(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CRISE NA CAPES

Sem recurso, Capes encerra repasses de verbas a institutos de ponta

S�o 101 institutos de pesquisa espalhados pelo pa�s, que desenvolvem grandes projetos em �reas de impacto social


16/12/2021 10:33 - atualizado 17/12/2021 09:43

A presidente da Capes Claudia Queda de Toledo
(foto: Ascon/Capes)
A Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (Capes) vai encerrar os repasses a centros de pesquisa de ponta - os chamados Institutos Nacionais de Ci�ncia e Tecnologia (INCTs) - neste ano. A funda��o argumenta que n�o tem mais recursos para novas bolsas de pesquisa ou para prorrogar a vig�ncia dos aux�lios aos INCTs em 2022. O comunicado pegou os coordenadores dos institutos de surpresa.

Esses institutos de pesquisa est�o espalhados pelo Pa�s - s�o 101, no total. Eles desenvolvem grandes projetos em �reas de impacto social. H� institutos voltados para pesquisas que v�o desde o desenvolvimento de vacinas at� mudan�as clim�ticas. Os grupos s�o chefiados por cientistas de renome. Ao longo dos trabalhos, recebem alunos de mestrado e doutorado e contam com a coopera��o de cientistas do exterior para alavancar as pesquisas brasileiras.

Em um of�cio enviado aos coordenadores dos INCTs na semana passada, a Capes diz que "atingiu o financiamento total proposto para o apoio" aos projetos desenvolvidos nos INCTs. "N�o dispomos de or�amento para acatar novas indica��es ou conceder prorroga��es de vig�ncia, a partir de janeiro de 2022", completou a Capes no documento.

A previs�o era de repassar R$ 100 milh�es aos INCTs com pagamento de bolsas nas modalidades de mestrado, doutorado, p�s-doutorado e professor visitante. Segundo a funda��o, os pagamentos come�aram em janeiro de 2017 e deveriam durar cinco anos. A cada ano, poderiam ser pagos R$ 20 milh�es, e os recursos n�o utilizados em um ano n�o poderiam integrar o or�amento do ano seguinte, conforme a Capes.

J� os coordenadores dos INCTs argumentam que os repasses de verbas pela Capes teriam de continuar, pelo menos, at� o fim de 2022 porque a maior parte dos pagamentos s� come�ou a ser feita no fim de 2017, quando os projetos se estruturaram para receber os recursos. Com a pandemia, tamb�m houve dificuldades de implementar bolsas para professores visitantes, j� que as viagens estavam suspensas. Eles dizem ter sido pegos de surpresa com o an�ncio do encerramento.

Em uma carta � presidente da Capes, Claudia Queda de Toledo, 84 coordenadores dos INCTs argumentam que pelo menos um quinto de R$ 100 milh�es prometidos pela funda��o vai deixar de ser pago com o fim dos repasses da Capes aos institutos no ano que vem. "Esta decis�o atinge profundamente um dos programas mais exitosos do Pa�s no apoio � Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o", escrevem os cientistas.

Por meio de nota, a Capes n�o informou quanto efetivamente pagou aos INCTs ao longo dos cinco anos, mas disse que "todas as bolsas cujas implementa��es foram solicitadas � Capes pelos coordenadores foram efetivamente implementadas". Tamb�m informou que os coordenadores j� sabiam, desde 2017, que a vig�ncia dos projetos chegaria ao fim agora. Foram implementadas 1.651 bolsas ao longo dos cinco anos nos INCTs.

Problemas or�ament�rios levaram, neste ano, ao atraso no pagamento de outra modalidade de bolsas da Capes, voltadas para estudantes de Licenciaturas. Alunos de gradua��o que recebiam R$ 400 tiveram seus pagamentos suspensos por falta de verba. Foi preciso aprovar um projeto de lei no Congresso para liberar os recursos, mas a demora levou parte dos jovens a abandonar os projetos e buscar emprego.

Os INCTs tamb�m recebem recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq) e das funda��es estaduais de amparo � pesquisa. Mas os cientistas dizem que j� contavam com os aportes da Capes no ano que vem - e, agora, ter�o de replanejar as a��es. O papel da Capes nesses centros de pesquisa � apoiar a forma��o dos cientistas. J� os recursos para a compra de equipamentos e reagentes v�m do CNPq.

O pesquisador Adalberto Val, coordenador do INCT Adapta, um centro de estudos de adapta��es aqu�ticas da Amaz�nia, afirmou que se preparava para receber pesquisadores estrangeiros no in�cio de 2022 - a��o que n�o foi poss�vel antes por causa da pandemia. O objetivo era trazer cientistas experientes na �rea e promover o contato das pesquisas nacionais com os estudos estrangeiros. A perman�ncia deles no Brasil deveria ser custeada pela Capes.

"Como vou falar para meus colegas estrangeiros que a bolsa deles n�o vai sair?", indaga Val, professor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz�nia. Al�m dessas bolsas, o INCT Adapta tamb�m contava com recursos da Capes para levar ao Amazonas, em mar�o, uma pesquisadora cearense refer�ncia em comportamento de esp�cies - o que tamb�m n�o deve mais ocorrer.

"Minha vontade � dizer que n�o d� mais, que vamos fechar isso aqui. Cada dia � uma luta nova, uma coisa diferente", completa o pesquisador, que v� cientistas brasileiros deixarem o Pa�s por falta de incentivo. Entre outros temas, o instituto realiza pesquisas sobre adapta��es biol�gicas �s mudan�as ambientais.

No INCT de Fluidos Complexos, o coordenador Antonio Martins Figueiredo Neto teme pela continuidade de pesquisas ligadas � covid-19. Um dos estudos do centro, que re�ne pesquisadores de v�rias �reas, tenta identificar caracter�sticas que podem levar infectados a desenvolver sequelas. "N�o h� de onde tirar recursos", diz Neto, doutor em F�sica e professor da Universidade de S�o Paulo (USP).

"Os INCTs todos tinham bolsas acopladas aos projetos. Agora, como fazer projetos sem alunos?", indaga a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do INCT de Envelhecimento e Doen�as Gen�ticas, com sede na USP. Ela lembra que o instituto de pesquisa costuma receber muitos estudantes de mestrado e doutorado que n�o s�o de S�o Paulo. "Eles precisam da bolsa para sobreviver. As pessoas t�m impress�o que a bolsa � complementa��o de sal�rio, mas � o �nico sustento que eles t�m."

Segundo Jailson Bittencourt de Andrade, coordenador do INCT de Energia e Ambiente, com sede em Salvador, houve indica��o por parte do CNPq de que haver� recursos para os INCTs em 2022 - o que n�o ocorreu em rela��o � Capes. "� uma situa��o em que se planeja fazer 100% e sabe que vai fazer 50% ou a depender do que planejou, precisa replanejar", diz. "N�o teremos pesquisadores novos come�ando."

A Capes informa que limita��es legais impedem que um valor n�o gasto em um ano seja usado no ano seguinte. Tamb�m afirma que continuar� a pagar as bolsas ativas at� o fim de suas respectivas vig�ncias - s�o 260. "Isto representa um investimento adicional de R$ 3.808.910,84 a serem investidos pela Capes em 2022 e 2023", informou a funda��o. "Trata-se de um grande projeto e que ser� certamente estudado para uma nova edi��o e publica��o em parceria", concluiu.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)