(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ENCHENTES

Ap�s inunda��es na Bahia, meteorologia prev� chuvas fortes no Sudeste; entenda

De acordo com os meteorologistas ouvidos pela reportagem, a previs�o � que chova cerca entre 100 e 200 mm at� o pr�ximo domingo (2/1), a mesma quantidade esperada para o m�s inteiro de dezembro.


29/12/2021 08:28 - atualizado 29/12/2021 12:01


Homem caminhando em área alagada na Bahia
De acordo com os meteorologistas ouvidos pela reportagem, a previs�o � que chova cerca entre 100 e 200 mm at� o pr�ximo domingo (2/1), a mesma quantidade esperada para o m�s inteiro de dezembro. (foto: Reuters)

Depois de fortes chuvas terem deixado um rastro de destrui��o no sul da Bahia, com mais de 20 mortes, milhares de desabrigados e cidades inteiras alagadas, agora a previs�o � de temporais para o Sudeste.

Segundo meteorologistas ouvidos pela BBC News Brasil, radares preveem fortes chuvas para os pr�ximos dias nos Estados de Goi�s, Minas Gerais, S�o Paulo, Rio de Janeiro e Esp�rito Santo.

De acordo com o meteorologista Francisco de Assis, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), espera-se que as chuvas diminuam na Bahia, norte de Minas Gerais e migrem para regi�es mais ao sul.

"A partir desta quarta-feira (29/12), a chuva vai se concentrar em Minas Gerais, principalmente na regi�o do Vale Jequitinhonha, Esp�rito Santo, Rio de Janeiro e S�o Paulo. A previs�o � que chova de maneira significativa nos pr�ximos dias, inclusive na passagem de ano", afirmou Assis.

Por conta desse grande volume de chuvas, a expectativa � que as temperaturas tamb�m caiam e se mantenham amenas em todo o Sudeste. Segundo o Inmet, a previs�o � que os term�metros n�o passem dos 23°C em S�o Paulo na sexta-feira (31/12), v�spera do Ano Novo, com m�nima prevista de 16°C.

De acordo com os meteorologistas ouvidos pela reportagem, a previs�o � que chova cerca entre 100 e 200 mm at� o pr�ximo domingo (2/1), a mesma quantidade esperada para o m�s inteiro de dezembro.

Para efeito de compara��o, uma das localidades mais atingidas pelas inunda��es na Bahia, a cidade de Ilh�us, registrou no dia de Natal deste ano mais chuva (136mm) do que o acumulado durante o m�s de dezembro inteiro em 2020 (118mm) e em 2018 (131mm).

Mas um volume t�o grande de chuvas tamb�m deve causar transtornos nas regi�es.

Espera-se que ocorram alagamentos em diversas cidades, como as capitais S�o Paulo e Belo Horizonte. A sequ�ncia de dias chuvosos deve encharcar o solo o que pode proporcionar condi��es para deslizamentos de terra.

A BBC News Brasil procurou a Defesa Civil dos Estados de Goi�s, Minas Gerais, Esp�rito Santo e S�o Paulo para saber se elas prepararam algum esquema especial para as chuvas dos pr�ximos dias, mas n�o obteve respostas at� a publica��o desta reportagem.

O que causa essa chuva?

De acordo com o meteorologista Francisco de Assis, h� um sistema de ar quente concentrado entre o sul da Bahia e norte de Minas Gerais, que vai come�ar a descer. Nesse movimento, essa massa encontrar� uma frente fria que est� se formando no Sul do pa�s.

O encontro da massa quente e �mida com a fria vai causar as fortes chuvas previstas. A maior intensidade ser� registrada em Goi�s, S�o Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Mas tamb�m deve haver precipita��es acima da m�dia inclusive no Distrito Federal.

Por outro lado, o grande volume de chuva prevista para os pr�ximos dias na regi�o entre o sul de Minas Gerais e norte de S�o Paulo deve contribuir para o aumento do n�vel dos principais reservat�rios paulistas.

De acordo com o Portal dos Mananciais, da Sabesp, os principais reservat�rios que abastecem a Grande S�o Paulo estavam com 37,8% da sua capacidade total na manh� desta ter�a-feira (28/12). No mesmo dia de 2020, o site apontava 45,9%.

"Com certeza dever� causar um pequeno al�vio no n�vel das represas, caso essa quantidade de chuva se confirme nessa regi�o das cabeceiras dos rios que abastecem o sistema Cantareira, principalmente no Sul de Minas", disse o meteorologista Francisco de Assis.

Os temporais devem se concentrar, segundo os especialistas, no fim das tardes e in�cio das noites. Por�m, em alguns dias podem ocorrer chuvas ao longo do dia, como aconteceram nesta ter�a-feira na cidade de S�o Paulo.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, os temporais que atingiram a capital paulista causaram %u200B%u200B19 quedas de �rvore, no bairro de Ermelino Matarazzo, na zona leste, al�m de S�o Bernardo do Campo e Guarulhos, na Grande S�o Paulo. Tamb�m foram registrados oito desabamentos em Santo Andr� e Mau�, ambas cidades da regi�o metropolitana.

