Muitas fam�lias, algumas com l�grimas nos olhos, desciam nesta quarta-feira (16) do bairro de Alto da Serra levando consigo o pouco que conseguiram salvar de seus pertences ap�s a chuva devastadora que atingiu a cidade hist�rica de Petr�polis, na regi�o serrana do Rio de Janeiro.
"� uma coisa que ningu�m esperava. Foi desesperador, muito triste", afirmou Elisabeth Louren�o, carregando duas grandes bolsas nas quais colocou o m�ximo de roupa poss�vel, enquanto descia com cuidado uma ladeira no bairro, escorregadia por conta da lama trazida pela chuva.
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Como todos os outros moradores do bairro, esta manicure de 32 anos teve que abandonar sua casa diante do temor de novos deslizamentos.
"Na hora da chuva, desceu muito barro l� de cima e os galhos das �rvores ca�ram em cima da parte de tr�s da minha casa", disse Louren�o � AFP.

A poucos metros dali a imagem � de caos. Uma enorme parte da encosta est� coberta de barro misturado com escombros de casas e restos de telhado.
Segundo a Prefeitura de Petr�polis e o Corpo de Bombeiros, at� a tarde desta quarta-feira foram confirmadas 55 mortes e cerca de 80 casas foram atingidas por quedas de barreiras.
As equipes de resgate removem a lama e os escombros para tentar encontrar sobreviventes, enquanto os moradores observam a cena, incr�dulos, se assustando cada vez que ocorre um barulho mais alto, como a passagem de helic�pteros.
"Eu estava jantando quando come�ou a tempestade. Meu irm�o veio me buscar e me disse: 'temos que ir, o morro est� descendo'", explicou Jer�nimo Leonardo, de 47 anos, cuja casa, que ficou relativamente conservada, fica ao lado da ladeira soterrada pelo deslizamento de terra.

Todos os moradores de Alto da Serra, um bairro popular erguido na encosta de um morro a poucos minutos do centro hist�rico da cidade, foram obrigados a deixar suas casas.
O destino deles: a igreja de Santo Ant�nio, a dez minutos de caminhada dali, no alto de outro morro.
'�gua na cintura'
Da pra�a desta pequena igreja colonial com fachada azul-celeste � poss�vel ver a dimens�o da destrui��o causada pela avalanche de terra, em meio � neblina e � possibilidade de novas chuvas.A igreja recebe dezenas de fam�lias desabrigadas, carregando bolsas e malas, e muitos volunt�rios que v�m com doa��es.
"Foi logo depois da trag�dia, da queda da barreira, [...] que as pessoas come�aram chegar aqui". "Creio que quase umas 150, 200 pessoas, fam�lias com crian�as, chegaram", explicou o padre Celestino, respons�vel pela par�quia.
Atr�s da igreja, foram colocados colch�es no ch�o da sala principal da par�quia para atender aos desalojados.
"N�o dormi nada durante toda a noite", explicou Yasmin Kennia Narciso, uma assistente escolar de 26 anos, enquanto amamentava Luana, sua beb� de nove meses, sentada em um colch�o.
A jovem, que vive com outra filha de 6 anos e seus av�s, n�o p�de sair de sua casa antes das 23h00.
"Tentamos sair antes, mas tinha muita pedra no meio do caminho e estava tudo inundado. A �gua estava na cintura e tivemos que esperar o n�vel baixar", contou a jovem.
"N�o tenho not�cias de v�rios vizinhos, uma senhora mais velha e seus tr�s filhos pequenos que moravam alguns metros mais acima ficaram soterrados pelo barro."
Nas instala��es da igreja, Yasmin s� conseguiu trocar as fraldas de sua filha com as doa��es que chegaram de madrugada.
Na pra�a do templo religioso, diversos volunt�rios descarregavam garrafas de �gua de uma caminhonete, enquanto outros separavam as roupas.
"Voc� pode me dar um t�nis?", preguntou um menino, desca�o, e com as roupas sujas de lama.
As v�timas agora ficar�o em compasso de espera para saber se algum dia poder�o retornar para suas casas, caso elas ainda estejam de p�.