(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas VERIFICA��O

COVID: m�dica distorce estudo para atacar vacinas e � desmentida pelo autor

N�o h� evid�ncias de que vacinas possam ser respons�veis por gerar inflama��es nos vasos sangu�neos


03/12/2021 11:41 - atualizado 03/12/2021 12:13

Médica Maria Emilia Gadelha Serra
(foto: AL.gov.sp/Divulga��o)
Falso: Estudo n�o demonstra les�es em �rg�os humanos decorrentes de vacina contra a COVID-19, como alegado por m�dica em apresenta��o na Assembleia Legislativa de S�o Paulo. A afirma��o foi desmentida pelo autor do artigo. Al�m disso, n�o h� evid�ncias de que as vacinas possam ser respons�veis por gerar inflama��es nos vasos sangu�neos. Por fim, casos de miocardite associados ao imunizante s�o raros e h� maior chance de desenvolver essas doen�as quando se contrai a COVID-19, sem a vacina��o.

Conte�do verificado: Circula pelo Kwai e pelo WhatsApp um v�deo de uma m�dica antivacina, alvo de outras verifica��es do Comprova. Desta vez, ela aparece em um evento na Assembleia Legislativa de S�o Paulo mostrando imagens de aut�psias e fazendo diversas afirma��es falsas sobre as vacinas contra a COVID-19.

M�dica antivacina faz declara��es falsas contra as vacinas desenvolvidas para combater a COVID-19 em um v�deo que circula por WhatsApp e pelo Kwai.

J� no in�cio do v�deo, a m�dica Maria Emilia Gadelha Serra apresenta parte de um estudo para defender a tese de que os imunizantes causam les�es em �rg�os humanos. O autor do artigo, contudo, negou ao Comprova que essa seja a conclus�o da an�lise, explicando que o estudo, na verdade, atesta que a vacina deu imunidade a um paciente que morreu por embolia pulmonar, n�o associada ao imunizante e nem � COVID-19.

A m�dica exp�s, ainda, foto e v�deo de aut�psias que seriam, supostamente, de pessoas que tiveram complica��es nos vasos sangu�neos e sustenta que elas vieram a �bito por conta dos imunizantes.

N�o s�o informadas as fontes dos estudos relacionados �s imagens apresentadas, portanto, n�o foi poss�vel assegurar que, de fato, se trate de uma cena gravada com pacientes que tiveram problemas gerados pelas vacinas, e sequer identificar se o v�deo se trata de um procedimento realizado em territ�rio nacional.

O m�dico Amaro Nunes Duarte Neto, doutor em patologia, membro da Sociedade Brasileira de Patologia e do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (USP), analisou as imagens e afirma n�o ser poss�vel determinar, visualmente,, qualquer rela��o dos �bitos com as vacinas, explicando ser necess�rio haver uma integra��o do hist�rico cl�nico do paciente para estabelecer nexo causal.

Procurada, a Anvisa ressaltou que os dados de rea��o adversa e outros estudos n�o alteram o perfil de seguran�a conhecido para as vacinas em uso no pa�s e que j� foram publicados alertas sobre ocorr�ncias de casos raros de trombose, miocardite e pericardite.

Ao ser procurada, a m�dica n�o respondeu aos questionamentos do Comprova sobre a origem das imagens e nem as encaminhou para que a reportagem conseguisse verificar os metadados - informa��es presentes em fotos e v�deos que mostram quando o registro foi feito, por quem e em que local.

O Comprova considerou o conte�do falso porque � inventado ou sofreu edi��es para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Logomarca do Projeto Comprova
(foto: Comprova/ reprodu��o)


Como verificamos?

De in�cio, a reportagem foi em busca das imagens apresentadas pela m�dica e identificou onde foi gravado o v�deo, na Assembleia Legislativa de S�o Paulo (Alesp). As procuras ocorreram tanto nas redes sociais - Facebook, Instagram, Telegram e Twitter -, quanto por meio de ferramentas espec�ficas para localizar a origem de imagens, como o InVid.

Na sequ�ncia, foram procuradas a Ag�ncia de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) -, que afirmou monitorar os raros casos de efeitos adversos ligados �s vacinas -, e as farmac�uticas Pfizer e AstraZeneca.

O Comprova entrou em contato com Torsten Hansen, autor de um dos estudos citados pela m�dica, e entrevistou o m�dico Amaro Nunes Duarte Neto, doutor em Patologia.

O patologista Peter Schirmacher, tamb�m citado pela m�dica Maria Em�lia Gadelha, e a pr�pria foram procurados, mas n�o se manifestaram.

