
Diagn�stico
Em 2014, Claudia mantinha uma rotina sem sobressaltos at� que, por meio de exames de rotina, descobriu a exist�ncia de um c�ncer no pulm�o. "Foi por acaso. Sentia dores abdominais e fiz uma tomografia. O exame pegou a base do pulm�o e mostrou algumas altera��es. O m�dico desconfiou e pediu mais exames. Assim, acabou se confirmando o c�ncer", relata. Na �poca, ela chegou a fazer uma cirurgia e retirou cerca de 40% da base do pulm�o direito. "Al�m disso, fiz quatro sess�es de quimioterapia e fiquei acompanhando a evolu��o da doen�a", afirma.
Quatro anos depois, a situa��o piorou. "Apareceram m�ltiplos n�dulos nos dois pulm�es, e o c�ncer se tornou, do ponto de vista m�dico, incur�vel. Assim, tenho que fazer controle para o resto da vida", completa Claudia. Para moderar o avan�o da doen�a, ela fez mais duas sess�es de quimioterapia intramuscular quando descobriu uma muta��o das c�lulas e passou a tomar os medicamentos de forma oral. "Desde agosto de 2018, utilizo essa medica��o que controla o c�ncer. Continuo com n�dulos, mas estabilizou", conta.
Mesmo assim, quando as c�lulas cancer�genas se adaptam ou se tornam resistentes ao rem�dio, ela precisa ajustar o tratamento. Por isso, a cada tr�s meses, a aposentada precisa realizar exames para verificar se o produto que usa ainda � eficaz para controlar a doen�a. "Quando ele para de funcionar, temos que trocar o protocolo", explica.
Conforto na corrida
Apesar da situa��o de sa�de complicada, ela aprendeu a conviver com as adversidades e n�o abandonou uma das suas maiores paix�es: a corrida. "Quinze dias antes de descobrir o c�ncer, eu havia participado de um prova de 10 km. Depois de diagnosticada, continuei correndo. Em 2019, participei da S�o Silvestre", comenta Claudia. Com sede de viver, ela n�o se deu por satisfeita com as corridas e caminhadas locais. "Em abril de 2019, fui para Portugal e fiz o percurso do Caminho Portugu�s de Santiago de Compostela. Foram 240km", diz.
Segundo ela, a ideia era testar os limites. Caso conseguisse completar os 240km iria tentar avan�ar para os quase 800 km da rota. "Queria ter voltado � Europa em 2020 para completar esse desafio. Por�m, com a pandemia, adiamos os planos", conta. Em setembro do ano passado, ela e a fam�lia compraram as passagens, mesmo sem a certeza de que conseguiriam ir.
"Quinze dias antes do dia para o qual estava programada a viagem, abriram as fronteiras para o Brasil, e eu pude participar dessa aventura", comemora. L�, Claudia resume a experi�ncia com uma palavra: fant�stica. "N�o � f�cil, at� por causa do c�ncer em si. Foram 36 dias, sendo 34 caminhando. Paramos duas noites para dormir porque senti desconforto e peguei um resfriado durante a noite. Entrei em contato com meu m�dico, peguei uma medica��o, tomei descansei e depois continuei com o rem�dio e com a caminhada", lembra.

Perspectiva
Mesmo com o futuro incerto por causa da doen�a, Claudia afirma que encontra for�as na f� e na fam�lia. "Quando fui diagnosticada, n�o contei para todos. Eu n�o queria que as pessoas olhassem com d� para mim, como se j� estivessem decretando minha morte", relata. Segundo ela, apesar de estar sempre otimista, a forma de encarar a doen�a mudou ao longo dos anos.
"Quando completei cinco anos de diagn�stico, abri para todos essa quest�o e, a partir desse momento, comecei a mostrar que existe esperan�a ap�s um diagn�stico", completa Claudia. Para ela, a forma de encarar a doen�a influencia em como a pessoa vai viver e no tratamento. "Ressignifiquei muita coisa. Eu n�o preciso de um papel que me diga que eu estou curada. Se consigo fazer o que eu quero, dentro de algumas limita��es, eu me sinto viva", afirma.
C�ncer de pulm�o
O c�ncer de pulm�o � o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. A doen�a foi respons�vel por 26.498 mortes em 2015 no pa�s. Os sintomas geralmente n�o ocorrem at� que o c�ncer esteja avan�ado, mas algumas pessoas com c�ncer de pulm�o em est�gio inicial apresentam sintomas. Os mais comuns s�o: tosse persistente; escarro com sangue; dor no peito; rouquid�o; piora da falta de ar; perda de peso e de apetite; pneumonia recorrente ou bronquite; sentir-se cansado ou fraco.
Fonte: Instituto Nacional do C�ncer (INCA)