
As lojas situadas na rua do Imperador, uma das principais do centro, foram duramente atingidas. Na Papelaria Obelisco, uma das mais tradicionais com 40 anos no mercado, a perda foi total, disse o gerente Diego Silveira.
“Essa �poca sempre chove bem, mas nesse dia a chuva n�o parou. Quando a gente viu, os carros j� estavam boiando e n�o deu tempo de botar todas as comportas. Nesse dia, a �gua passou do nosso peito. Perdemos tudo o que tinha na loja. O preju�zo � perto de R$ 1 milh�o. N�s est�vamos no per�odo escolar, ent�o est�vamos tendo uma boa venda. N�o tem o que fazer”, afirmou Diego. A situa��o da papelaria s� n�o � pior porque ela pertence a uma grande rede estadual, que deve absorver o preju�zo em sua estrutura.
Outros comerciantes n�o t�m essa facilidade, pois eles t�m lojas familiares, passadas de pai para filhos, e amargaram por conta pr�pria o preju�zo. Um exemplo � a loja de instrumentos musicais Casa Seabra, fundada em 1969 e tocada pela pr�pria fam�lia. Segundo a gerente Ariadne Marques dos Santos, filha do fundador, a �gua subiu t�o depressa que n�o foi poss�vel retirar boa parte dos instrumentos musicais, que tiveram perda total.
“Est� sendo bem dif�cil. Porque a gente n�o imaginava que ia acontecer uma coisa dessa. Foi inesperado. J� houve outras enchentes, mas n�o perdemos nada, pois coloc�vamos os instrumentos acima de um metro de altura. S� que esta chuva foi at�pica, subiu mais de um metro e meio [a �gua]. Perdemos muitos instrumentos, acess�rios e balc�es. Tudo vai ter que ser trocado, at� as paredes. Vamos reabrir depois do carnaval, mas n�o sei quando. O preju�zo foi em torno de R$ 150 mil”, contou Ariadne.
Enquanto os comerciantes da regi�o central contavam as perdas materiais, outros lamentavam a perda dos clientes mortos nos deslizamentos, conforme lembrou Jaime dos Santos, que tem um pequeno boteco, na subida do Morro da Oficina, onde morreu a maior parte das pessoas na trag�dia.

“Nunca pensei que isso pudesse acontecer. Tinha muita gente conhecida, que n�o vir� mais vir aqui no meu bar. Infelizmente. Eles morreram. V�o ficar na mem�ria”, desabafou Jaime, cujo bar ficou cinco dias fechado, pois n�o havia fornecimento de �gua. O estabelecimento n�o foi afetado, mas poucos metros � frente, do outro lado da rua, praticamente tudo desabou.
Confec��es
Petr�polis � famosa pela quantidade de lojas de roupas e empresas de confec��es, o que leva centenas de pessoas a subir a serra diariamente, principalmente nos fins de semana, em busca de boas ofertas.
Para esses empres�rios, a esperan�a � ter o trabalho normalizado no meio do ano. Addison Meneses, que tamb�m � presidente do Sindicato das Ind�strias de Confec��es de Petr�polis, tem uma empresa considerada de pequeno/m�dio porte. Antes da pandemia, a produ��o girava em torno de cinco mil pe�as por m�s.
“Acho que n�o vai demorar muito para a nossa engrenagem voltar a funcionar. Para o inverno agora, a gente j� vai estar trabalhando de novo. � uma temporada important�ssima. Acho que daqui a dois, tr�s meses, as pessoas j� est�o com as lojas em condi��es de receber (clientes). O primeiro impacto � realmente muito ruim, mas as pessoas v�o se reinventar”, disse Addison.
Um dos motivos pelos quais ele acredita na recupera��o � que o setor hoje � mais pulverizado. No lugar das grandes empresas que marcaram a cidade como o maior polo industrial da Am�rica do Sul nos anos 50 e 60, hoje atuam companhias menores, com poucos funcion�rios, mas h� tamb�m a m�o de obra de costureiras que fazem os seus servi�os em casa.
A empresa de Addison, instalada em Petr�polis h� 37 anos, tem cinco empregadas contratadas e o restante das pe�as fica por conta dos grupos de costureiras espalhados pela cidade, em geral com no m�ximo de tr�s em cada localidade. O problema agora � que muitas moram em �reas bastante atingidas pela chuva como � a regi�o da 24 de maio.
“Vai abalar o setor, o empres�rio, mas a gente vai se reinventar rapidinho por estar pulverizado. Muita gente tamb�m vende para fora da cidade. O que a gente vai ter que reconstruir � a Rua Teresa, que hoje est� parada”, explicou.

Embora confiante no retorno da atividade, Addison destacou que, para recuperar a produ��o, os empres�rios precisam da ajuda do poder p�blico com a libera��o de cr�ditos. Ele espera poder reabrir a empresa na pr�xima semana.
“A gente tem que fazer com que o governo olhe de uma forma especial para o empres�rio da regi�o, dando recursos ao custo vi�vel e com tempo para pagar as presta��es e as pessoas terem um f�lego para reconstruir. Teve gente que perdeu estoque, teve quem perdeu m�quina. Como � uma coisa muito pulverizada, o empres�rio est� sem dinheiro, mas ele vai dar um jeito se o governo ajudar. At� mesmo por causa da pandemia, os empres�rios j� est�o h� um tempo com a situa��o complicada”, completou.