Por fim, foram consultadas verifica��es anteriores do Comprova e de ag�ncias que j� haviam verificado conte�dos semelhantes aos citados pela m�dica.

O Comprova fez esta verifica��o baseado em informa��es cient�ficas e dados oficiais sobre o novo coronav�rus e a COVID-19 dispon�veis no dia 2 de dezembro de 2021.

Verifica��o

M�dica � desmentida por autor de estudo citado por ela

No in�cio do v�deo aqui verificado, a m�dica mostra um estudo postmortem com paciente vacinado contra a COVID-19 e diz ter havido les�es em praticamente todos os �rg�os analisados: l�ngua, pulm�es, c�rebro, traqueia, mioc�rdio, cora��o e rins. Ela declara ter sido o primeiro caso publicado na literatura m�dica e d� a entender que a causa dessas les�es seria a vacina.

Trata-se do "Primeiro caso de estudo post mortem em um paciente vacinado contra Sars-CoV-2", publicado no International Journal of Infectious Diseases, em 16 de abril de 2021. O documento n�o trata, no entanto, do assunto ao qual se refere a autora do v�deo.

O Comprova conversou com um dos autores, Torsten Hansen, do Instituto de Patologia do Hospital da Universidade de Bielefeld, na Alemanha, que declarou n�o ser verdade o que disse a m�dica brasileira. "O oposto est� certo... a vacina (primeira dose, vacina��o incompleta!) levou � imunogenicidade", declarou. Ou seja, foi poss�vel observar que o paciente, de 86 anos, criou imunidade contra a COVID-19 ap�s ter sido vacinado.

Ele encaminhou � reportagem, tamb�m, uma resposta anterior que os autores do estudo enviaram ao site americano FactCheck.Org, que analisou afirma��es falsas feitas por um apresentador de programa de r�dio sobre o mesmo estudo.

Conforme os autores, n�o houve nenhum achado espec�fico que pudesse ser interpretado como efeito colateral da vacina��o. Eles acharam interessante revelar, na verdade, um primeiro resultado por meio de relato de caso sobre que tipo de imunidade pode ser estabelecida ap�s a primeira vacina��o. Dessa forma, o estudo nada tem a ver com les�es supostamente provocadas pela vacina.

Eles explicam que o paciente recebeu a primeira dose da vacina da Pfizer e duas semanas e meia depois desenvolveu diarreia, sendo internado. Nesse �nterim, nenhum efeito colateral importante da vacina foi observado.

Durante a interna��o, o homem foi testado positivo para SARS-CoV-2 e, dois dias depois, morreu de pneumonia bacteriana. "O fato de o paciente, no exame de aut�psia, n�o apresentar quaisquer sinais caracter�sticos para COVID-19, embora sendo positivo para Sars-CoV-2, nos tentou a analisar a imunogenicidade, mostrando resposta relevante de anticorpos", informaram.

Ainda segundo eles, foi levado em conta que o paciente s� recebeu a primeira dose de vacina, portanto, a imunogenicidade n�o estaria totalmente estabelecida, uma vez que isso s� ocorre passadas duas semanas da aplica��o da segunda dose.

Os autores afirmam terem conclu�do que o paciente morreu em decorr�ncia de pneumonia bacteriana e n�o de COVID-19, apesar de ter testado positivo para a presen�a do v�rus Sars-CoV-2. "Sugerimos que a resposta imune devido � vacina��o foi capaz de prevenir (o desenvolvimento da doen�a) covid-19".

Por fim, alertam que se trata de uma publica��o de relato de caso, o que significa que foram apresentados dados interessantes de um �nico paciente e, sem d�vida, � necess�ria uma investiga��o mais aprofundada, incluindo cortes maiores de pacientes vacinados. "Portanto, nossos resultados devem ser interpretados com cuidado".

Patologista s� sugeriu que fossem realizadas mais aut�psias em vacinados

A m�dica antivacina tamb�m apresenta um slide contendo a foto do patologista-chefe da Universidade de Heidelberg, Peter Schirmacher, e um texto afirmando que ele realizou mais de 40 aut�psias em pessoas que morreram duas semanas ap�s receber a vacina contra a COVID.

A imagem sustenta que, de acordo com o especialista, de 30% a 40% destas pessoas morreram em decorr�ncia das vacinas. Por fim, apresenta que o m�dico teria dito que as consequ�ncias fatais da vacina��o s�o "subestimadas". Este assunto j� foi verificado por sites como Boatos.org e Observador, de Portugal, e considerado falso.

