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Por volta das 15h30 de segunda-feira (23/05), o advogado Felipe Pires recebeu mensagens em seu WhatsApp que terminariam em uma dura not�cia. "Oi, Pires. Por favor entre em contato urgente".
O recado foi enviado por Diego Strutz, que est� nos Estados Unidos. Ele tentou ligar algumas vezes para Pires, minutos ap�s enviar as primeiras mensagens, mas as chamadas n�o foram atendidas.
Pouco depois, quando viu o celular, Pires entrou em contato com Diego. "Acho que meu n�mero estava como contato de emerg�ncia no telefone do Jesse", explica Pires � BBC News Brasil.
Na liga��o, o advogado foi informado sobre a morte do seu melhor amigo, o influenciador Jesse Koz, de 29 anos, e do golden retriever Shurastey.
O advogado e Jesse se conheciam desde 2012, quando dividiram o aluguel em uma quitinete em Balne�rio Cambori� (SC). "Tivemos um canal no Youtube e t�nhamos uma �tima rela��o de amizade", relata Pires.
Ele acompanhou toda a saga de Jesse desde que o influenciador come�ou a viajar pelo mundo em um fusca 1978, com placas de Balne�rio Cambori�, junto com o cachorro. No in�cio, achava que o amigo havia enlouquecido, mas o apoiou. "Criamos planos para a viagem e como sobreviver nela", diz Pires.
Quando soube da morte do amigo, Pires contou para uma tia de Jesse. "Como fui a primeira pessoa a receber a not�cia no Brasil, tive a dif�cil miss�o de repassar para a fam�lia dele. Liguei para a tia dele, que mora aqui em Balne�rio Cambori�, ela me recebeu em casa e eu contei", diz o advogado.
Mas depois, ele precisou ficar em sil�ncio sobre o caso. "Tive outra miss�o mais dif�cil ainda: n�o contar pra ningu�m", relata. Isso porque a tia do influenciador queria contar pessoalmente para a m�e de Jesse, que mora em Curitiba (PR), para que ela n�o descobrisse sobre a morte do filho pela internet.
O temor era que Pires contasse a algum amigo pr�ximo que, em meio � emo��o, relatasse a outra pessoa e aos poucos a not�cia se espalhasse rapidamente, principalmente porque Jesse era uma figura conhecida nas redes sociais.
'Uma perda com dor infinita'
A morte do melhor amigo e de Shurastey � definida por Pires como "uma perda de dores infinitas" que n�o consegue descrever.
O �ltimo contato deles ocorreu por meio de mensagens na sexta-feira (20/05), quando Pires parabenizou o amigo por ter dado uma entrevista ao podcast do apresentador Rafinha Bastos.
"Ele (Rafinha Bastos) falando que voc� tem que fazer palestra. Ora, ora, parece que eu falei isso h� tempos, n� (risos)", escreveu Pires ao amigo.
Jesse estava nos Estados Unidos viajando no fusca junto com o companheiro Shurastey. Essa saga pelo mundo come�ou em 2017 e foram ao todo, segundo o influenciador informava, 17 pa�ses e mais de 85 mil quil�metros rodados.
O projeto de viagens se chamava "Shurastey or Shuraigow?", uma s�tira baseada em memes que fazem uma "vers�o de ingl�s abrasileirado" da m�sica Should I stay or should I go ("Devo ficar ou devo ir?"), da banda The Clash.
"O Jesse e o Shurastey eram insepar�veis. Antes da viagem, o Jesse j� tinha o Shurastey. Quando ele decidiu viajar nunca passou pela cabe�a dele abandonar. O Shurastey sempre esteve e agora sempre estar� presente na vida do Jesse", diz Pires.
Nos EUA, Jesse e Shurastey seguiam para o Alasca. Na �ltima publica��o no Instagram, ele comemorou que estava perto de chegar ao destino daquela viagem.
Eles estavam pr�ximos � cidade de Portland, nos EUA, quando o fusca colidiu com um outro ve�culo e ficou destru�do. Jesse e Shurastey morreram no local.
De acordo com o G1, o casal Roana Petri Celeste e Diego Strutz - que contou a not�cia a Pires - estava em um outro ve�culo e acompanhava Jesse no trecho final da jornada. Roana disse, segundo o portal de not�cias, que o influenciador n�o conseguiu frear a tempo quando um carro parou na rodovia para fazer uma convers�o � esquerda. "Perdeu o controle do fusca e bateu de frente com o carro que vinha no outro lado", descreveu ela.
'N�o podia contar pra ningu�m'
A morte de Jesse foi divulgada somente na ter�a-feira (24/05). "'A tia dele esperou (algumas horas) para seguir at� Curitiba, onde chegou �s 10h e contou para a m�e do Jesse", diz o advogado.
"Fiquei 18 ou 19 horas com o choro preso, porque n�o podia contar pra ningu�m", conta Pires.
Por volta das 11h de ter�a, a tia de Jesse confirmou que a m�e do influenciador j� havia recebido a not�cia e permitiu que Pires informasse aos outros amigos.
"Contei para um outro amigo dele, depois para outro e de repente viralizou", detalha Pires.
Logo a not�cia passou a ser compartilhada intensamente nas redes sociais e em ve�culos de comunica��o. A morte de Jesse e Shurastey causou como��o entre seus seguidores e at� mesmo entre pessoas que n�o o conheciam at� ent�o.
Nas redes, eles receberam in�meras homenagens. O perfil do projeto "Shurastey or Shuraigow?" ganhou milhares de novos admiradores e bateu a marca de um milh�o de seguidores.
"Havia muitas pessoas que de fato acompanhavam a p�gina e a como��o e o choro coletivo foi como perder algu�m pr�ximo. A imagem que Jesse passava no Instagram era muito verdadeira. N�o era um personagem, ent�o isso trazia uma sensa��o de aproxima��o, de intimidade que as pessoas. Por mais que n�o o vissem pessoalmente, o sentiam como amigo, como irm�o", comenta Pires.
Para Pires, n�o havia d�vidas de que a not�cia causaria uma forte como��o. "O Jesse era uma pessoa muito f�cil, muito aberta", comenta.
Nas redes, a fam�lia de Jesse criou uma vaquinha para arrecadar R$ 120 mil para trazer os corpos do influenciador e de Shurastey para o Brasil. O valor foi atingido em poucas horas.
Antes de retornar ao pa�s, o golden retriever ser� cremado. Depois, ser� enviado ao Brasil junto com o corpo de Jesse. Isso deve ocorrer nos pr�ximos dias, mas ainda n�o h� uma data definida.
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