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Estado de Minas '�GUA NOS C�US'

'Rio voador', o fen�meno que ajuda a explicar as tempestades de ver�o no Brasil

O encontro entre corredor de umidade, que flui de norte para sul do pa�s, e frentes frias causa chuvas fortes nesta �poca do ano. Mas isso � previs�vel, alertam especialistas, e trag�dias s�o causadas pelo descaso das autoridades.


01/02/2022 07:51 - atualizado 01/02/2022 09:56


Encosta onde houve deslizamento em Franco da Rocha
Tempestades provocaram deslizamentos e mortes em S�o Paulo (foto: Reuters)

As tempestades que v�m causando uma sequ�ncia de trag�dias no Brasil desde o final do ano passado t�m em comum um mesmo fen�meno.

Assim como a �gua corre em terra, tamb�m h� fluxos massivos de �gua nos c�us.

Na Am�rica do Sul, um desses enormes corredores de umidade atmosf�rica vai da regi�o amaz�nica at� o centro-sul do pa�s.

Esse "rio voador" carrega parte da �gua que evapora no norte para outras partes do territ�rio nacional.

"� uma regi�o muito �mida e tropical, onde tem um aquecimento constante. A Floresta Amaz�nica por si s� j� despeja uma quantidade enorme de �gua na atmosfera pela evapora��o", explica Estael Sias, da Metsul Meteorologia.

"O relevo da Am�rica do Sul, a cordilheira dos Andes, n�o deixa essa umidade escapar do continente, obrigando esse rio voador a descer."

Se esse corredor de umidade se encontra com uma frente fria vinda do sul, as nuvens carregadas tendem a ficar concentradas por alguns dias em uma determinada regi�o.


Mapa mostra corredor de umidade atmosférica na América do Sul
'Rio voador' leva umidade da Amaz�nia at� o sul do pa�s (foto: MetSul Meteorologia)

Um fen�meno potencializa o outro, formando um terceiro - a chamada zona de converg�ncia do Atl�ntico Sul, que � recorrente durante o ver�o nesta regi�o do planeta e provoca fortes chuvas.

Foi o que aconteceu primeiro no sul da Bahia, no final do ano passado e, depois, em Minas Gerais, no in�cio do m�s.

Agora, foi a vez das chuvas torrenciais atingirem S�o Paulo, provocando mais inunda��es, deslizamentos e mortes.

Sias explica que o rio voador da Am�rica do Sul corre a uma altitude entre 5 a 10 km do solo e fica ativo durante o ano todo.

Seu curso e alcance s�o influenciados pela din�mica dos ventos na regi�o e pela passagem de outros fen�menos pelo continente.

"No inverno, um sistema de alta press�o atmosf�rica n�o deixa a maioria das frentes frias subirem at� o Sudeste ou o Centro-Oeste, por isso � um per�odo muito seco nessa parte do pa�s, e o rio atmosf�rico consegue ir at� mais ao sul", afirma a especialista.

"No ver�o, esse bloqueio vai para o oceano, se afastando do continente, e as frentes frias conseguem subir. Quando sobe uma frente fria, ela se conecta � umidade amaz�nica, e elas v�o andando juntas at� parar em cima do Sudeste ou do Nordeste do Brasil e se transformar em chuvas e temporais."


Mapa mostra zona de convergência do Atlântico Sul
Encontro de 'rio voador' com frente fria cria zona de converg�ncia na regi�o do Atl�ntico Sul (foto: Climatempo)

Sias afirma que, na semana passada, o rio voador estava mais disperso, mas que, nesta semana, uma massa de ar frio e seco chegou ao sul do pa�s e criou uma barreira que n�o deixou o corredor de umidade avan�ar.

As nuvens ficaram ent�o paradas sobre a regi�o metropolitana de S�o Paulo e foram potencializadas pela frente fria, provocando fortes chuvas.

O resultado foi que choveu em poucos dias a m�dia hist�rica para o m�s inteiro, e isso foi fatal em uma regi�o que j� vinha sofrendo com tempestades.

Fen�meno � caracter�stico do ver�o

No entanto, apesar de muita gente pensar que chuvas assim s�o excepcionais, Francisco de Assis, do Instituto Nacional de Meteorologia, explica que as zonas de converg�ncia s�o algo caracter�stico da Am�rica do Sul no ver�o.

"Dependendo do ano, ocorrem mais para o sul ou mais para o norte", afirma Assis.

Nesta �poca do ano, o corredor de umidade que vem da Amaz�nia ganha for�a. "H� uma alta libera��o de calor e umidade da Amaz�nia devido �s temperaturas elevadas,", afirma Assis.

Tamb�m h� uma maior evapora��o de �gua dos oceanos Pac�fico e Atl�ntico, intensificando esses fen�menos meteorol�gicos, explica o especialista.

Jos�lia Pegorim, meteorologista da Climatempo, refor�a que as zonas de converg�ncia acontecem todos os anos, com maior ou menor intensidade.

"Se pegarmos outros eventos de desastres naturais e de chuvas catastr�ficas, no Sudeste em particular, quase todos, ou a maior parte, estiveram associados � forma��o de zonas de converg�ncia", diz Pegorim.


Carro em rua alagada em Franco da Rocha
Em poucos dias, choveu a m�dia de janeiro inteiro na regi�o metropolitana de SP (foto: Reuters)

A especialista avalia que as trag�dias ocorrem n�o pela intensidade das chuvas ou porque elas sejam imprevis�veis - na verdade, foi o contr�rio, dizem os meteorologistas ouvidos pela reportagem, e alertas foram emitidos com anteced�ncia.

O problema � a falta de preparo e de rea��o das autoridades aos avisos.

"A culpa � da chuva at� certo ponto. N�o se pode dizer que � por causa das mudan�as clim�ticas ou que nunca choveu assim, porque j� teve chuvas at� piores. N�o teve surpresa", diz Pegorim.

Ao mesmo tempo, afirma a meteorologista, a canaliza��o do ar �mido da regi�o Norte em dire��o ao Centro-Oeste e ao Sudeste e a forma��o das zonas de converg�ncia no encontro com frentes frias, formando tempestades, tem uma fun��o importante.

"Esse sistema � fundamental para que consigamos recompor as reservas de �gua para os reservat�rios de gera��o de energia e de abastecimento da popula��o."

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