Conforme publicou a imprensa alem� (S�ddeutschezeitung e F.a.z) em agosto deste ano, trata-se de uma suposi��o do patologista que de 30% a 40% das pessoas que morreram dentro de duas semanas ap�s a vacina��o possam ter sofrido rea��es ao imunizante.

Na ocasi�o, o patologista falou � Ag�ncia Alem� de Imprensa em Stuttgart, capital do estado de Baden-W�rttemberg, que acreditava haver grande n�mero de casos n�o notificados de mortes por vacina��o. Ele tamb�m se queixava que os patologistas nada notavam na maioria dos pacientes que morreram depois e possivelmente, conforme ele, em consequ�ncia de uma vacina��o.

O patologista n�o apresentava, entretanto, dados ou estudos que justificassem a fala. A imprensa alem� alertou que outros cientistas discordavam do m�dico neste ponto, assim como a Comiss�o Permanente de Vacina��o (Stiko) e o Instituto Paul Ehrlich, organiza��o federal respons�vel pelas vacinas na Alemanha. A institui��o apontou que rea��es graves, como morte ap�s vacina��o, s�o notific�veis de acordo com a Lei de Prote��o contra Infec��es.

O Comprova enviou e-mail ao patologista, mas n�o recebeu resposta.

N�o � poss�vel analisar rea��o adversa visualmente

Durante a palestra, a m�dica mostra uma fotografia e um v�deo do que seriam duas aut�psias das quais ela afirma ter participado em Bras�lia. Na primeira, com o nome da Pfizer acima, ela diz se tratar de um cr�nio aberto apresentando um co�gulo, tratando-se de uma "hemorragia cerebral causada numa menina de dezesseis anos".

Ao apresentar o v�deo que leva o nome da Astrazeneca ela declara se tratar dos seios venosos cerebrais e haver um trombo saindo de um seio. Acrescenta que as imagens s�o de uma mulher de 52 anos.

Em seguida, a m�dica argumenta que h� pessoas sofrendo mortes por conta da forma��o de trombos, co�gulos de sangue que levam � trombose, ap�s serem vacinadas contra a COVID-19, alegando que "essas vacinas, que n�o s�o vacinas, elas simplesmente desencadeiam uma inflama��o da parede dos vasos, isso causa a chamada vasculite ou endotelite e naturalmente acontece um processo inflamat�rio e toda essa sequ�ncia de danos que podem e consequentemente v�o levar � morte".

O Comprova acessou as bulas, tanto da Pfizer quanto da Astrazeneca, e nenhuma delas apresenta essa condi��o com poss�vel rea��o adversa.

A reportagem tamb�m entrou em contato com as duas farmac�uticas. A Pfizer afirmou que j� distribuiu globalmente mais de 2,1 bilh�es de doses da vacina ComiRNAty em mais de 161 pa�ses ao redor do mundo e n�o h� alertas de seguran�a graves relacionados ao imunizante.

A empresa disse ainda que os benef�cios da vacina��o superam os potenciais eventos adversos, fato esse que � refor�ado pela aprova��o regulat�ria da vacina por autoridades em todo mundo. A AstraZeneca preferiu n�o se manifestar sobre o assunto.

Al�m disso, a reportagem pediu ao m�dico Amaro Nunes Duarte Neto, doutor em Patologia, membro da Sociedade Brasileira de Patologia e do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da USP, para que analisasse as imagens apresentadas pela m�dica durante a fala na Alesp e informasse se � poss�vel identificar visualmente o efeito adverso de uma vacina naquelas condi��es.

Conforme ele, n�o h� como determinar, por meio de imagens, qualquer rela��o do �bito com a vacina. Amaro Nunes explica que um evento adverso que pode ser associado a qualquer vacina - o que inclui as vacinas contra a COVID-19 - � a produ��o de co�gulos, mas que eles s�o inespec�ficos.

"N�o tem uma les�o caracter�stica que voc� olha na microscopia e diz que � decorrente de vacina", afirma. O especialista disse ainda ser necess�rio haver uma integra��o da hist�ria cl�nica do paciente para estabelecer nexo causal. � preciso analisar o momento em que o paciente tomou a vacina e o momento em que aparece a doen�a, al�m de exames laboratoriais que o paciente fez durante a interna��o e a aut�psia em si.

"Para atribuir uma morte ao evento adverso voc� precisa fazer a investiga��o que envolve epidemiologista, infectologista e patologista, precisa sentar e olhar todo o quadro cl�nico do paciente para estabelecer que existe um nexo causal entre a vacina e esse quadro cl�nico", afirma.

