
A baixa ades�o � vacina��o contra a covid-19 nas cidades que fazem fronteira com outros pa�ses � motivo de alerta de grupos de estudos cient�ficos que acompanham a imuniza��o no Brasil. O Instituto de Comunica��o e Informa��o Cient�fica e Tecnol�gica em Sa�de (Icict/Fiocruz), detalhou, no relat�rio Monitora-Covid 19, que esses dados s�o piores no Norte do pa�s.
Munic�pios como Tabatinga, que faz parte da tr�plice fronteira entre Amazonas, Peru e Col�mbia; Oiapoque, fronteira entre o Amap� e Guiana Francesa; e Uiramut�, tr�plice fronteira entre Roraima, Venezuela e Guiana, est�o abaixo dos 30% da vacina��o completa — ao menos duas doses. J� localidades fronteiri�as no Sul e no Centro-Oeste aparecem acima dos 50%. � o caso de Bag�, no Rio Grande do Sul, que se delimita com o Uruguai (60%); Corumb�, fronteira entre Mato Grosso do Sul e Bol�via (63,8%); Foz do Igua�u (no Paran�, que se delimita com Paraguai e Uruguai), com 73,5%.
Christovam Barcellos, pesquisador titular do Laborat�rio de Informa��o em Sa�de do Icict, que esteve � frente do estudo, disse provocar apreens�o a vulnerabilidade nesses locais. De acordo com ele, a falta de fiscaliza��o sobre a entrada e a sa�da de viajantes vacinados e � exig�ncia do passaporte sanit�rio pode agravar a pandemia. "Muitas das falhas de vacina��o est�o acontecendo em �reas de fronteiras, o que � muito preocupante em rela��o � entrada de novas variantes ou surtos locais que podem se espalhar para o Brasil inteiro", explicou.
Segundo o site Amaz�nia Latitude, as cidades de Tabatinga (Brasil) e Let�cia (Col�mbia) somam 50 mil habitantes. O munic�pio brasileiro � "o principal centro de converg�ncia de toda uma rede no interior da Amaz�nia", no entanto, n�o conta com um sistema de sa�de capaz de suportar uma grande quantidade de casos graves de covid-19.
Isso resultaria num alto fluxo de pessoas se deslocando para a capital, Manaus. "Imagina se todo mundo que ficar doente for para Manaus? A capital tem uma taxa de vacina��o bastante alta, recebe muitas pessoas n�o vacinadas e doentes graves vindos do interior. S�o potenciais para o surgimento de novas variantes", frisou Barcellos.
Questionada pela reportagem sobre a raz�o da baixa vacina��o no interior, a Funda��o de Vigil�ncia em Sa�de do Amazonas (FVS/AM) explicou, em nota, que "os profissionais de sa�de relatam dificuldades no processo (de imuniza��o)". "Entre elas, est� o receio de rea��o ap�s a aplica��o da dose da vacina e quest�es psicossociais'', acrescentou, sem detalhar quais seriam. Al�m disso, informou haver "dificuldade de conectividade � internet e inser��o das informa��es no sistema oficial do Minist�rio da Sa�de".
O apag�o de dados da pasta, por sinal, � outro quesito citado por Barcellos como uma falha s�ria no Plano Nacional de Imuniza��o (PNI), principalmente no interior do pa�s. "Talvez, a gente n�o esteja recebendo os dados dessas cidades porque n�o h� internet ou pessoal capacitado para digitar. A pessoa est� conectada na internet, inserindo diretamente no sistema, de repente, a rede cai. Vai para o Excel. A�, �s vezes, isso exige nova digita��o. Cada secretaria cria um sistema diferente do outro, com linguagens incompat�veis. Se acontece algo com um lote, por exemplo, o Minist�rio da Sa�de precisa dessa informa��o de forma mais �gil. Atrapalha no balan�o nacional", ressaltou.
O Minist�rio da Sa�de refor�ou que a parcela da popula��o residente nas fronteiras � "parte importante da estrat�gia para combater a pandemia da covid-19". Em nota, argumentou que "a pasta presta apoio irrestrito a todos os entes federados no enfrentamento � covid-19, como o refor�o na assist�ncia � sa�de p�blica". Por�m, n�o detalhou como est� fiscalizando a distribui��o ou a diferen�a da aplica��o de doses nas capitais e nos munic�pios, principalmente os de fronteira.