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Estado de Minas GERAL

Doa��o permite reforma de hospital do c�ncer em SP


01/12/2021 17:04

Quem passa pela Avenida Doutor Arnaldo e observa o Instituto do C�ncer do Estado de S�o Paulo (Icesp) percebe que, em breve, o hospital p�blico de 28 andares e cerca de 500 leitos ganhar� uma fachada totalmente nova. A reforma deve ficar pronta em dezembro, gra�as a uma inusitada doa��o de R$ 8,2 milh�es. O dinheiro foi deixado em testamento pelo advogado Orlando Di Giacomo Filho, s�cio do escrit�rio Demarest.

Aos 72 anos, ele morreu de c�ncer de pulm�o no Hospital S�rio-Liban�s, ap�s um �rduo tratamento de tr�s anos. A experi�ncia com a doen�a e o conv�vio com o m�dico Paulo Hoff, diretor-geral do Icesp, despertaram nele o interesse pela pesquisa em oncologia e pelas necessidades dos doentes. Solteiro e sem filhos, Di Giacomo Filho decidiu destinar 90% do patrim�nio aos dois hospitais. Sem dizer nada ao m�dico que o tratou, fez duas doa��es de igual valor: uma para o hospital do Sistema �nico de Sa�de (SUS) e outra para o privado. "Foi uma grande surpresa", diz o oncologista Hoff. "Ele era um paciente agrad�vel, bom de conversa. Demonstrava curiosidade pelos tratamentos e preocupa��o social, mas nunca revelou que faria um gesto dessa magnitude", afirma.

O advogado morreu em 2012. O invent�rio levou anos para ficar pronto porque envolveu 13 legat�rios (afilhados e outras pessoas pr�ximas) a quem ele destinou a menor parte dos bens. A doa��o s� foi recebida pelos hospitais em 2019. Os recursos chegaram em �tima hora ao Icesp, o maior centro especializado em oncologia da Am�rica Latina. O pr�dio do instituto tem cerca de 30 anos e precisava de manuten��o. H� tempos Hoff queria trocar o revestimento de pastilhas. Com a a��o do vento, elas se desprendiam. A estrutura exposta poderia come�ar a sofrer infiltra��es e havia risco de as pastilhas em queda machucarem algu�m.

"A realidade brasileira � de apertos or�ament�rios", diz Hoff. "� dif�cil conseguir recurso p�blico para trocar fachada, embora a obra fosse necess�ria. Como houve essa benesse, pudemos realiz�-la sem ter de mexer no or�amento destinado ao tratamento dos pacientes", afirma.

RARO

Al�m de resolver o problema do revestimento, a doa��o deixada por Di Giacomo Filho foi destinada � reforma de audit�rios usados para atividades de ensino. E ainda sobrou dinheiro para outras necessidades. "Esse tipo de doa��o � raro no Brasil", afirma Hoff. "Vivemos em um pa�s muito desigual. Quem tem alguma sobra no or�amento pode ajudar a melhorar a vida dos brasileiros." No S�rio-Liban�s, os R$ 8,2 milh�es doados pelo paciente foram destinados a projetos de pesquisa sobre c�ncer.

Ao longo de sua trajet�ria profissional, Di Giacomo Filho foi advogado de grandes empresas. Liderou a cria��o do Centro de Estudos das Sociedades dos Advogados (Cesa) e ocupou v�rios cargos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Trabalhou durante 47 anos no Demarest e foi colega, desde o in�cio da carreira, do advogado Altamiro Boscoli, s�cio do mesmo escrit�rio. Boscoli cuidou de fazer a doa��o chegar aos hospitais.

Durante a interna��o do colega, ele e a mulher se revezavam no S�rio-Liban�s para fazer companhia ao doente. "�ramos quase irm�os", diz Boscoli. Nas �ltimas semanas, a conversa dos dois girava em torno do essencial: as amizades. "Orlando era extremamente cordial; vivia para cultivar amigos", conta.

"Um dia ficamos animados porque ele conseguiu sair da cama e caminhar at� a poltrona. Disse que ir�amos brindar. Comprei um bom vinho italiano e levei para ele, mas n�o deu tempo." Di Giacomo Filho morreu no dia seguinte, o mesmo em que o amigo completou mais um ano de vida. A �ltima garrafa n�o foi aberta.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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