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Estado de Minas MUITOS CASOS RECENTES

Ataques de tubar�o est�o mais frequentes no Brasil?

Especialistas ponderam que, at� aqui, ind�cios n�o s�o suficientes para configurar um padr�o de risco


16/11/2021 21:07 - atualizado 16/11/2021 23:36

Tubarão
Tubar�o (foto: Pixnio)


O registro de ao menos tr�s ataques a banhistas nas �ltimas duas semanas no litoral de S�o Paulo despertou a preocupa��o de moradores e turistas �s v�speras da alta temporada nas praias. A presen�a de tubar�es na regi�o e a liga��o deles com os casos ainda est� sob apura��o, mas o que especialistas ponderam � que, at� aqui, os ind�cios n�o s�o suficientes para configurar um padr�o de risco.

- Leia: Turista franc�s sofre ataque de tubar�o em Ilha Comprida

Os ciclos naturais dos animais na busca por alimento e reprodu��o, al�m de mais gente dentro da �gua, podem estar favorecendo os registros vistos neste m�s, apontam pesquisadores. Tamb�m deve ser considerada a possibilidade de os casos n�o envolverem tubar�es, mas sim outras esp�cies marinhas. No dia 3 e no dia 15 deste m�s, pessoas acabaram feridas ap�s ataques em Ubatuba e em Ilha Comprida, respectivamente. Um terceiro caso, tamb�m em Ubatuba no dia 15, est� sob apura��o.

De acordo com Otto Bismark, professor de biologia de peixes marinhos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), s�o esperados mais relatos de casos durante o ver�o. "Os tubar�es aparecem mais pr�ximos da costa nesse per�odo para se reproduzir e nesta �poca tem mais gente na �gua, o que aumenta a possibilidade de contato", disse.

Pesquisador de tubar�es h� mais de 20 anos, Bismark disse que esses eventos exigem investiga��o cuidadosa. "� mais dif�cil investigar um ataque de tubar�o do que a apari��o de um Ovni (Objeto Voador N�o Identificado). A divulga��o apressada, sem confirma��o, ajuda a criar um clima de histeria, em que as pessoas ficam mais atentas a qualquer acidente que acontece na �gua, independente de ser ou n�o com tubar�o. � um fen�meno mais psicol�gico."

"Como � tamb�m a �poca com mais banhistas nas praias, pode acontecer um acidente. Se, em todo ver�o, a gente tiver um ou dois acidentes com tubar�o aqui em S�o Paulo, isso n�o ser� nada de mais. Quando o tubar�o est� perto da praia, o problema maior � para ele, que pode ser capturado por um pescador, cair em uma rede ou engolir um peda�o de pl�stico", acrescentou o professor.

No caso da Ilha Comprida, um menino de 11 anos relatou ter sido ferido por um tubar�o. O que a equipe t�cnica do Projeto Elasmocategorias, que analisou o caso, concluiu nesta ter�a-feira, 16, foi que o ferimento � compat�vel com um cardume de raia ou outro peixe �sseo.

Os especialistas descartaram a possibilidade de ataque de tubar�o, como havia sido divulgado pela prefeitura e pelo Corpo de Bombeiros. "A an�lise do ferimento n�o foi compat�vel com ataque de ca��o (tubar�o). � poss�vel que alguma outra esp�cie de peixe possa ter sido respons�vel, ou at� mesmo um esbarr�o dessas raias", diz a nota divulgada na tarde desta ter�a-feira, 16, pela prefeitura.

Bismark lembra que os casos reportados no litoral paulista n�o se comparam em gravidade com os que acontecem no litoral do Pernambuco.

Em julho deste ano, um homem de 51 anos morreu ap�s ser atacado por um tubar�o em Jaboat�o dos Guararapes, no Grande Recife. Duas semanas depois, outro banhista de 32 anos ficou gravemente ferido, mas sobreviveu.

Prefeituras investigam, mas n�o v�o restringir acesso a praias

Apesar da presen�a de tubar�es, as prefeituras do litoral paulista n�o pretendem, ao menos por enquanto, restringir o acesso �s praias. "At� o momento, n�o temos nenhuma restri��o para banhos de mar", disse, em nota, a prefeitura de Ubatuba.

Segundo a nota, em conjunto com especialistas, o munic�pio est� buscando mais informa��es sobre o ataque � idosa, que � moradora do interior de Minas Gerais.

