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Estado de Minas ALCOOLISMO

Consumo exagerado de �lcool entre idosos j� desafia a sa�de p�blica

Cerca de 1,16 milh�o, 3,8%, bebe de 7 a 14 doses por semana, quantidade que pode p�r em risco a sa�de


26/10/2021 08:02 - atualizado 26/10/2021 10:09
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Copos de cerveja brindando
Bebida em excesso entre os mais velhos n�o � exclusividade dos brasileiros (foto: Kham/Reuters - 25/2/10)
Um em cada dez brasileiros com mais de 60 anos faz uso abusivo de bebidas alco�licas, indica estudo conduzido pela Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp). Na conta dos pesquisadores, s�o cerca de 2 milh�es de idosos (6,7%) que consomem v�rias doses em uma �nica ocasi�o - padr�o de consumo abusivo, conhecido como binge drinking. Cerca de 1,16 milh�o, 3,8%, bebe de 7 a 14 doses por semana, quantidade que pode p�r em risco a sa�de. No total, um em cada quatro idosos (23,7%) admite consumir �lcool eventualmente.

Para chegar a esses padr�es, pesquisadores da Escola Paulista de Medicina (da Unifesp) analisaram os dados de um estudo com 5.432 brasileiros acima de 60 anos. E recorreram tamb�m a informa��es de 503 idosos atendidos em Unidades B�sicas de Sa�de de S�o Jos� dos Campos. O trabalho, que virou tese de doutorado da pesquisadora Tassiane Cristine de Paula, � in�dito no Pa�s e aponta que o consumo de �lcool entre idosos j� � problema de sa�de p�blica.

A bebida em excesso entre os mais velhos n�o � exclusividade dos brasileiros. Aos 95 anos e perto de completar 70 de reinado, a rainha Elizabeth II foi aconselhada por m�dicos do Reino Unido a parar com seus drinques di�rios. Fontes pr�ximas � fam�lia real brit�nica falaram do caso � revista Vanity Fair.

O estudo brasileiro indicou que os homens idosos bebem mais que as mulheres, embora essas sejam mais vulner�veis aos efeitos da bebida. Mostrou tamb�m que a frequ�ncia e a quantidade diminuem com a idade - o consumo de risco � maior entre homens de 60 a 70 anos, sobretudo os que t�m maior escolaridade (acima de 9 anos de estudo). A partir dos 70 anos, o consumo cai, principalmente entre as mulheres. O fen�meno � mais comum na Regi�o Sudeste do Pa�s.

DIA SIM, OUTRO TAMB�M

Dono de uma empresa de turismo de pesca em Sorocaba, Carlos Alberto Dias, o Charles, de 68 anos, toma de uma a duas ta�as de vinho "dia sim, outro tamb�m", como afirma. � uma rotina de 20 anos, iniciada por influ�ncia da mulher, de origem espanhola, apreciadora da bebida. "Antes eu tomava cerveja. Agora, uma garrafa de vinho dura tr�s dias depois de aberta, pois cuidamos para que n�o oxide", disse. Charles acredita que a idade n�o deve impedir o cultivo de um h�bito "gostoso", que ele n�o considera prejudicial. "Se tirarem os drinques da rainha (refer�ncia � monarca brit�nica), ela morre", comparou.

O empres�rio diz que s� vai ao m�dico para os exames peri�dicos. "N�o tenho press�o alta nem hipertens�o e passo longe das farm�cias. Fa�o atividade f�sica regular. Tenho clientes m�dicos e eles desaconselham os destilados, n�o o vinho", disse. Sua mulher, Maria Josefa, de 65 anos, o acompanha nas ta�as bem servidas. "Somos um casal que bebe unido", avisa.

A dupla est� no limiar do consumo de alto risco, j� que o estudo considera de baixo risco menos que uma dose por dia para a mulher e menos que duas doses para o homem. Acima de uma dose di�ria para a mulher (ou 7 na semana) e duas para o homem (14 na semana) passa a ser consumo de alto risco. Mais que quatro doses para a mulher e cinco para o homem, em duas horas, caracteriza o consumo abusivo.

COMO REDUZIR

Segundo a pesquisadora Tassiane, � fundamental entender esse problema para propor estrat�gias visando � redu��o do consumo entre os idosos, de modo a evitar que se torne um problema de sa�de p�blica mais grave. "� um fato preocupante, pois, com o aumento da expectativa de vida, a propor��o de idosos na popula��o � maior."

Os estudos indicam, segundo Tassiane, que o consumo prejudicial de �lcool em adultos e idosos pode estar relacionado n�o s� a problemas graves de sa�de - doen�as cardiovasculares, hipertens�o, c�ncer e dem�ncia. "Aumenta tamb�m o risco de quedas e acidentes com fraturas", alerta a cientista, que foi orientada pela professora Cleusa Ferri. Financiada pela Fapesp, a pesquisa foi publicada recentemente em revistas internacionais.

Como parte do estudo, a pesquisadora e seu grupo entrevistaram 503 idosos atendidos pelas UBSs de S�o Jos� dos Campos. Desses, 242 foram identificados como consumidores de �lcool e 80 foram acompanhados at� em sua rotina domiciliar. Esse trabalho, iniciado em janeiro de 2020, foi interrompido em mar�o, pela pandemia. "Ap�s tr�s meses, verificamos que a metade reduziu o consumo e 25% pararam de beber. � claro que pode haver um efeito da pandemia, pois muitos idosos sequer puderam comprar bebidas e pararam as festas familiares. Mas o resultado nos anima a continuar esse trabalho logo que poss�vel."

PROTOCOLO

A expectativa da pesquisadora � desenvolver para o sistema p�blico de sa�de um protocolo de interven��o em rela��o aos idosos que bebem. Conforme a ONG Centro de Informa��es sobre Sa�de e �lcool (Cisa), os dados sobre o consumo de �lcool por idosos ainda s�o escassos e subestimados no Pa�s, mas j� se sabe que de 1% a 3% apresentam morbidade f�sica e psiqui�trica relacionada ao uso de bebidas alco�licas. Entre as consequ�ncias do �lcool nessa popula��o est�o o d�ficit no funcionamento cognitivo e intelectual, preju�zos no comportamento social e aumento das comorbidades.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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