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Estado de Minas GERAL

Desenvolvimento econ�mico e sustent�vel ganha for�a na Amaz�nia


08/11/2021 17:02

No in�cio de 2022, quatro comunidades amaz�nicas come�ar�o a produzir seu pr�prio chocolate. Embalado, com um nome escolhido por elas no r�tulo, feito como o cacau local, com origem rastre�vel e carregando a hist�ria e os valores da floresta. Trata-se de um passo a mais em dire��o a um processo de transforma��o da regi�o, agrega��o de valor a seus produtos e inclus�o no mundo via desenvolvimento econ�mico sustent�vel.

Enquanto o mundo discute formas de diminuir os efeitos das mudan�as clim�ticas, projetos como esse, com potencial de unir desenvolvimento verde e renda na maior floresta tropical do mundo, se colocam em marcha no Brasil. �s margens de qualquer pol�tica p�blica, apontam para uma poss�vel sa�da para a enrascada ambiental atual.

H� um semana l�deres mundiais, cientistas e negociadores internacionais tateiam uma sa�da poss�vel. Reunidos em Glasgow, na Esc�cia, na COP-26, a c�pula do clima da ONU, procuram consensos sob a press�o da urg�ncia.

CHOCOLATE

Distante milhares de quil�metros do Reino Unido, as comunidades que produzem seus pr�prios chocolates est�o no Par�. S�o comunidades ribeirinha, extrativista, quilombola e uma gerida por mulheres trabalhadoras. O sucesso n�o vai ocorrer do dia para a noite, mas ser� resultado de um longo processo de prepara��o, treinamento, inclus�o e autonomia desenvolvido pelo projeto Amaz�nia 4.0, que na �ltima semana se transformou em funda��o. Ela � resultado do trabalho dos irm�os Carlos Nobre, climatologista, e Ismael Nobre, bi�logo.

O foco � manter a floresta em p� e desenvolver economicamente a regi�o pela tecnologia, intelig�ncia artificial e do que h� de mais moderno e acess�vel. Ismael explica que o modelo se baseia em capacitar as comunidades para usar a tecnologia e levar um modelo de biof�bricas para a floresta. "Hoje, o quilo do cacau � vendido a R$ 15, � negociado na Bolsa de Nova York. Mas, se n�o vendermos a mat�ria-prima assim e agregarmos valor em um produto com r�tulo local, com a hist�ria da comunidade, da floresta, isso pode ir de R$ 200 a R$ 300 o quilo", afirma.

No in�cio do ano que vem, esse modelo ser� colocado a prova. "N�o d� para esperar mais 30 anos em um processo que n�o coloque a floresta como o principal ativo da Amaz�nia", diz Ismael. Para ele, esse norte poderia ser perseguido por uma pol�tica de estado no Brasil, mas ele n�o conta com isso. "Formatamos o projeto para funcionar sem a participa��o do governo. N�o podemos depender da pol�tica."

MAIS PROJETOS

Ao Amaz�nia 4.0 se somar� um projeto a ser lan�ado nesta ter�a-feira, 9, na COP-26. Desenvolvido pela organiza��o Uma Concerta��o Pela Amaz�nia, uma rede de mais de 400 l�deres, o objetivo � mudar a vis�o do Brasil sobre a regi�o e transformar a floresta em ativo econ�mico. A rede � formada por representantes dos setores p�blico e privado, academia e sociedade civil, reunida para buscar propostas e projetos para a floresta e as pessoas que vivem na regi�o. O primeiro passo foi criar uma base de conhecimento sistematizado da regi�o, que vai de educa��o a cultura, de infraestrutura ao uso da terra, de neg�cios a coopera��o internacional. "O que est� sendo feito � pegar tudo o que existe e est� dando certo e mostrar que � poss�vel ter converg�ncia", diz a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, que faz parte da rede.

Foram montados grupos de trabalho orientados com foco em temas como bioeconomia, engajamento do setor privado, juventude e ordenamento do territ�rio. Nesses n�cleos passaram a discutir como ampliar projetos-chave para a regi�o. N�o se trata de valorizar apenas o que j� existe, mas de levar inova��es em pol�ticas ambientais, sociais e econ�micas e reconhecer a import�ncia da forma como os povos locais se organizam. "Qualquer projeto de desenvolvimento tem que respeitar o desejo da popula��o (para a Amaz�nia), principalmente da local", diz o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que enxerga possibilidades grandes para a regi�o e se dedica a estudar, por exemplo, o mercado de cr�dito de carbono - um dos temas-chave em discuss�o em Glasgow.

DESAFIO

O desafio, diz Levy, � levar para a regi�o as inova��es sem afetar a floresta. Ele cita o exemplo do dend� e da possibilidade de desenvolver biocombust�vel para a avia��o a partir do fruto sem ter que derrubar a floresta. "Tem gente que gosta e tem gente que n�o gosta da ideia, mas a avia��o tamb�m vai passar pela eletrifica��o das aeronaves. Mas isso vai levar um tempo", diz. "Enquanto isso, � poss�vel criar um mercado, uma janela para o investimento em um combust�vel que n�o e f�ssil. A oportunidade existe."

Enquanto isso, como mostrou o Estad�o em setembro, a Cooperativa Agr�cola Mista, com 172 produtores rurais de Tom�-A�u, 240 quil�metros ao sul de Bel�m, j� explora recursos da Amaz�nia e produz polpa de fruta, pimenta-do-reino e cacau. Fatura R$ 46,5 milh�es anuais.

SERVI�OS AMBIENTAIS

Da necessidade de manter a floresta em p�, nasce outro mercado, o de cr�dito de carbono e o pagamento por servi�os ambientais. Como o Estad�o mostrou na semana passada, projetos de remunera��o de produtores rurais que protegem as �reas nativas no Norte e Centro-Oeste do Brasil j� est�o em marcha. A aprova��o do CPRVerde, certid�o de cr�dito sustent�vel impulsionou um mercado estimado pelo governo federal em R$ 30 bilh�es nos pr�ximos quatro anos.

O projeto passa pela mudan�a na forma como a popula��o encara a Amaz�nia. A floresta n�o pode ser um problema, mas a solu��o. "Minha vontade � que o brasileiro olhe para a Amaz�nia da forma como o Su��o olha para os Alpes. Precisa ser parte da identidade nacional", diz Roberto Waack, que � atualmente coordenador da rede Uma Concerta��o Pela Amaz�nia.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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