O patologista explica que em S�o Paulo, onde a m�dica fez a fala, esse diagn�stico � feito durante a pandemia por grupos m�dicos espec�ficos, associados � Secretaria de Estado da Sa�de de S�o Paulo, por meio do Grupo de Monitoriza��o de Efeitos Adversos, ligado ao Centro de Vigil�ncia Epidemiol�gica (CVE).

De acordo com ele, mesmo nos casos de trombose associados com trombocitopenia (diminui��o de plaquetas), que s�o um efeito adverso raro de vacinas com plataforma de adenov�rus, � necess�rio fazer a an�lise do quadro cl�nico, com dosagem de anticorpos antiplaquet�rios 4 para estabelecer a prova definitiva de que existe nexo causal.

Nesta semana, cientistas divulgaram terem detectado de que forma a vacina da Astrazeneca gera co�gulos, destacando, entretanto, que a combina��o de eventos � muito rara.

Conforme o estudo, publicado no jornal Science Advances, uma prote�na no sangue � atra�da por um componente-chave da vacina - um adenov�rus -, o que gera uma rea��o do sistema imunol�gico e esta, em combina��o com outros fatores ainda n�o determinados, gera a trombocitopenia tromb�tica imune (PTI).

Para o m�dico, todos estes fatores devem ser pesados antes de se alardear uma morte supostamente causada por uma vacina. "Neste momento de pandemia, quando a gente v� claramente uma diminui��o dos casos de hospitaliza��o e de mortalidade relacionados � COVID-19, um relato desses pode alarmar pessoas e fazer com que elas sejam contra a vacina��o, o que � algo ruim porque estamos vendo controle da doen�a".

Amaro Nunes acrescenta que deveriam ser consultadas para falarem sobre a vacina as equipes da Secretaria Estadual de Sa�de, como o Grupo de Monitoriza��o de Efeitos Adversos - do qual ele faz parte -, epidemiologistas, o grupo de patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo, que trabalha com aut�psias no per�odo da covid-19, e do Instituto Adolfo Lutz, para onde os casos de S�o Paulo podem ser encaminhados para haver a an�lise das l�minas e estabelecer se h� nexo causal, isso em discuss�o com o Grupo de Monitoriza��o de Efeitos Adversos. "� dos laborat�rios de refer�ncia do estado que precisa sair a defini��o de eventos adversos".

Artigo citado por Gadelha � de opini�o, e n�o cient�fico

Ao citar o estudo que afirma que para cada crian�a salva pela vacina, outras 117 morrer�o por conta dela, Gadelha utilizou como base um artigo publicado pelo doutor em economia pol�tica pela Universidade de Sydney, na Austr�lia, Toby Rogers. As informa��es sobre ele est�o dispon�veis neste site.

O artigo de Rogers foi compartilhado em uma conta criada dentro do Substack, plataforma on-line que fornece infraestrutura de publica��o para boletins informativos.

Ou seja, n�o se trata de um estudo oficial, mas de um compilado de informa��es coletadas por Rogers que direcionam as conclus�es para que a vacina seja caracterizada como vil� quando usada em crian�as e adolescentes. Essa alega��o j� foi desmentida anteriormente, em checagens feitas pelo Comprova.

O site americano de checagem FactCheck.Org desmentiu as vers�es apresentadas pelo cientista pol�tico, que afirmava, de maneira enganosa, que a vacina contra a COVID-19 gerava riscos pedi�tricos.

Em determinada altura do artigo de opini�o, Rogers afirma, sem provas, que a ag�ncia de vigil�ncia sanit�ria norte-americana Food and Drug Administration (FDA) "falhou em n�o fornecer dados". O argumento � falso, visto que a FDA, assim como as demais ag�ncias reguladoras de vigil�ncia sanit�ria ao redor do mundo, adotaram pol�ticas espec�ficas para analisar os riscos e benef�cios dos imunizantes e avaliaram que efeitos adversos s�o raros.

Anvisa diz que efeitos adversos s�o acompanhados

Em nota enviada ao Comprova, a Anvisa ressaltou que entre as 312 milh�es de doses dos imunizantes contra a covid-19 aplicados at� o momento no Brasil, os dados de rea��o adversa e outros estudos n�o alteram o perfil de seguran�a conhecido para as vacinas em uso no pa�s.