Ainda na tarde desta ter�a, os bombeiros atenderam a 71 ocorr�ncias de enchentes e alagamentos, principalmente na cidade de Santo Andr�, na Grande S�o Paulo.

Para especialistas, h� pelo menos tr�s fatores que podem ser associados � alta intensidade das chuvas recentes no Brasil: La Ni�a, depress�o subtropical e aquecimento global.

O impacto de eventos La Ni�a no clima do Brasil

“Para o Norte e Nordeste do Brasil, a La Ni�a sempre vai ser um sin�nimo de chuvas frequentes e acima do esperado”, afirma Hagi. Mas o que � La Ni�a (A Menina, em tradu��o literal do espenhol)?

Para entender o termo, � necess�rio explicar o fen�meno mais geral em que ele est� inserido: o chamado evento ENOS ou El Ni�o-Oscila��o Sul.

O El Ni�o (O Menino) � um fen�meno clim�tico caracterizado pelo aquecimento anormal das �guas superficiais do oceano Pac�fico, principalmente nas zonas equatoriais.

Ele ocorre normalmente em intervalos m�dios de quatro anos, geralmente em dezembro, pr�ximo ao Natal e, por isso, � chamado assim, em refer�ncia ao Ni�o Jesus (Menino Jesus).

O El Ni�o causa o enfraquecimento dos chamados ventos al�sios (deslocamentos de massas de ar quente e �mido em dire��o �s �reas de baixa press�o atmosf�rica das zonas equatoriais do globo terrestre). Esses ventos sopram de leste para oeste, acumulando �gua quente na camada superior do Oceano Pac�fico perto da Austr�lia e Indon�sia.


la niña
La Ni�a � caracterizado por resfriamento das �guas do Pac�fico Equatorial (foto: NOAA)

Quando o El Ni�o ocorre, a camada de �guas superficiais quentes do Pac�fico acaba se deslocando ao longo do Equador em dire��o � Am�rica do Sul. Ventos quentes favorecem a evapora��o e, por consequ�ncia, a forma��o de nuvens.

No Brasil, isso normalmente se traduz em mais chuvas na regi�o Sul e menos chuvas nas regi�es Norte e Nordeste.

La Ni�a � exatamente o oposto no Brasil: chuvas fortes e abundantes, aumento do fluxo dos rios e inunda��es subsequentes no Norte e no Nordeste do Brasil - e seca no Sul do pa�s. Mas nenhum evento La Ni�a � igual ao outro.

Segundo o Inmet, neste ano, “a maioria dos modelos de previs�o de ENOS (El Ni�o-Oscila��o Sul), gerados pelos principais centros internacionais de meteorologia, indica uma probabilidade superior a 60% de que se mantenha o fen�meno La Ni�a durante o ver�o, podendo atingir a intensidade moderada entre os meses de dezembro/2021 e janeiro/2022”.

“Sa�mos de uma La Ni�a entre o final de 2020 at� Maio de 2021, que foi respons�vel pela maior Cheia na Amaz�nia nos �ltimos 120 anos, para entramos em outra agora que est� prevista para durar pelo menos at� o primeiro trimestre de 2022. Isso soa o alarme para mais um per�odo de chuvas elevadas e com todas as consequ�ncias socioecon�micas que est�o ligadas, desde alagamentos a perdas de vidas humanas”, afirma Hagi.

No in�cio de dezembro, fortes chuvas j� haviam afetado o sul da Bahia, deixando ao menos 24 cidades da regi�o em situa��o de emerg�ncia.

Diversas localidades ficaram debaixo d’�gua e pelo menos tr�s pessoas morreram ap�s um deslizamento de terra na cidade de Itamaraju.

At�pica, a depress�o subtropical � um evento meteorol�gico que gira no sentido hor�rio e � marcado pela forma��o de nuvens, ventos, tempestades e agita��o mar�tima. Em alguns casos, ela pode evoluir para uma tempestade tropical.

“A combina��o desses dois acontecimentos, a Zona de Converg�ncia do Atl�ntico Sul (ZCAS) e a �rea de baixa press�o, � o que intensificou a chuva nas regi�es leste e sul da Bahia", disse Aquino em entrevista no in�cio de dezembro.

Segundo ele, "as mudan�as na circula��o geral da atmosfera sugerem para n�s que o oceano mais quente na costa do Brasil poderia formar com mais frequ�ncia �reas de baixa press�o como essa, levando � depress�o subtropical". Aquino considera precoce associar esses eventos extremos na Bahia �s mudan�as clim�ticas no planeta, mas n�o descarta uma poss�vel liga��o entre eles.

"Neste momento, n�o conecto diretamente as mudan�as clim�ticas com esse evento extremo. (...) Mas, num planeta mais quente, eventos extremos tornam-se mais frequentes, com a forma��o de depress�es subtropicais como esta [vista na Bahia]."

Sobre os temporais durante o Natal na Bahia e a rela��o com o aquecimento global, Hagi, da Meteonorte, afirma que “de certa forma � poss�vel que a ocorr�ncia desses eventos extremos seja consistente com o que se espera para um mundo cada vez mais quente”.

Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)