Ao mesmo tempo que a variante �micron do coronav�rus avan�a pelo mundo, pesquisas tentam medir o quanto as vacinas usadas at� agora s�o capazes de proteger a popula��o. Os estudos, ainda preliminares, mostram que a nova cepa pode escapar parcialmente de uma primeira barreira de prote��o oferecida pelos imunizantes. E sugerem um caminho: doses de refor�o.
Considerada uma variante de preocupa��o pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), a �micron foi identificada na �frica do Sul em 24 de novembro. At� esta quarta-feira, j� estava em 57 pa�ses, incluindo o Brasil. O temor tem rela��o n�o s� com o n�mero de muta��es, mas com a localiza��o dessas varia��es dentro do v�rus. Das 50 altera��es gen�ticas na cepa, 32 est�o na prote�na spike, aquela que permite a entrada do v�rus nas c�lulas humanas. Grande parte das vacinas usa a prote�na spike para induzir a resposta imune - por isso, altera��es nessa parte do v�rus preocupam tanto.
As primeiras pesquisas para testar o impacto da variante na prote��o das vacinas ainda s�o preliminares, n�o foram revisadas por outros cientistas e coletaram poucos dados. Esses estudos s�o realizados em laborat�rio: cientistas analisam a intera��o entre amostras de sangue de vacinados (com anticorpos) e a nova variante. As primeiras conclus�es s�o de que h� queda na capacidade da vacina de produzir anticorpos que neutralizam a �micron - o que os cientistas j� esperavam.
Segundo uma pesquisa realizada na �frica do Sul com 12 pessoas, houve decl�nio de 41 vezes nos n�veis de anticorpos neutralizantes contra a nova variante em vacinados com a Pfizer. O estudo, do Instituto de Pesquisa em Sa�de de Durban, tamb�m apontou que a prote��o parece ser maior entre os que j� tinham se infectado antes de tomar a vacina. Para Alex Sigal, virologista que conduziu o estudo, os dados trazem boas not�cias, apesar de ser preocupante a queda de anticorpos. Ele temia que as vacinas pudessem n�o fornecer prote��o contra a variante. Havia o risco de que a �micron tivesse encontrado uma nova "porta" para entrar nas c�lulas - o que tornaria os anticorpos de vacinas in�teis.
Outra pesquisa preliminar, do Instituto Karolinska, na Su�cia, e da Universidade da Cidade do Cabo, na �frica do Sul, mostrou que a redu��o na capacidade de neutraliza��o dos anticorpos � vari�vel. Em algumas amostras, quase n�o houve diminui��o e, em outras, houve queda de 25 vezes em rela��o ao "v�rus original". "A neutraliza��o n�o � completamente perdida, o que � positivo", afirmou Ben Murrell, do Karolinska, nas redes sociais.
Insuficiente
Nesta quarta, um novo estudo, realizado pela Pfizer e pela BioNtech, indicou que, com um esquema de duas doses, a quantidade de anticorpos neutralizantes contra a variante �micron diminui, em m�dia, 25 vezes em rela��o aos produzidos contra o v�rus original. E "duas doses podem n�o ser suficientes para proteger contra a infec��o" pela nova variante, conforme informaram as empresas. A pesquisa analisou 39 amostras.
Essa queda em anticorpos neutralizantes era esperada pelos cientistas - justamente por causa do n�mero de muta��es da �micron - e deve ocorrer com outras marcas de vacinas. Mas as �ltimas pesquisas n�o significam que as vacinas s�o ineficazes contra a �micron. Especialistas ponderam que os anticorpos analisados at� agora em laborat�rios n�o s�o a �nica barreira. As vacinas tamb�m induzem outros tipos de resposta imune, como as c�lulas T, que matam c�lulas infectadas e s�o importantes para evitar que uma pessoa infectada adoe�a. "A �micron escapa mais do que as outras (variantes). Mas, provavelmente, ainda vamos ter prote��o em termos de hospitaliza��o, de doen�a sintom�tica", diz Cristina Bonorino, imunologista e membro dos comit�s cient�fico e cl�nico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI). A expectativa � de que a vacina��o evite a forma grave da covid-19, mesmo com a �micron. Cientistas, no entanto, s� poder�o confirmar isso com an�lises no mundo real.
Nesta quarta, a Pfizer anunciou que vacinados "devem estar protegidos contra formas graves", j� que o mecanismo de ativa��o de c�lulas T n�o parece ter sido afetado pelas muta��es da �micron. "Sabemos que temos uma prote��o cl�nica (com as vacinas), mas n�o em rela��o � infec��o e transmiss�o", diz o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale e coordenador da Rede Corona-�mica.Br, do Minist�rio da Ci�ncia eTecnologia.
Refor�o
"Est� claro com os dados preliminares que a prote��o � aumentada com uma 3.� dose da nossa vacina", disse Albert Bourla, CEO da Pfizer. Ele tamb�m disse que � poss�vel que a popula��o venha a precisar de uma 4.� dose.
Na mesma linha, o cientista Xiangxi Wang, pesquisador principal do Laborat�rio de Infec��o e Imunidade do Instituto de Biof�sica da Academia Chinesa de Ci�ncias, afirmou nesta quarta que uma 3.� dose da Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, produz anticorpos capazes de reconhecer a �micron. Ele citou uma triagem de mais de 500 unidades de anticorpos neutralizantes obtidos ap�s a 3.� dose. "Cerca de um ter�o apresentou grande afinidade de liga��o com a prote�na spike das cepas de preocupa��o, incluindo a �micron", afirmou. Segundo o Butantan, os cientistas ainda v�o testar a capacidade de neutraliza��o desses anticorpos contra o v�rus para confirmar a efic�cia.
"Dar a terceira dose � o que temos agora", afirma Jorge Kalil, imunologista da Faculdade de Medicina da Faculdade da Universidade de S�o Paulo (USP). Ele lembra que o desenvolvimento, a testagem e a aprova��o de uma vacina completamente adaptada � �micron podem levar meses.
Uma vacina adaptada da Pfizer estaria dispon�vel "at� mar�o", segundo a farmac�utica. A AstraZeneca informou que a plataforma de vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford "permite responder rapidamente a novas variantes que possam surgir". A Johnson & Johnson informou que est� testando amostras para medir a atividade neutralizante da Janssen contra a �micron. Paralelamente, a companhia busca uma vacina espec�fica para a variante "e ir� desenvolv�-la, conforme for necess�rio", afirmou.
"Se n�o vacinarmos, v�o surgir variantes que escapar�o da vacina. Por enquanto, quem se vacinou est� razoavelmente protegido e quem n�o se vacinou deve se vacinar, mesmo tendo tido a doen�a", acrescenta Cristina Bonorino, professora titular da Universidade Federal de Ci�ncias da Sa�de de Porto Alegre. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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�micron e vacinas: o que se sabe at� agora
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