"A Anvisa j� publicou alerta sobre ocorr�ncia de casos raros de trombose em combina��o com trombocitopenia, associados �s vacinas [contra] COVID-19 com plataforma de adenov�rus", diz um trecho da nota se referindo a este informativo. Em rela��o aos co�gulos, trata-se de um risco j� identificado e mapeado, segundo a ag�ncia.

O �rg�o afirmou ainda que a ocorr�ncia de efeitos adversos, como miocardite e pericardite - que tem dados descontextualizados na apresenta��o de Emilia Gadelha - j� s�o conhecidos pelas ag�ncias reguladoras do mundo, assim como a maior ocorr�ncia entre homens mais jovens. O �rg�o afirma ainda que este poss�vel evento j� est� descrito na bula dos imunizantes e que vem sendo acompanhado.

"Normalmente, os casos ocorreram com mais frequ�ncia em homens mais jovens e ap�s a segunda dose da vacina e em at� 14 dias ap�s a vacina��o. Geralmente s�o casos leves e os indiv�duos tendem a se recuperar dentro de um curto per�odo de tempo ap�s o tratamento padr�o e repouso", diz a Anvisa.

Al�m disso, estudos indicam que o risco de miocardite provocado pela pr�pria COVID-19 � significativamente maior do que o provocado pela eventual rea��o � vacina.

Médica Maria Emilia Gadelha Serra (D), ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL)
M�dica Maria Emilia Gadelha Serra (D) se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) (foto: Reprodu��o)


Quem � a m�dica que aparece no v�deo

M�dica otorrinolaringologista, com registro nº 63.451 no Conselho Regional de Medicina de S�o Paulo (Cremesp), Maria Emilia Gadelha Serra se apresenta como presidente da Sociedade Brasileira de Ozonioterapia M�dica, uma pr�tica contestada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que em Resolu��o de 2018 a definiu como "procedimento de car�ter experimental, cuja aplica��o cl�nica n�o est� liberada, devendo ocorrer apenas no ambiente de estudos cient�ficos".

� comum ela fazer publica��es em redes sociais nas quais tira de contexto dados sobre efeitos adversos de vacinas, colocando-se contra a vacina��o para a COVID-19. Al�m disso, faz discursos durante apari��es p�blicas no mesmo sentido.

Apenas o Comprova j� identificou que Maria Emilia Gadelha espalhou boatos sobre AVC em pilotos e aborto em palestra e que ela enganou ao dizer que vacinas contra covid s�o experimentais.

Desta vez, a m�dica esteve em ato solene na Alesp, realizado no dia 26 de novembro, com parlamentares e profissionais da �rea m�dica e jur�dica, para debater sobre o passaporte sanit�rio.

O evento foi organizado pelo deputado Douglas Garcia (PTB), um dos autores do Projeto de Lei 668/2021, que pretende proibir exig�ncia de vacina��o para acesso a espa�os p�blicos e privados. O texto tem outros 14 autores, dentre eles Janaina Paschoal (PSL) e Valeria Bolsonaro (PRTB), e atualmente tramita em comiss�es.

No pr�prio canal do Telegram, Maria Emilia Gadelha compartilhou v�deo de 30 minutos com a fala dela no evento, afirmando que o mesmo conte�do foi removido do YouTube. Procurada pelo Comprova, ela n�o se manifestou at� a publica��o desta reportagem.

Por que investigamos?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conte�dos suspeitos que tenham viralizado sobre pandemia, pol�ticas p�blicas do governo federal e elei��es. O conte�do em verifica��o foi compartilhado em grupos bolsonaristas no WhatsApp e tamb�m pela plataforma de v�deo Kwai.

V�deos como esse, principalmente quando s�o feitos por m�dicas como Emilia Gadelha, passam uma mensagem errada para a audi�ncia que o recebe. Os cidad�os acreditam que a vacina desenvolvida para combater a covid-19 tem malef�cios para a sa�de e que n�o � capaz de proteger contra o v�rus.

Dessa forma, a popula��o fica em perigo, uma vez que sem a aplica��o correta das doses da vacina, tornam-se mais vulner�veis � doen�a por aumentarem as chances de desenvolver a fase aguda do coronav�rus.

Checagens anteriores do Comprova mostram que a mesma m�dica antivacina chegou a disseminar informa��es enganosas para desincentivar a vacina��o contra a covid-19, como o v�deo em que ela afirma que os imunizantes s�o experimentais. Tamb�m j� comprovamos ser falso que as vacinas agravam a doen�a.

Falso, para o Comprova, � o conte�do inventado ou que tenha sofrido edi��es para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)