A fonte solar deve se tornar a n�mero 1 em diversos pa�ses nos pr�ximos 30 anos, inclusive no Brasil, mas para isso � preciso acelerar o ritmo atual dos projetos, que est�o deixando muito a desejar, avalia o presidente da Associa��o Brasileira de Energia Solar (Absolar), Rodrigo Sauaia, que v� na 26� Confer�ncia do Clima (COP-26) que est� sendo realizada em Glasgow, Esc�cia, a oportunidade de divulgar os avan�os que est�o sendo feitos no Brasil.
Ele vai apresentar na confer�ncia casos de sucesso, como os leil�es de energia do governo, que garantiram o crescimento desta fonte em 1.500% desde 2012, atingindo este ano 11 mil megawatts (MW) de pot�ncia instalada, a mesma capacidade da usina de Belo Monte, no Par�.
"Mesmo com esse crescimento todo, ainda temos muito que avan�ar, porque hoje a solar � apenas 2% da matriz energ�tica, um porcentual pequeno diante do potencial, que pode chegar a 32% em 2050 e ultrapassar as hidrel�tricas, segundo estudos e consultorias internacionais", informou Sauaia.
O executivo j� participou virtualmente de dois eventos da COP-26 e na pr�xima semana vai apresentar o caso da energia solar no Brasil no Pavilh�o brasileiro, mostrando que em menos de 10 anos o Pa�s passou de 7 megawatts (MW) de pot�ncia instalada da fonte para 11 mil MW. Al�m da Absolar, Sauaia � vice-presidente do Global Solar Council, uma entidade internacional fundada em 2015, na COP21, que re�ne 40 pa�ses.
"A Global Solar � uma iniciativa privada de apoio ao desenvolvimento e aos compromissos assumidos pelos pa�ses para redu��o de gases efeito estufa, reconhecendo que a energia solar fotovoltaica � uma grande ferramenta a favor da redu��o de emiss�es no mundo como um todo", explicou, lembrando que o setor de energia ainda � o principal emissor de gases efeito estufa no mundo.
Um primeiro acordo foi assinado na COP-26 entre representantes globais da energia solar e e�lica, com objetivo justamente de acelerar a instala��o dessas fontes, que hoje j� s�o as mais baratas em grande parte do mundo. Segundo Sauaia, a fonte solar j� � mais barata em pa�ses que representam dois ter�os da popula��o mundial. Al�m de custar menos, destacou, a fonte tem sustentabilidade, j� que � uma tecnologia recicl�vel, com reaproveitamento dos equipamentos no final da vida �til.
"� uma oportunidade enorme de v�rios pa�ses virarem esse jogo. V�rios pa�ses est�o com metas e compromissos audaciosos (na COP-26), colocando a energia solar como uma grande ferramenta para atingir o objetivo", afirmou.
Ele cita o caso dos Estados Unidos, segunda maior economia do mundo e tamb�m segundo maior emissor do Planeta, que apresentou dois compromissos estrat�gicos. A primeira � de que a matriz el�trica inteira vai se tornar limpa at� 2035, meta governamental, e a segunda meta � de que a energia solar vai passar de 4% para 45% do suprimento de energia at� 2050. "� uma gigantesca revolu��o solar que os Estados Unidos vai promover neste horizonte", ressaltou.
Para ter sucesso, os Estados Unidos alocaram h� cerca de dez anos recursos espec�ficos para pesquisa e desenvolvimento, a fim de reduzir o custo da energia solar, o chamado Sunshot, uma refer�ncia ao programa Moonshot, que levou o homem � lua. Segundo Sauaia, o Brasil deveria fazer algo parecido, para incentivar ainda mais a energia solar no Pa�s.
"O Brasil poderia estar indo muito melhor. O Brasil est� atrasado nas duas pontas, nas usinas de grande porte e na gera��o distribu�da. Pa�ses muito menores do que o Brasil em termos de popula��o, como � o caso da Austr�lia, j� est�o atingindo 3 milh�es de sistemas solares nos telhados e o Brasil n�o chegou nem ao primeiro milh�o (de sistemas solares)", informou.
Hoje, o Brasil tem 800 mil consumidores atendidos e cerca de 750 mil sistemas solares em opera��o. O maior crescimento foi conduzido pela gera��o distribu�da. "A gente j� tem mais de meia Itaipu (hidrel�trica) em telhados solares e demandou zero do governo em investimentos. Hoje s�o as pessoas, o CPF investindo em energia solar, tr�s em cada quatro sistemas de gera��o solar no Brasil est�o nas casas, 42% de todo investimento feito foi pelo CPF", disse o executivo, que destaca tamb�m a import�ncia dos leil�es de energia, mas que por quest�es conjunturais, t�m contratado cada vez menos energia.
O Brasil � um dos pa�ses com energia solar mais barata do mundo. Desde o primeiro leil�o, em 2014, o pre�o da solar fotovoltaica caiu 70%, de US$ 100 o megawatt-hora (MWh) para entre US$ 20 e US$ 30 o MWh no �ltimo leil�o de 2019.
"N�s temos esse recurso abundante (irradia��o solar), n�s temos totais condi��es, mas precisa ser estruturado um plano claro de governo, como os EUA lan�ou, como a China lan�ou, como a �ndia lan�ou. A gente precisa incorporar essa tecnologia como eixo estrat�gico do nosso desenvolvimento sustent�vel, tanto na gera��o de grandes usinas, como para sociedade poder investir ela pr�pria nessa tecnologia", avaliou.
Sauaia observou, no entanto, que a energia solar n�o � uma "bala de prata" e o mundo vai precisar de outras energias, como e�lica, maior uso de biomassa e biog�s, e das pr�prias hidrel�tricas para alcan�ar as metas do Acordo de Paris e tentar manter o aquecimento global em 1,5 graus. A eletromobilidade, na avalia��o do executivo, ser� fator fundamental para a descarboniza��o da economia, assim como o fim ou pelo menos redu��o dos incentivos governamentais � energia f�ssil.
"Os ve�culos el�tricos v�o ajudar a reduzir muito as emiss�es, porque dentro do mundo da energia, os transportes s�o parte forte da emiss�o, inclusive no Brasil. O setor de transporte hoje emite mais do que a gera��o de energia el�trica, por conta da nossa base de energia renov�vel . Essa virada para a eletromobilidade e para os combust�veis verdes, etanol, biodiesel, de baixa emiss�o, tamb�m v�o ter papel estrat�gico", destacou.
A expectativa de Sauaia � de que o Brasil finalize em breve a ades�o da Alian�a Solar Internacional, da qual � signat�rio desde 2016, o que vai abrir as portas para financiamentos internacionais para o setor, programas de capacita��o de pessoas, de pesquisa e desenvolvimento, entre outras vantagens. O processo ainda depende do Congresso Nacional, mas j� foi aprovado pela Comiss�o de Minas e Energia. A entidade quer mobilizar mais de US$ 1 trilh�o em investimentos para a implementa��o de energia solar at� 2030.
"� importante o Brasil finalizar esse processo de ades�o, que n�o tem custo nenhum, para que a gente tenha protagonismo nessa entidade governamental multilateral, assim como j� aderimos � Ag�ncia Internacional de Energia (AIE) e � Irena (Associa��o Internacional de Energia Renov�veis).
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