terminar a obra em novembro deste ano. De acordo com a prefeitura, a amplia��o vai proteger a orla contra o avan�o das mar�s e ampliar o espa�o para banhistas e turistas, j� que ser� poss�vel construir uma ciclovia e aumentar o paisagismo.

A secret�ria do Meio Ambiente, Maria Heloisa Lenzi, disse que o munic�pio monitora a presen�a de tubar�es ao longo da orla, assim como de outros esp�cimes da fauna. Segundo ela, n�o h� como comprovar a rela��o entre os avistamentos recentes de tubar�es e as obras na praia. A interven��o teve licen�a ambiental concedida em 15 de dezembro de 2020 pela comiss�o central de licenciamento do Instituto do Meio Ambiente (IMA) do Estado. Ao custo de R$ 67 milh�es, os servi�os est�o sendo realizados por um cons�rcio de duas empresas que venceu a licita��o realizada pela prefeitura.

A interven��o acontece no momento em que o Balne�rio Cambori� experimenta uma das maiores valoriza��es imobili�rias do Brasil, segundo o Conselho Regional de Corretores de Im�veis de Santa Catarina (Creci/SC). Embora a prefeitura afirme que esse n�o � um dos objetivos da obra, o alargamento das praias vai reduzir o sombreamento da faixa de areia pelos edif�cios altos e espig�es constru�dos ao longo de toda a orla.

Nos estudos para o licenciamento, foram previstos maiores impactos ambientais durante a realiza��o dos servi�os, como a redu��o da produtividade biol�gica, afetando principalmente a atividade pesqueira, perturba��o sonora sobre pequenos cet�ceos e aumento na turbidez da �gua. Conforme o munic�pio, o licenciamento ambiental previu 21 programas de avalia��o e redu��o desses impactos, entre eles o monitoramento da avifauna (aves, peixes e moluscos), da pesca artesanal, e do regime das mar�s.

Entre os impactos positivos que devem acontecer ap�s a conclus�o da obra, est�o modifica��o nos padr�es de eros�o na orla, melhoria nas condi��es de lazer para os usu�rios, maior �rea de reprodu��o e alimenta��o para as esp�cies marinhas e gera��o de renda devido ao aumento no turismo. Soto disse ser favor�vel ao 'engordamento' da praia. "Vai recuperar um ecossistema que estava perdido, pois praticamente n�o havia mais praia", disse.

 


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