Os port�es de acesso aos locais de prova do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) foram fechados �s 13h (hor�rio de Bras�lia) em todo o Pa�s. A aplica��o do segundo dia come�ou �s 13h30 e segue at� 18h30 deste domingo, 28, quando os candidatos ter�o de responder a quest�es de matem�tica e ci�ncias da natureza.
O segundo dia ocorre ap�s uma absten��o registrada de 26% entre os 3,1 milh�es de candidatos inscritos. O n�mero total de estudantes deste ano � o menor desde 2005, como mostrou o Estad�o. As dificuldades impostas pela pandemia e as suas repercuss�es socioecon�micas afastaram milhares de alunos do exame, que � o principal caminho de acesso � universidade no Pa�s.
O estudante Ka�que Oct�vio, de 18 anos, j� estava � frente da Universidade Paulista (Unip) de Sorocaba, no interior de S�o Paulo, duas horas antes da abertura dos port�es. "Moro em um bairro um pouco distante e n�o quis dar margem a algum imprevisto", disse.
Apesar de gostar de exatas, Ka�que pretende cursar medicina - ele acaba de concluir o ensino m�dio. Na prova de domingo passado, ele conseguiu fazer uma boa reda��o sobre o tema "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso � cidadania no Brasil", mas ainda n�o conferiu o gabarito da prova. "Prefiro esperar a prova de hoje e depois ver como foi meu desempenho nas duas provas, mas estou otimista", disse.
Tamb�m uma das primeiras a chegar ao local de prova, a candidata Lorrane Pietro, de 22 anos, se dizia bem preparada para enfrentar a segunda prova do seu terceiro Enem. Em janeiro deste ano, ela fez a prova presencial, mesmo com a pandemia. "Consegui ir bem at�, mas agora estou mais preparada. Fui bem na prova de domingo, apesar de ter achado dif�cil o tema da reda��o. Como tinha treinado bastante, consegui desenvolver. Sou melhor em humanas do que em matem�tica", disse. A jovem pretende fazer medicina veterin�ria. "Gosto muito de animais", revelou.
A estudante Fl�via Lavyne Santos Ferreira, de 17 anos, chegou uma hora antes da abertura dos port�es em Salvador, onde a chuva foi apenas um problema secund�rio, depois de um ano conturbado de estudos. Ela � estudante da rede p�blica de ensino e n�o conseguiu se adaptar �s aulas remotas, est� fazendo a prova pela primeira vez e quer estudar odontologia.
"Eu tenho uma filha de dois anos, foi bastante dificil. Dentro da escola eu tinha um foco maior, mas em casa a minha filha n�o entende que estou ali, mas n�o posso estar � disposi��o dela enquanto estou em aula. Mas tamb�m � por ela que estou aqui, a educa��o vai transformar as nossas vidas", comentou.
J� Eronaldo Silva Santos, de 40 anos, j� fez o Enem mais de dez vezes e n�o desiste. "Estou aqui por um sonho, um projeto de vida, j� trabalho, j� tenho uma vida mais estabilizada, mas os sonhos nunca morrem e o ensino superior nunca vai deixar de ser um sonho e meu projeto de vida.
Alexia Fernanda De Oliveira Moraes, que sonha em estudar medicina e est� fazendo o Enem pela terceira vez. Ela quer a Universidade Federal da Bahia e est� confiante.
"Fiz um cursinho EAD, estudei em casa, estou nervosa porque � inevit�vel, mas fui bem na semana passada e sei que irei bem hoje. Quando o nervosismo apertar, irei at� o banheiro, lavo o rosto e focarei na prova novamente. Quero cuidar das pessoas atrav�s da medicina e quero ser uma m�dica negra. Quero mostrar para outros jovens negros que a medicina tamb�m � uma possibilidade para n�s."
A Bahia foi o Estado com maior n�mero de estudantes que declararam car�ncia e que se autodeclararam pretos ou pardos. Segundo o IBGE, Salvador � a cidade mais preta do Pa�s, com 744 mil habitantes autodeclarados pretos.
Pensando nesses estudantes, quarenta professores do coletivo Afronte, iniciativa antirracista, se voluntariaram para fazer um aul�o pr�-vestibular intensivo, durante o m�s de novembro e acompanharam a entrada de alguns desses estudantes que est�o fazendo a prova na tarde deste domingo, no Col�gio Central, em Salvador.
"N�s que fomos frutos da vit�ria das cotas, que fomos os primeiros das nossas fam�lias � ingressar numa universidade e tivemos nossas vidas completamente transformadas pela educa��o, sabemos a import�ncia da entrada dos estudantes negros nas universidades para a transforma��o do Pa�s, por isso, nos unimos para ajud�-los", comentou Priscila Costa, coordenadora do Aul�o Enem Popular.
Aluno do curso t�cnico de Mecatr�nica no Cefet-MG, em Belo Horizonte, o estudante Luis Eduardo Donizete, 18 anos, chegou para fazer o segundo dia de provas do Enem, no campus da UNA, em Belo Horizonte mais confiante do que no primeiro. Embora n�o goste de conferir gabaritos, ele diz acreditar ter se sa�do bem na primeira etapa.
No s�bado, nada de livros ou aulas online. O dia foi de passeio com a namorada e os amigos. "Tinha que aliviar o estresse e o nervosismo". Afinal, ele passou a semana revisando os conte�dos do cursinho. "Fui fazendo resumos e exerc�cios, que me deram uma base maior para as provas de hoje", disse.
Primeiro dia
O primeiro dia do exame, no domingo passado, trouxe um trecho da m�sica Admir�vel Gado Novo, de Z� Ramalho, quest�es sobre racismo, desigualdade de g�nero, tem�tica ind�gena e sobre a luta de classes, a partir de um texto de Friedrich Engels, coautor do Manifesto Comunista, com Karl Marx. Incluiu, ainda, um item com a m�sica Sinh�, de Chico Buarque, al�m de trechos de outros cantores nacionais.
J� o tema da Reda��o foi "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso � cidadania no Brasil". O Enem 2021 est� sendo marcado por pol�micas envolvendo tentativa de controle sobre o conte�do da prova e crise com os servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), respons�vel pelo exame.
A prova ocorre com previs�o de medidas de seguran�a contra a covid- 19. Assim como na edi��o de 2020, o uso de m�scara facial � obrigat�rio desde a entrada at� a sa�da do local de provas. Participantes que estejam com covid-19 ou com outras doen�as infectocontagiosas n�o devem comparecer ao exame e podem solicitar a reaplica��o na P�gina do Participante.
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