Testemunhas relataram terem visto peixes de porte m�dio acompanhando as ondas. Conforme relatos em redes sociais, assim que a mulher foi socorrida, os salva-vidas retiraram os banhistas que estavam pr�ximos ao local.

Em Ilha Comprida, a prefeitura informou que as praias continuam � disposi��o dos turistas e est�o com movimento normal. A recomenda��o � que, ao perceber a presen�a de cardumes, o banhista evite se aproximar dos peixes.

O munic�pio vai aguardar a investiga��o do caso que resultou no ferimento � crian�a para estudar eventuais medidas. O acidente � investigado pela equipe do Elasmocategorias, projeto que monitora a pesca de tubar�es e raias em todo o litoral sul de S�o Paulo.

Conforme o bi�logo Paulo Santos, coordenador do projeto, a equipe t�cnica, integrada por outros tr�s especialistas, j� realizou a coleta de informa��es e analisa os v�deos e fotos feitos da praia e dos ferimentos.

"Ainda � cedo para confirmar um acidente com um tubar�o. Os v�deos dispon�veis n�o apresentam evid�ncia concreta. Por exemplo, cardumes de raia s�o comuns nessa regi�o e fazem movimentos semelhantes aos registrados nos v�deos que, inclusive, j� foram relatados por pescadores que participam do projeto", disse. Segundo ele, assim que as an�lises forem conclu�das ser�o apontadas as poss�veis causas do acidente.

Para o ocean�grafo Rodrigo Cordeiro Mazzoleni, os tubar�es sempre estiveram nos oceanos e, nas �ltimas d�cadas, sua popula��o vem se reduzindo devido � pesca predat�ria. "N�o acredito que os acidentes recentes estejam relacionados a ter mais tubar�o perto das praias. O risco de contato sempre existiu, mas hoje a maioria das esp�cies est� amea�ada de extin��o, ou seja, existem em quantidade menor. O que h� de novo � que temos muito mais pessoas no mar hoje do que h� 20 ou 30 anos. Quanto mais pessoas procurarem os oceanos, maior a chance de acontecer algum tipo de incidente com seus seres vivos normais. N�o s� com tubar�es, mas tamb�m com arraias, ouri�os, siris e outras esp�cies de peixes."

Com obra na faixa de areia, Balne�rio Cambori� v� aproxima��o de tubar�es

Em Santa Catarina, desde fins de agosto come�aram a aparecer tubar�es pr�ximos da orla de Balne�rio Cambori�, um dos principais destinos tur�sticos do estado.

At� ent�o, avistar estes animais perto da praia era fato raro. At� esta ter�a-feira, 16, foram registradas 34 apari��es, mas n�o houve registro de ataques. A maior presen�a dos tubar�es coincidiu com as obras de alargamento da faixa de areia da Praia Central, de 25 para 70 metros.

Conforme Jules Soto, curador do Museu Oceanogr�fico da Universidade do Vale do Itaja�, os tubar�es foram atra�dos pela movimenta��o do fundo do mar durante a remo��o de areia para colocar na praia.

O especialista explicou que, neste per�odo, por motivos naturais, como a busca de alimenta��o, a reprodu��o e a prote��o dos filhotes, os tubar�es se aproximam da costa.

Houve ataques em outras regi�es do pa�s. No dia 24 de janeiro, um domingo, um surfista foi mordido por um tubar�o em uma praia de Navegantes (SC).

Ferido na sola e no peito do p� pela dentada, ele subiu na prancha e seguiu at� a faixa de areia, onde foi socorrido por guarda-vidas e levado a um hospital. O curador do Museu Oceanogr�fico, Jules Soto, identificou como mordida de um tubar�o-mangona que, provavelmente, estava em busca de alimento.

Segundo o especialista, o tubar�o-mangona era bastante encontrado na costa catarinense, at� ser praticamente dizimado pela pesca predat�ria.

Em fevereiro de 2019, o surfista Carlos Vinicius Cavalcanti, de 31 anos, relatou em redes sociais ter sido mordido por um tubar�o na praia Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha. Ele sofreu ferimentos na face, orelha e pesco�o.

Ele contou que o ataque foi de um tubar�o-lim�o, esp�cie comum no arquip�lago, mas ressalvou que o caso foi uma fatalidade. Ele surfava sobre um cardume de sardinhas e, mesmo ap�s avistar o tubar�o, continuou surfando no local. Segundo postou, o esp�cime estava interessado apenas nas sardinhas, mas ele estava entre elas.


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