De um periquito visto apenas em regi�es de Mata Atl�ntica at� um cedro-rosa de um metro de di�metro, um bosque centen�rio poder� ser visitado a partir deste s�bado, 6. A descri��o talvez n�o deixe evidente, mas o espa�o fica no centro de S�o Paulo e foi tema frequente de mobiliza��o e debate p�blico durante d�cadas: o Parque Augusta.
O local ganhou parquinho, arquibancada, cachorr�dromo e outros itens de lazer e esporte. A partir das 9 horas, a inaugura��o ter� um clima de celebra��o.
Arnaldo Antunes, que vai se apresentar hoje, e mais dois integrantes do grupo Pequeno Cidad�o s�o autores de uma can��o, gravada h� cinco anos, que resume o que era defendido pelos movimentos de instala��o do parque. "Vit�ria do verde, da folha que cresce no galho/ Dentro da selva de pedra ter�s vida longa/ Debaixo das �rvores quero curtir sua sombra/ (...) �s um o�sis no centro da nossa cidade", diz um trecho.
Mais do que um o�sis para os novos frequentadores, o espa�o j� � um ref�gio de ao menos 21 esp�cies de aves, tr�s delas na lista da Conven��o sobre Com�rcio Internacional das Esp�cies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extin��o (Cites): o beija-flor-tesoura, o carcar� e o periquito-rico, esp�cie end�mica da Mata Atl�ntica.
BIODIVERSIDADE
Bi�loga da Divis�o da Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, Analisa Magalh�es diz que o n�mero deve ser ainda maior, pois o levantamento foi feito apenas uma vez e h� esp�cies que aparecem sazonalmente. "E n�o � s� pombo e pardal, como as pessoas poderiam imaginar. Tem uma riqueza. Os parques municipais t�m um papel para a conserva��o da biodiversidade", comenta.
"Quando comecei a trabalhar com fauna na cidade, a minha expectativa para animais silvestres era baixa. Na faculdade, ningu�m falava que havia riqueza. Quando eu vi, ca� do cavalo. Sempre tem um bicho que surpreende", acrescenta. "Na pandemia, isso ficou mais evidente, as pessoas passaram a ver que, na cidade, tem coruja, gavi�o."
A bi�loga explica que o Parque Augusta se soma ao Trianon, ao Buenos Aires e outros espa�os pr�ximos na forma��o de um corredor verde. Esses locais se tornam atrativos pela vegeta��o variada, a qual prov� diferentes tipos de alimentos (frutos, n�ctar, insetos, minhocas etc) e material para abrigo e constru��o de ninhos. "Quanto mais variado, mais biodiversidade. Tem ave que s� fica na copa, tem ave que fica em substrato mais embaixo."
MATA ATL�NTICA
No caso da flora e vegeta��o, um relat�rio entregue em 2018 por uma bi�loga da Prefeitura apontou 134 esp�cies, das quais cerca de 44% s�o nativas da Mata Atl�ntica. O bosque tamb�m se caracteriza por ser heterog�neo, reunindo nativas, como tapi�-gua�u, emba�ba (de 15 metros de altura), pitangueira e jeriv�, e tamb�m ex�ticas, como jacarand�-mimoso e arauc�ria-australiana, por exemplo. A longo prazo, a recomenda��o t�cnica � que as esp�cies ex�ticas sejam substitu�das, ao morrer, por exemplares da Mata Atl�ntica.
A �rvore mais simb�lica do parque fica, contudo, em outro local. Trata-se de uma figueira-mata-pau, cujas ra�zes se expandiram pelo muro que separa o parque da Rua Augusta.
O relat�rio da Prefeitura de 2018 descreve a situa��o como um exemplo "em plenitude da capacidade de adapta��o e sobreviv�ncia, mesmo em condi��es sem solo, caracter�stica que poderia ser discutida nos programas de educa��o ambiental a serem desenvolvidos".
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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