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Estado de Minas VIOL�NCIA EM SERGIPE

Caso Genivaldo: como asfixia e uso de g�s podem causar mortes

Genivaldo de Jesus Santos morreu por asfixia durante abordagem em blitz por policiais rodovi�rios federais em Sergipe. De acordo com m�dico ouvido pela BBC News Brasil, cinco minutos sem oxig�nio s�o suficientes para causar danos irrevers�veis.


26/05/2022 16:30 - atualizado 27/05/2022 08:33


Ação da PRF
A��o policial que levou � morte de homem em Sergipe foi filmada e divulgada online (foto: Reprodu��o)

Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, morreu por asfixia durante uma abordagem realizada por policiais rodovi�rios federais no munic�pio de Umba�ba, litoral sul de Sergipe. O homem foi abordado na tarde da �ltima quarta-feira (26/5), em uma blitz na rodovia BR-101, enquanto pilotava uma motocicleta.

Nos v�deos que circulam nas redes sociais, a pessoa que filmava avisa os policiais que o homem sofria de transtornos mentais — ao portal G1, sua esposa, Maria Fabiana, afirmou que ele tinha esquizofrenia.

As imagens mostram que Genivaldo preso no porta-malas da viatura da PRF. Por frestas da porta traseira, � poss�vel ver fuma�a escapando e as pernas do homem balan�ando enquanto ele grita no interior do ve�culo. Em outro momento, agentes inserem mais bombas de g�s lacrimog�neo e usam spray de pimenta.

O laudo preliminar do IML (Instituto M�dico Legal) descreve sinais de asfixia. "Foi identificado de forma preliminar que a v�tima teve como causa mortis insufici�ncia aguda secund�ria a asfixia. A asfixia mec�nica � quando ocorre alguma obstru��o ao fluxo de ar entre o meio externo e os pulm�es", diz o instituto, em comunicado, sem detalhes sobre o que causou a insufici�ncia respirat�ria.

A asfixia, explica Gustavo Prado, pneumologista da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), � um fen�meno ou o resultado de um processo ativo que consiste na dificuldade ou impossibilidade de respirar e mata por an�xia, a falta de oxig�nio.

De acordo com o m�dico, ouvido pela BBC News Brasil, cinco minutos sem oxig�nio s�o suficientes para causar danos irrevers�veis.

"Essa impossibilidade de respirar pode ser causada por fatores como constri��o de garganta por estrangulamento, obstru��o de vias �reas por algum corpo estranho, afogamento e conten��o da pessoa em um pequeno espa�o fechado sem renova��o de ar. Outra causa s�o fen�menos que predisp�em a um incha�o das paredes internas das vias �reas, como queimaduras ou inala��o de gases ou aeross�is aquecidos ou irritantes, por machucar diretamente a mucosa."

Al�m disso, a asfixia pode acontecer tamb�m por priva��o do oxig�nio em determinado espa�o, que pode ser causada pelo uso de g�s lacrimog�neo.

"Como nesse epis�dio inomin�vel, a asfixia pode ter sido causada por preenchimento de todo aquele pequeno espa�o do ve�culo em que a v�tima foi contida pelo aerossol irritante do "spray de pimenta".

"Nessa situa��o, muito provavelmente concorreram a escassez de oxig�nio pelo preenchimento do espa�o pela mistura do spray e a irrita��o das vias a�reas, levando ao edema (incha�o) e obstru��o ao fluxo de ar. N�o h� outro fim poss�vel numa a��o como essa, do ponto de vista t�cnico, que n�o a asfixia."

'Usar g�s � apostar em armas qu�micas'


Vias aéreas do corpo humano
'A priva��o do oxig�nio a partir de cinco minutos j� causa danos irrevers�veis no c�rebro e outros �rg�os', diz pneumologista (foto: Getty Images)

De acordo com o pneumologista, as c�lulas que sofrem mais precocemente pela escassez de oxig�nio s�o exatamente aquelas mais �vidas por ele, como as do sistema nervoso central, e a pessoa tende a perder os sentidos.

Depois, a falta de ar compromete outras partes do corpo. "A redu��o de oxig�nio combinada com a quantidade excessiva de outro g�s causa a falta de oxig�nio no sangue usado parar irrigar o c�rebro e tamb�m o cora��o, para irrigar o c�rebro. O homem pode ter sofrido infarto, arritmia e uma parada card�aca decorrente da insufici�ncia respirat�ria", avalia Ubiratan de Paula Santos, m�dico da divis�o de pneumologia do Instituto do Cora��o do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de S�o Paulo).

Se a pessoa ou o agente causador da asfixia for removido do local, em alguns minutos, ainda � poss�vel que haja recupera��o. "Mas esse tempo � curto. Sabemos que a priva��o do oxig�nio a partir de cinco minutos j� causa danos irrevers�veis no c�rebro e outros �rg�os e sistemas tendem a acompanhar", diz Prado.

"Essa hist�ria da pol�cia em v�rios pa�ses, inclusive no Brasil, usar armas qu�micas, precisa ser proibida o quanto antes, seja bomba de efeito moral, bomba de g�s lacrimog�neo, tudo que emite subst�ncia que a pessoa inala, pessoas podem morrer por conta disso", afirma Ubiratan de Paula Santos.

De acordo com o m�dico, 5-10% da popula��o brasileira tem asma, e 10% sofre com doen�a pulmonar obstrutiva cr�nica, e pessoas com mais de 60 anos est�o mais suscet�veis � doen�a coronariana e outros problemas cardiovasculares — grupos de pessoas naturalmente mais sens�veis a qualquer tipo de g�s nocivo.

"Imagine que de repente, essas pessoas est�o em um ambiente onde jogaram bombas que soltam gases, produtos qu�micos. Naquele ambiente, a concentra��o de oxig�nio, que antes era de 21% [o normal do nosso ar], cai para 10% ou menos. Essa concentra��o menor � insuficiente, e inclusive pode ser at� para indiv�duos sem comorbidades", completa.

Por meio de uma nota divulgada � imprensa, a PRF informou que instaurou um procedimento para apurar a conduta dos agentes envolvidos na abordagem.

"Ele foi conduzido � Delegacia de Pol�cia Civil. No entanto, durante o deslocamento, passou mal, foi socorrido e levado para o Hospital Jos� Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o �bito", diz a nota.

Segundo o �rg�o a v�tima "resistiu ativamente � abordagem" e na tentativa de cont�-lo, foram "empregadas t�cnicas de imobiliza��o e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua conten��o".

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