O esperado julgamento pelo inc�ndio na boate Kiss come�ou nesta quarta-feira (1) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, quase nove anos depois da trag�dia que matou 242 pessoas, a maioria jovens, e pela qual sobreviventes e parentes ainda exigem justi�a.
No processo, quatro r�us - dois empres�rios e dois integrantes da banda em cujo show ocorreu o inc�ndio - ser�o julgados por homic�dio simples, com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, em 242 casos e tentativa de homic�dio em 636, perante um j�ri popular.
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Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, durante uma festa universit�ria nas instala��es localizadas na cidade de Santa Maria, um integrante do grupo "Gurizada Fandangueira" acendeu um artefato pirot�cnico que incendiou o revestimento do teto e transformou o local em uma armadilha mortal para os jovens que estavam no local.
Al�m das queimaduras, muitos morreram asfixiados pela fuma�a t�xica liberada pelo material inflam�vel do teto do local, que n�o tinha extintores funcionando e apenas duas portas de entrada para evacuar uma multid�o, al�m de sinaliza��o prec�ria, segundo a investiga��o.
O juiz Orlando Faccini Neto e um j�ri de sete membros, a ser definido no in�cio do dia, ouvir�o os depoimentos de 14 sobreviventes e 19 outras testemunhas, al�m dos quatro r�us, informou o tribunal ga�cho.
O processo, considerado hist�rico, ocorrer� em um tempo estimado de cerca de duas semanas, com transmiss�o ao vivo.
A expectativa das defesas � obter penas de cerca de 15 anos de pris�o, segundo a m�dia local.
Os acusados
Elissandro Callegaro Spohr (38 anos) e Mauro Londero Hoffmann (56), dois s�cios da boate Kiss, s�o apontados pelo Minist�rio P�blico por rebaixar o local, sem condi��es de evacua��o ou seguran�a contra inc�ndio, e uso de material "altamente inflam�vel", de acordo com informa��es do Tribunal de Justi�a do Rio Grande do Sul.
J� o m�sico Marcelo de Jesus dos Santos (41) e o produtor musical Luciano Bonilha Le�o (44), s�o os ex-integrantes da banda apontados pelo MP por responsabilidade no uso da pirotecnia que desencadeou o inc�ndio, proibida em espa�os fechados, e por sair do local sem alertar o p�blico, apesar de ter acesso ao sistema de som.
O MP sustenta que os crimes foram praticados com "dolo eventual", ou seja, quando o acusado assume o risco do resultado, mesmo sem inten��o de provoc�-lo.
Ap�s o inc�ndio, os r�us passaram algum tempo em pris�o preventiva. Mas foram soltos depois de alguns meses.
Inicialmente, os quatro seriam julgados separadamente, na cidade onde ocorreu o inc�ndio. Mas, em setembro de 2020, a justi�a do Rio Grande do Sul decidiu que deveriam ter um �nico processo, em um territ�rio neutro e distante, a fim de garantir uma maior imparcialidade dos jurados.
A Associa��o de Familiares de V�timas e Sobreviventes da Trag�dia de Santa Maria fez uma coleta virtual nas redes sociais para percorrer cerca de 300 quil�metros de Santa Maria a Porto Alegre, e participar do julgamento esperado desde 2013.
Em um v�deo divulgado no Facebook, Rosane e Paulo Callegaro lembram do filho Ruan, que morreu na boate Kiss aos 20 anos.
"Sa�ram aquela noite de 27 de janeiro de 2013, junto com a namorada (...) para se divertir (...) nosso medo sempre foi a rua, mas n�o, o perigo estava dentro, por falta de responsabilidade, respeito, omiss�o, gan�ncia de muitos", e que aconteceu nessa trag�dia, n�o foi uma s� vitima, foram 242 mortes. Mais de 600 vitimas", diz Rosane, pedindo justi�a.
"O que aconteceu n�o foi uma fatalidade."